segunda-feira, 2 de março de 2020

Beja: muitas polémicas para um festival só...

A imagem do cartaz tem um toiro e uma pintura da neta do empresário
Ferreira Paulo, criança vítima de cancro. Comissão de Protecção de Crianças
recebeu uma queixa pela utilização da imagem da menor
João Moura ainda não confirmou se no dia 14 vai actuar em Beja, mas é muito
provável que não vá por causa da ainda quente polémica dos galgos. Ferreira
Paulo, o empresário (na foto de baixo, ontem na apresentação das corridas da
temporada em Coruche) debate-se agora com queixa na Comissão de Protecção
de Crianças e Jovens pela utilização de uma pintura da sua neta no cartaz do
festejo tauromáquico

São problemas a mais para um festival só. O empresário Ferreira Paulo quis ajudar a Associação Acreditar e esta demarcou-se do evento. "Vou na mesma depositar os lucros do festival na conta da associação, se não o quiserem, que mo devolvam e dou a outra instituição", afirma. Como se isso não bastasse, corre agora o risco de João Moura, cabeça de cartaz, sair do festival por toda a polémica dos galgos. E não contente com isso está ainda a braços com uma queixa na Comissão de Protecção de Crianças por causa da imagem do cartaz que anuncia o festival de dia 14 em Beja...

Na semana passada foi apresentada pela ANIETIC- Associação Portuguesa para a Ética Animal uma queixa na CPCJ de Beja (Comissão de Protecção de Crianças e Jovens) a pedir "que sejam penalizados os culpados que se aproveitam de crianças com o cartaz do Festival de Beja" de 14 de Março.
A queixa visava directamente a imagem do cartaz desse festival (em cima) onde surge uma pintura da neta do empresário José Manuel Ferreira Paulo, promotor do festejo, criança vítima de cancro e que o motivou presisamente a levar por diante este espectáculo tauromáquico com que pretendia, pelo "extraordinário apoio que nos deram em Coimbra", ajudar financeiramente a Associação Acreditar, instituição que há muitos anos se dedica a apoiar crianças com cancro e a favor da qual em 1986 já se realizou uma corrida de toiros no Campo Pequeno em que o cavaleiro João Moura lidou seis toiros e entregou à associação 12 mil contos (60 mil euros).
Depois dessa queixa, "imperou o bom senso e parecia encerrado o caso. Eis que a Comissão Nacional da CPCJ questionou o andamento do processo. Está tudo maluco neste pais e os rapazes tem influência em todos os lados. Chegaram a ameaçar retirar a minha neta aos pais...", afirma o empresário.
E acrescenta:
"Questionam a exposição de uma criança em frente a um toiro... que no caso em apreço simboliza bem a finalidade do evento: a Tauromaquia a ajudar crianças com cancro da Acreditar e os utentes do Centro de Paralisia Cerebral de Beja".
"Define a legislação portuguesa no DR -89/2016de 11/6 que "um festival tauromáquico é um  espectáculo que se destina comprovadamente para fins de beneficência. O cartaz simboliza tudo isto. Temos toureiros, ganadarias e o fim é única e exclusivamente de beneficência. O toiro como elemento principal da nossa Festa simboliza-a e a criança simboliza os fins a que se destina", esclarece Ferreira Paulo.
E diz mais:
"Promovemos um espectáculo legal. Fala-se em exposição da criança em frente a um toiro e em pontas... enlouqueceram de vez. Insinuam trabalho infantil. Qual trabalho? Deviam ir ao psiquiatra. Cada um é livre de tirar fotos com o gato, o piriquito ou seja lá com o que for. Por acaso até é uma pintura da minha neta, ela doente oncológica mas que em nada beneficia do lucro do espectáculo, mas sim quem não tem possibilidades".
E apela:
"Caríssimos Aficionados, temos que deixar de ser a mosca morta e permitir com o nosso silêncio que esta gentaça tome conta deste país. Temos que ser activos, pôr um travão nisto, querem-nos fazer buling cultural só porque não gostam. Não vamos deixar. A partir de hoje vamos ser activos nas redes sociais, ter voz, divulgar e colocar gostos e encher os email's dos que nos atacam com comentários em nossa defesa. Nas próximas eleições vamos castigar os políticos que olham para o lado, por falta de coragem e nos querem silenciar. Votemos em consciência, há partidos da esquerda até à direita que nos apoiam. Votemos de consciência sem estarmos amordaçados (que boa democracia...) como foi na recente votação do IVA. Amordaçaram as consciências dos deputados e fizeram à nossa conta negociatas para governar".
"Vamos em força a Beja no dia 14. Comprem bilhetes na Tiktline e quem não conseguir ir compre a fila 0. Somos gente diferente com princípios e solidários. Esta gentaça não vai acabar com a Nossa Festa", afirma a terminar.

Fotos D.R. e Maria Mil-Homens