Nuno Casquinha toureou em 2018 em 32 festejos. Considera que foi positiva e importante a sua presença em arenas portuguesas e que tourear no Peru é uma mais valia "para não estar parado". Quer consolidar a sua posição em Portugal na próxima época e sonha "entrar em Espanha e França"
Para o jovem matador de toiros vilafranquense Nuno Casquinha, a presença em cinco corridas e um festival (Serpa) nesta temporada em Portugal "foi importante e penso que o público me começou a olhar de outra forma". Participou em corridas nas praças de Vila Franca de Xira (duas), Campo Pequeno, Moita e Santarém e totalizou 32 espectáculos, um em Espanha e 25 no Peru, onde lidera o escalafón e goza de grande ambiente.
"Tem sido importante fazer temporada no Peru. Pelo menos, tenho dado a cara e honrado o nome de Portugal. É óbvio que não tem a mesma importância que Espanha ou França, ou Portugal, mas tem-me dado traquejo e pelo menos não estou parado. É desmotivante tourear só uma ou duas corridas numa temporada e estar o resto do tempo sem vestir o traje de luces. O Peru, ao menos, tem-me motivado e permite-me não estar parado", afirma.
E recorda:
"Acredito que um dia a minha hora há-de chegar. Recordo o caso do matador espanhol Octávio Chacón. Esteve, como eu, seis ou sete anos a tourear no Peru e este ano finalmente 'explodiu' em Espanha e é mesmo considerado o toureiro revelação do ano. O Emílio de Justo é outro caso. Andou vários anos a marcar passo e de repente saíu em ombros de Madrid. A minha hora também vai chegar, acredito!".
E sobre o estado do toureio a pé em Portugal, diz, sem papas na língua:
"Penso sinceramente que as corridas mistas são do agrado do público. Portugal tem neste momento um trio de jovens matadores, eu, o Manuel Dias Gomes e o António João Ferreira e acho que as empresas deviam apostar mais no toureio a pé. Considero inadmissível que o António João tenha toureado apenas duas corridas este ano e que o Manuel tenha estado quase parado. E, lamentavelmente, há críticos que passam a vida a escrever que é preciso ressuscitar o toureio a pé e, depois, pouco ou nada nos apoiam ou incentivam...".
E sobre as perspectivas para a próxima temporada:
"Gostava de continuar a tourear mais em Portugal para poder consolidar a minha posição. Já há alguns contactos feitos, tenho esperança de voltar a integrar cartéis importantes no meu país. Não sei ainda se voltarei ao Peru, é natural que sim, mas no próximo ano gostava de finalmente entrar em Espanha e em França. Sei que não é fácil e que o Maestro Vitor Mendes foi o último a ter importância nesses países. Mas quero tentar. Sou um toureiro de luta, bandarilho, penso que tinha cabimento, pelo menos, em corridas com as ganadarias duras. Este ano estive para ir confirmar a alternativa em Madrid com a corrida de Palha, que depois acabou por não se lidar, mas as coisas não se chegaram a concretizar... Foi pena".
E, a terminar:
"Continuo a viver esta profissão com a maior das ilusões. Gostava no próximo ano de tourear no Festival de Mourão, onde já actuei há uns anos, gostava de estar na corrida mista de Abiul com a corrida de Murteira Grave, onde nunca toureei e onde existe uma grande aficion ao toureio a pé. E, claro, gostava de voltar a Lisboa, à Moita, a Vila Franca e a outras praças".
Fotos Miguel Calçada e Sousa, Nuno Almeida e D.R.