domingo, 29 de março de 2020

Haja calma e descontração, que isto há-de mudar um dia!



Pode ser repetitivo, mas repetitivos e iguais, sem novidades, continuam também a ser os dias da nossa quarentena, que Marcelo certamente prolongará esta semana por mais 15 dias. À falta de melhor, continuo a mostrar-vos como vazia está a "nossa casa" e as avenidas...

Miguel Alvarenga - Qualquer dia endoideço... ainda mais! Eu e todos nós. Será então uma loucura colectiva. Àparte esta voltinha matinal, que não dura mais que dez ou quinze minutos, a minha, as nossas vidas, resume-se à nossa casa.
Aqui pelas bandas do Campo Pequeno, a "nossa casa", continuam os tempos de solidão. Avenida deserta, hoje menos gente na rua. Coitado do Álvaro Covões, comprou isto na pior das alturas. Nem concertos, nem touradas e qualquer dia a praça transformada em hospital. Já o devia ter sido, aliás, não sei por que esperam, com as condições que tem.
Lamentável, ontem, a romaria doida de carros pela ponte a caminho do Algarve, como se estas férias da Páscoa fossem normalíssimas, iguais às outras, como se perigo nenhum houvesse. Falta de civismo, que povo tão estúpido. Bem dizia o Rei D. Carlos que "esta canalha é ingovernável". Só mesmo à porrada.
A imprensa diz sempre a mesma coisa. Não há notícias a não ser o covid, mais o covid e outra vez o covid. Una dizem que não se deve andar de máscara porque é uma forma de nos infectarmos mais depressa, outros dizem que não usar máscara é o maior erro, sei lá, o melhor é sair um dia mascarado e o outro não mascarado e logo se vê...
Preocupam-me os meus muitos amigos espanhóis, quero rapidamente voltar a Madrid, às cañas e não posso. Tenho falado com alguns, ainda ontem com o Paco Ramírez, com o Julian Alonso, com o nosso Ricardo Relvas. Todos bem, graças a Deus, mas todos apreensivos e preocupados, como é natural.
Não queria, mas vou fumando um ou outro cigarrito, cerveja ainda há e valha-nos isso. Tenho saudades loucas do meu neto, falamos todos os dias, ele está quase a começar a falar, pelo WhatsApp e assim vamo-nos vendo um ao outro e ele ri imenso e diz muito adeus quando vê o avô.
Na internet (Facebook), o Carlos Alberto Moniz e o Mico da Câmara Pereira (e outros, certamente) continuam a animar-nos diariamente com as suas cantigas e isso é óptimo. Obrigado!
Apetecia-me um cozido à portuguesa do "Solar dos Nunes", uma mariscada no "Ramiro", uma cerveja no "Galeto" e outra no "Gambrinus", sei lá, tanta coisa... Mas havemos de voltar a tudo isso, mal de nós se ficássemos assim o resto da vida, credo, cruzes, canhoto!
E às touradas havemos de voltar também ainda este ano. Não vai ser fácil reorganizar tudo de novo, não sei se as pessoas depois terão dinheiro para ir aos toiros, se os empresários terão capacidade para fazer frente a este crise económica que os está a deixar de rastos, e os ganadeiros e os toureiros e todos, mas de alguma forma haveremos de conseguir levantar de novo a cabeça, Vamos ter que ser um por todos e todos por um, sem as guerrinhas parvas e desnecessárias que tantas vezes nos têm dividido.
Enfim, aqui estamos. E aqui continuamos. Venha vinho (que eu odeio!, mas já estou por tudo), haja calma e descontração, como diz sempre um querido amigo meu. Isto há-de mudar um dia.
Fiquem bem.

Fotos M. Alvarenga