Na noite da alternativa no Campo Pequeno, 2 de Setembro de 1954, com João Núncio, seu mestre |
Gastón Santos, o mais emblemático toureiro a cavalo do México e o primeiro que tomou a alternativa na praça do Campo Pequeno, das mãos do Califa João Núncio, seu mestre, cumpriu ontem, dia 12, 90 anos de vida.
Gastón Santos Pué nasceu em Tamuín, San Luis Potosi, a 12 de Julho de 1931. Filho de um reputado militar e político mexicano que foi deputado federal, senador e governador do seu Estado, o futuro cavaleiro tauromáquico fez os seus estudos numa academia militar nos Estados Unidos de América, de onde lhe veio a paixão pelos cavalos.
E é essa paixão que o traz no início da década de 60 a Portugal e à quinta de Mestre João Branco Núncio, que o acolhe de braços abertos e lhe dá os ensinamentos necessários para que se estreie nas arenas.
Em 2 de Setembro de 1954 recebe a alternativa na Catedral do Toureio a Cavalo, a praça lisboeta do Campo Pequeno, apadrinhado por seu mestre, João Núncio, numa corrida em que actuaram também os matadores de toiros Diamantino Viseu e Francisco Mendes e os Forcados Amadores de Santarém, sob o comando de Ricardo Rhodes Sérgio. É o primeiro mexicano a tomar a alternativa de cavaleiro tauromáquico e jamais deixará de actuar de casaca e tricórnio, honrando a Pátria que o acolheu.
A 6 de Março do ano seguinte apresenta-se na Monumental do México e em 1963 regressa à Europa e faz a sua apresentação em Sevilha e em Madrid. A 12 de Maio corta uma orelha na Real Maestranza e a 23 de Junho debuta em Las Ventas, Madrid, lidando toiros de Dolores Cervantes e repartindo cartel com os matadores "Antoñete", Joaquim Bernardó e Rafael Chacarte, que lidaram toiros da ganadaria portuguesa de Infante da Câmara. Toureou também esse anos noutras praças espanholas, como Santa Cruz de Tenerife, El Puerto de Santa Maria e Barcelona. Voltaria a praças de Espanha no ano de 1969.
Na década de 70, no seu México natal e junto ao cavaleiro português Pedro Louceiro, que aí se radicara anos antes, é o grande impulsionador do toureio a cavalo no seu país. Consegue que a Feira de San Marcos inclua pela primeira vez uma corrida de cavaleiros em 22 de Abril de 1974, na qual actua ao lado de Pedro Louceiro, Felipe Zambrano e Jorge Hernández Andrés.
Depois, em 1979, convence o empresário Alfonso Gaona a incluir nos festejos de aniversário da Monumental do México uma corrida de gala à antiga portuguesa, em que os cavaleiros entraram em praça em coches e os matadores a pé. O cartel é composto por Gastón Santos e Pedro Louceiro e pelos matadores Jesús Solórzano e o nosso Ricardo Chibanga, que confirma nessa tarde a sua alternativa na importante Plaza México.
A 27 de Maio de 1973 volta a tourear no Campo Pequeno na corrida comemorativa dos 50 anos de alternativa de Mestre João Núncio (cartaz em baixo) e já no início dos anos 80 toureia pela última vez entre nós em Alcácer do Sal numa corrida de homenagem à memória do seu mestre, que falecera em 1976.
Gastón Santos, que foi durante três décadas o toureiro a cavalo mais importante do México, é pai do actual cavaleiro tauromáquico do mesmo nome, que nos anos 90 confirmou a sua alternativa no Campo Pequeno e tio do também cavaleiro Rodrigo Santos, que igualmente actuou várias vezes no nosso país e também em Lisboa.
Fotos A. Martins/Arquivo, Botan, www.todocoleccion.net e D.R.
Apresentação na Monumental de Madrid em 1963 |
Toureando a pé na Monumental Plaza México, depois de ter lidado a cavalo |
A 27 de Maio de 1973 integrou no Campo Pequeno o cartel da corrida comemorativa dos 50 anos de alternativa do seu mestre, João Branco Núncio |