terça-feira, 24 de março de 2020

A volta do costume: "nem sei mesmo se Lisboa não partiu p'ra parte incerta..."

"Anda gente na rua a pensar"...
Centro Comercial sem pessoas a descer e a subir...
Havemos de voltar à Paella e às canhas do "Volapié", aos petiscos e às
tulipas do "Rubro". Um dia...
Agora, nem cinemas...
Saudades de um Rodízio de Marisco na "Baía do Peixe"...
A Porta dos Artistas, que um dia se há-de abrir de novo. E uma bola que um
pontapé certeiro ali meteu na "baliza"...
Uma Lisboa sem vida...
Motociclistas desses que levam comida a casa
As árvores continuam de pé
Pastelaria "Arena", outro ponto de encontro habitual dos aficionados. Fechada.
Em baixo, a imprensa do dia


Aqui pela zona do Campo Pequeno, no perímetro onde ainda arrisco a volta matinal do costume para comprar jornais e ver como está a cidade, ainda há pessoas na rua. Mas, como diz a canção, "nem sei mesmo se Lisboa não partiu p'ra parte incerta". Ficam as imagens - de saudade - da "nossa casa"...

Miguel Alvarenga - Com todas as cautelas, cá continuo a dar a volta matinal no pequeno perímetro em redor da "nossa casa", a bonita e emblemática praça de toiros do Campo Pequeno. Compro os jornais na tabacaria do Centro Comercial, hoje fui ver se me tinha saído alguma coisa na lotaria de ontem - e nada. E tiro umas fotos. Assim sempre vos distraio e vos mostro como estão as coisas aqui pela praça de que agora todos estão distantes.
É, por outro lado, uma forma de não endoidecer mais ainda, fechado em casa. Alguns sites abrandaram, o meu amigo António Lúcio suspendeu mesmo o dele, mas o "Farpas" continua. Sempre é uma forma de estar aqui "acompanhado" com vocês todos, pese embora o facto de neste momento estar apenas e só a cumprir a missão jornalística de (vos) informar... sem ganhar um tostão. O país parou, as touradas pararam e a situação complica-se, mas a vida tem que continuar. E eu continuo. Há-de ser o que Deus quiser...
Ontem a Solange Pinto pediu-me um depoimento para o seu site touroeouro.com sobre a necessidade e urgência de todos ficarmos em casa. Muita merda nos divide, muitas guerras (estúpidas) se alimentaram (para nada), mas o momento é de união e de solidariedade - estamos todos, afinal, no mesmo barco. Claro que escrevi o depoimento. E lhe agradeci o gesto. Se calhar, demos os dois (os três, não nos esqueçamos do João Dinis) um exemplo a muitos. Juntos, com os esforços unidos, haveremos de vencer este inimigo invisível.
Vêem-se algumas pessoas na rua, sobretudo os motociclistas destas empresas que levam comida a casa, uma ou outro solitário a ver o telemóvel, gente de máscara, pessoas que vão às compras aqui ao "Pingo Doce" do Centro. Carros passam alguns e autocarros também, mas a avenida parece mais a de uma cidade fantasma e adiada. Como cantava o Luis Represas, "nem sei mesmo se Lisboa não partiu p'ra parte incerta"...
Olho o "Volapié", o "Rubro", a "Carnalentejana" e vem-me a nostalgia, mas agora é mesmo assim, dos copos, das noitadas a seguir às corridas, dos fantásticos jantares das quintas-feiras, e agora tudo fechado, portas trancadas, cadeiras e mesas dessarumadas. Passo pela "Baía do Peixe" e recordo as mariscadas com tão bons amigos. As pastelarias "Londres" e "Arena" também encerradas, bicas nada...
Continuemos. O mais em casa possível. Um dia haveremos todos de nos encontrar outra vez numa praça de toiros qualquer.
Fiquem bem.

Fotos M. Alvarenga