"O sonho comanda a vida e sempre que um homem sonha o mundo pula e avança" - António Gedeão (Pedra Filosofal)
O mundo pulou e avançou para João Diogo Fera, que no passado domingo cumpriu o sonho e se tornou matador de toiros, o 43º da nossa História, tomando a alternativa na praça espanhola de El Espinar, às portas de Madrid, sagrando-se ainda para mais triunfador daquela que era a sua tarde: cortou duas orelhas, uma ao primeiro toiro de Guadajira, outra ao segundo, de Paulo Caetano, saindo em ombros. Aqui ficam algumas fotos daquele que foi o primeiro dia do resto da vida de João Diogo Fera.
A aficion espanhola delirou com o toureio diferente e de arte do novo matador português.
Miguel Ortega Cláudio assistiu em El Espinar ao cumprimento do sonho do jovem João Diogo Fera, que fora promissor novilheiro, a última grande aposta do célebre e saudoso taurino e apoderado Fernando Camacho, depois passara a bandarilheiro e agora regressou em força com a vontade férrea de entrar na História e se tornar matador de toiros. Escreveu Ortega Cláudio no site "Tauronews", sobre a faena da alternativa:
"João Diogo Fera recebeu o bonito castanho, de nome 'Postinero', marcado a fogo com o nº21, de Guadajira, com 'un ramillete de lances a la verónica, garbosos y sentidos'. Toiro bravo no cavalo, nobre e com muita classe na muleta. Em bandarilhas Nuno Silva e João Belmonte com o capote deixaram o pavilhão dos homens de prata portugueses bem alto. Javier Herrero, padrinho de alternativa, concedeu-lhe o doutoramento e o testemunha foi Curro de la Casa. Na faena houve passes de muleta de belíssima composição, em que o toiro ia empapado na rubra flanela, em investidas suaves e lentas, em redondo guiados pela mão direita ou 'naturais' limpos, de largo traço pela esquerda. Pinturero remate de faena, estocada ao segundo intento e a primeira orelha da tarde concedida".
E sobre a última actuação de João Diogo Fera:
"Em sexto lugar saiu um castanho de Paulo Caetano, sério foi o seu comportamento durante toda a lide, foi três vezes ao cavalo de Simão Pedro que esteve brilhante a picar. Nas bandarilhas não foi pêra doce e caçava moscas quando via as 'frias', novamente Nuno Silva e João Belmonte estiveram de parabéns e tornaram fácil uma papeleta que se antevia difícil. Na muleta o toiro pediu ofício, ideias claras e cabeça a pensar rápido… E foi essa a receita administrada por João Diogo, que quando o teve na mão deu um par de tandas em redondo ligadas e de bonito traço. Também pela esquerda de um em um houve 'naturais' de altos quilates. Matou de uma estocada e o público pediu com força a orelha que o consagrou como triunfador da corrida".
O nosso novo matador deixou ambiente - e deixou a aficion espanhola a falar do seu nome. Há mais corridas agendadas para Espanha. Espera-se agora que ainda esta temporada faça a sua apresentação em Portugal como matador de toiros.
Fotos Verónica Domínguez/cultoro.es e Luis Rodelo