Miguel Alvarenga - Seis grandes pegas dos gloriosos Amadores de Santarém, capitaneados por João Grave (à esquerda, na foto de cima), ontem na Monumental "Celestino Graça", cumprindo com galhardia e tremendo valor (muito bem os forcados de cara, muito bem o grupo todo a ajudar) o ousado desafio de enfrentar sózinhos os seis toiros de Murteira Grave.
João Grave é um forcado de eleição e tem-se revelado nas últimas temporadas como brilhante cabo (honrando e engrandecendo o labor de todos os que o antecederam em mais de cem anos de história), passando inicialmente por uma fase de renovação e atingindo agora, outra vez, um momento de absoluta consagração do Grupo. Viu-se ontem o momento altíssimo que atravessa, de novo com grandes forcados de cara e com um grupo sólido, coeso e cheio de motivação, a ajudar muitíssimo bem.
Foi precisamente João Grave quem saltou à praça para pegar o primeiro toiro, brindando a António Telles. Cite bonito, coração de leão a templar a investida, muito querer e muita técnica a reunir, fechando-se para não mais sair. O toiro desviou a rota, fugiu ao grupo e João manteve-se na cara - que nem uma lapa - até os companheiros chegarem e ajudarem a que a pega fosse concretizada. Deu volta à arena com António Telles, que no final o empurrou para o centro da arena e se afastou, aplaudindo-o. Um gesto de um Senhor Toureiro. E toda a praça de pé a aplaudir a raça deste Grave!
Para a cara do segundo toiro foi o experiente Francisco Graciosa, um dos grandes pilares do momento dos Amadores de Santarém. Outra pega de luxo, até parecia que era fácil, aguentando um forte derrote para baixo sem pestanejar nem desarmar. O grupo a ajudar outra vez muito bem.
O terceiro toiro era reservado, manso, perigoso e matreiro. Mal sentia o forcado na cara, despejava-o com violência, rodando a cabeça ao "estilo ventoinha", sacudindo tudo e todos. Foi uma carga de trabalhos para o valente Francisco Paulos e para todo o grupo pegá-lo. Mas o forcado jamais virou a cara. Fez-se à luta com estoicismo, que nem um herói, foi seis vezes à cara do toiro, acabando por consumar a pega com as ajudas carregadas (nem havia outra forma de o fazer) depois de meia dúzia de tentativas. Felizmente nada sofreu - a não ser a honra ferida por ter lá ido tantas vezes, que depois o fez recusar dar a volta à arena, apesar de (muito bem) autorizada pelo director Manuel Gama. Não é por ser consumada à sexta que uma pega não tem valor. E a de Francisco Paulos teve um valor imenso.
Seguiram-se, na segunda parte da corrida, mais três grandes pegas, todas à primeira, por intermédio de José Fialho (um forcado de muita raça e técnica), de Salvador Ribeiro de Almeida (outro consagrado e também um dos melhores desta nova geração dos Amadores de Santarém) e de Francisco Cabaço, um jovem em ascensão, com cara de menino e alma de forcadão, a evoluir rumo à consagração de tarde em tarde.
Em suma, uma tarde para recordar dos Amadores de Santarém!
Fique agora com as sequências das seis grandes pegas.
Fotos M. Alvarenga
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A pega monumental do cabo João Grave (brindada a António Telles) ao primeiro toiro da tarde ontem em Santarém |
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Francisco Graciosa na segunda grande pega da corrida (até parece que foi tudo fácil!), brindada a Eduardo Oliveira e Sousa, presidente da CAP |
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Heróico: Francisco Paulos pegou à sexta tentativa um toiro daqueles que nenhum forcado deseja ter pela frente... |
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José Fialho na quarta pega da tarde. Outro monumento à tão nobre e portuguesa arte de pegar toiros! |
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Grande pega de Salvador Ribeiro de Almeida ao quinto toiro, brindada à Associação "Sector 9". Depois de concretizada, um dos forcados ficou de cabeça para baixo... e não foi fácil endireitá-lo |
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Cara de menino, coração de forcadão: Francisco Cabaço fechou a encerrona com uma grande pega à primeira |