segunda-feira, 29 de outubro de 2018

Évora: fechou-se a temporada com chave do melhor ouro!

2018 marcou o regresso em força do grande Rui Salvador e dos seus eternos
"ferros impossíveis". Ontem em Évora reafimou o grande momento que viveu
ao longo da época e fechou com uma actuação notável e plena de verdade
e emoção
Incrível, sempre incrível, a forma como Luis Rouxinol se entrega e como lida,
em constante empatia com o público. Já não tem que provar nada a ninguém,
mas nunca se acomoda, dando a cara como se fosse a vez primeira. Fechou
mais uma brilhante temporada com chave de ouro - e do melhor quilate!
Dá sempre gosto ver tourear Gilberto Filipe. Ontem esmerou-se, esteve em
tarde super inspirada e a par da sua extraordinária equitação, esteve enorme
a lidar e a cravar
António Maria Brito Paes, que pouco toureou este ano, surpreendeu pela
positiva com uma lide desenvolta e de enorme brilhantismo. Cravou ferros
emotivos em terrenos de compromisso e desenvolveu uma lide de alto nível
Lide brilhante, também, a de David Gomes, a fechar com chave de ouro o ano
da sua alternativa. Um toureiro a ter em conta para a próxima temporada.
Galvanizou o público com os ferros emotivos que cravou com o cobiçado
cavalo "Campo Pequeno"!
Triunfo memorável de António Prates ontem em Évora. O triunfo da maturidade,
da confiança, da serenidade. Abriu de par em par as portas a um futuro brilhante.
Destaque para o cavalo "DNA" da Coudelaria Lima Duarte, um dos craques da
sua grande quadra. E venha a alternativa! Está mais que apto a dar esse passo


Não podia ter terminado da melhor forma a temporada de 2018. Seis grandes lides dos cavaleiros e o "menino" Prates a fechar o ano com chave de ouro e memorável triunfo. Forcados de Évora e de Alcochete no seu melhor e uma pega super emotiva de Manuel Pinto, do grupo visitante. Toiros de nota alta de Passanha Sobral, que só pecaram por falta de forças, mas deram excelente jogo. O público saíu satisfeito na tarde do adeus à época taurina. E para o ano há mais!

