Pela sua importância, pelo facto de ser um autarca que sempre defendeu, sem complexos nem receios, as tradições portuguesas e a arte tauromáquica, aqui reproduzimos, com a devida vénia, o texto que Ricardo Gonçalves, presidente da Câmara de Santarém, deu à estampa na sua página da rede social Facebook - a propósito da decisão da DGS de não autorizar a corrida que esta tarde se deveria efectuar na Monumental "Celestino Graça", bem como a que estava agendada para o próximo sábado. Na foto de baixo, o autarca em 2015, na homenagem ao Grupo de Forcados Amadores de Santarém, na corrida do seu centenário, com o então cabo Diogo Sepúlveda, hoje um dos Oito Magníficos que formam a Associação Praça Maior
Sou aficionado!
Mesmo que não fosse Presidente da Câmara Municipal de Santarém, seria igualmente um assíduo das corridas, sobretudo na minha cidade.
Tenho de lamentar o adiamento das corridas de Junho, sobretudo pela forma como se desenrolou o processo, com regras diferentes para a Praça Celestino Graça que não são utilizadas noutras praças de toiros.
Torna-se difícil explicar às pessoas e sensibilizá-las para o cumprimento de regras de combate à Covid-19, quando essas regras mudam consoante o dia do mês, a geografia e a nacionalidade das pessoas. Existem umas regras ao domingo e outras à quinta; umas para Lisboa, outras para o Porto, outras para a Chamusca e para Alcochete e outras ainda para Santarém; umas para ingleses e outras para portugueses. São por demais evidentes as fragilidades atuais da abordagem à prevenção da Covid-19.
Não aceito diferentes pesos e diferentes medidas para situações similares. Empenhei-me pessoalmente para que as corridas se realizassem, em segurança, e em cumprimento de todas as normas. Tudo fiz para que dia 10 e dia 12 houvesse corridas de touros em Santarém, com metade da lotação da praça, e assim cumprir, à semelhança de outras corridas realizadas num passado recente, as regras de saúde pública.
Estes esforços tiveram, pelo menos, o efeito de revisão do parecer, para que as entidades de saúde recuassem e admitissem a lotação de 50% (em vez dos 3.500 espetadores por elas propostos), mas com apresentação de testes negativos, o que seria sempre extremamente difícil aos promotores de fazer cumprir.
Sabemos o quão importante são estes espetáculos para a nossa tradição cultural e para a defesa da nossa economia local. Este adiamento é no máximo um ‘Até já!’. Queremos que a Celestino Graça se volte a encher de vida e de cor tão rápido quanto o possível. E que se encha não pela metade, mas em tardes de lotação esgotada!
Ricardo Gonçalves
Presidente da Câmara Municipal de Santarém
Foto Emílio de Jesus/Arquivo