Num sentido texto publicado agora no Facebook, o ganadeiro Joaquim Grave evoca a figura do companheiro espanhol Borja Domecq, proprietário da ganadaria Jandilla, que hoje morreu em Espanha vítima do coronavirus
A dimensão do ser humano capta-se pelas atitudes que toma perante circunstâncias que a vida lhe oferece. Entre todas, as que mais prezo são a honestidade e a amizade despida de interesses seja qual for a posição do amigo.
Hoje morreu um homem que viveu e sentiu o toiro bravo como poucos. Terei sempre na memória a maneira como tratou comigo quando negociámos dois sementais que lhe adquiri. É mais fácil negociar a prata que o ouro. Deste último, não se abre mão facilmente.
O Borja Domecq abriu-me as portas da sua casa e mostrou-me as suas jóias. Esses bravos toiros que ostentam a estrela de Jandilla. E quando eu quis o ouro, o Borja abriu o livro da ganadaria e abriu também o coração e disse-me que, pela amizade, podíamos negociar o verdadeiro ouro que foram dois toiros que rumaram a Galeana e que enriqueceram, arrisco mesmo a dizer que mudaram Murteira Grave. O mundo dos toiros perdeu um Grande Senhor. Jamais te esquecerei Borja. Muito obrigado e até um dia.
Galeana, 23 de Março de 2020
Joaquim Grave
Fotos D.R, e Emílio de Jesus/Arquivo