Miguel Alvarenga - O jovem cavaleiro praticante António Prates fechou ontem em Évora a porta da temporada taurina nacional com um triunfo memorável que deixa antever uma época de alternativa brilhante no próximo ano. Revelando grande maturidade, toureou com ousadia e emoção, lidando e cravando com elevado nível e galvanizando o público com uma actuação em crescendo e profundamente reveladora de uma futura figura em potência. Ele é, sem dúvida, entre os novos toureiros praticantes, a mais sólida certeza para o futuro - futuro risonho e que se adivinha brilhante, a que ele ontem abriu as portas de par em par.
A última corrida do ano em Évora, com meia casa forte (merecia e exigia-se mais público) em tarde de muito frio e, valha a verdade, já pouco convidativa para se ir aos toiros, apesar de a praça ser coberta e estar fechada, foi um espectáculo muito agradável e fechou da melhor forma a temporada.
Nas cortesias, foi guardado um minuto de silêncio em memória de dois jovens que tiveram uma vida curta, mas marcaram grande parte da sua existência pela paixão e grande entusiasmo pela tauromaquia: João Miguel Martins, de 15 anos, aluno da Escola de Toureio de Vila Franca, vítima de doença implacável e que não perdoa; e Cláudio Caçoete, de 20, recortador e ousado participante nas largadas das festas ribatejanas, vítima de atropelamento no Pinhal Novo.
Prates fechou a corrida e encerrou a temporada com uma actuação a todos os títulos notável numa tarde em que o êxito sorriu também para todos os companheiros de cartel.
Para o sucesso da última tarde da temporada de 2018 contribuiu decisivamente o excelente curro de toiros de Manuel Passanha Sobral, de apresentação q.b., comportamento aceitável e extrema nobreza, bonitos os seis na generalidade, mas com pouca força e que por isso não transmitiram grande emoção.
Mesmo assim, o curro foi positivo: os toiros deixaram-se lidar, investiram, não houve um que fosse manso ou se negasse a ir à luta. Nas pegas, à excepção do quarto, foram todos, suaves, ao encontro dos forcados, investindo com nobreza pelo sua caminho, sem derrotar e sem dificultar. Em suma, não fizeram mal. Nem tinham forças. Empurraram, apenas, sem criar embaraços.
Rui Salvador abriu praça e protagonizou uma lide com enorme correcção, boa brega, ferros com verdade, fechando com chave de ouro uma temporada que foi marcante e que consolidou, como há algum tempo se esperava, o reencontro do toureiro consigo próprio e com o seu passado de glória. Salvador regressou em força à ribalta, foi de novo o Rui dos "ferros impossíveis" de outros tempos e desde o triunfo na abertura da época na Nazaré não mais parou, conquistando êxitos e mais êxitos que o recolocaram no patamar de cima e de novo o elegeram como um dos grandes entre os veteranos.
Luis Rouxinol é um lidador exímio e tem uma empatia invulgar com o público. Não me canso de dizer: não tem já que provar absolutamente nada a ninguém, mas não se acomoda. Dá a cara todos os dias e entrega-se como se fosse a primeira vez. Ontem em Évora fechou mais uma campanha triunfal com um êxito que deixou o público em delírio. Toureiro grande, ainda e sempre, um dos primeiros.
A extraordinária equitação de Gilberto Filipe é, há muitos anos, meio caminho - sempre - andado para a conquista dos seus triunfos na arena. Nunca desilude e dá sempre o seu melhor. Começou bem com os compridos e subiu de tom nos ferros curtos, cravando com emoção e em terrenos de verdade. Toureia pouco, meredia tourear mais - mas dá sempre gosto vê-lo tourear. Dedicou esta sua última lide do ano a Francisco Palha, que assistia na bancada.
António Maria Brito Paes é outro excelente equitador e entra bem em qualquer cartel. Talvez por serem raras as vezes em que toureia, procura sempre exceder-se, e demonstrar que tem valor, nas raras corridas em que o vemos. Foi também ontem um triunfador aclamado pelo público pela emoção e pela verdade que pôs no momento da reunião e nos bons pormenores de lide e de brega. Faltou a sensatez de sair na hora certa e quis cravar mais um palmito. Tentou por três vezes, mas ou por deficiência do ferro ou porque bateram noutros, por três vezes ficaram os palmitos por terra, o que retirou na fase final algum brilho ao seu êxito.
Decisão e atitude foi o que demonstrou David Gomes ao esperar o seu toiro à porta da gaiola, dobrando-se depois com o valor dos eleitos no centro da arena e cravando um primeiro comprido de excelente nota. Dedicara a lide ao Maestro Paco Ojeda e nos curtos, com o fantástico e muito cobiçado cavalo “Campo Pequeno”, levou o público ao rubro numa lide daquelas que ficam para recordar - onde tudo foi bem feito e com pinceladas de arte que confirmam o seu muito valor. Fim de temporada triunfal para um jovem cavaleiro que promete marcar também a próxima temporada e que ontem elevou a sua cotação.
De António Prates já falei, mas insisto: é notável o seu crescimento como toureiro, a sua maturidade, a confiança que transmite, a serenidade com que se agiganta em praça. É, sem dúvida, uma das estrelas para a próxima temporada, em que receberá a esperada alternativa. Deixou há muito de ser uma esperança - é já uma certeza e ontem em Évora abriu de par em par as portas para um futuro que se adivinha brilhante.
Nas pegas, o Grupo de Évora fechou a temporada do seu 55º aniversário com chave de ouro e elevado brilhantismo. É verdade que os toiros não complicaram, mas os forcados de cara estiveram tecnicamente perfeitos e o grupo ajudou em pleno. Foram caras, à primeira os três, José Maria Passanha, José Maria Caeiro e Miguel Direito.
Pelos Amadores de Alcochete, abriu praça pegando o segundo toiro o jovem e valoroso António José Cardoso, que pegava pela primeira vez em Évora desde a morte de seu pai, brindando aos céus em sua homenagem. Esteve bem com a técnica e o valor costumeiros.
A segunda pela do grupo visitante, ao quarto toiro, esteve a cargo do grande forcado Manuel Pinto. O toiro investiu solto e a complicar e o forcado deveria ter recuado mais, sofrendo um forte e violento derrote daqueles que não dão hipóteses. Voltou na segunda tentativa a não estar brilhante na reunião, mas aguentou-se com galhardia, quase saiu e emendou-se na cara do toiro, o grupo ajudou coeso e acabou por concretizar a mais emotiva pega da corrida, sendo premiado com uma segunda volta à arena a sós.
João Belmonte fez a última pega da temporada também à segunda tentativa. Recuou pouco, foi derrotado na primeira e concretizou à segunda, corrigindo os erros da primeira vez.
Agostinho Borges dirigiu a última corrida do ano com o acerto e a aficion usuais, concedendo música (merecida) a todos os cavaleiros e imprimindo ritmo ao espectáculo, em que esteve assessorado pela médica veterinária Drª Ana Gião Gomes.
Esta derradeira corrida de 2018 tinha fins solidários a favor da Associação de Dadores Benévolos de Sangue do distrito de Évora e contou com o apoio de Manuel Ferreira, produtor dos vinhos “Aromas do Sul” - belo vinho.
A corrida de ontem constituiu também o fecho da primeira temporada assegurada pelos filhos do saudoso “Nené”, Margarida e António José, com o apoio incansável de Carlos Ferreira, sendo de toda a justiça frisar - e enaltecer - que lograram, com muito empenho, muito esforço e a mesma seriedade que herdaram do pai, levar o barco a bom porto e compor da melhor forma a temporada nas praças de Alcochete e nesta de Évora. Parabéns - e continuem! Lá, onde estiver, o nosso querido "Nené" há-de estar orgulhoso dos filhos que tem.
Haverá novidades para o ano!

Fotos Emílio de Jesus