Como matador de toiros, Rui Bento critica a ausência dos seus pares na segunda reunião de toureiros realizada ontem e que uma vez mais só teve a presença de cavaleiros. A polémica instala-se na classe
A reunião de ontem dos cavaleiros tauromáquicos com o presidente da Associação Nacional de Toureiros, efectuada, como esta manhã referimos, no Picadeiro da Quinta da Horta, na Atalaia (Alcochete), já começa a dar polémica. Foi a segunda, depois de uma outra realizada na quarta-feira da passada semana na quinta de Rui Fernandes na Charneca da Caparica e, uma vez mais, voltou a não contar com nenhum representante do toureio a pé.
Na reunião de ontem estiveram cerca de vinte cavaleiros tauromáquicos, entre os quais os já retirados Emídio Pinto e João Palha Ribeiro Telles e também três bandarilheiros, Diogo Malafaia, Duarte Alegrete e João Prates "Belmonte". Nenhum matador ou novilheiro.
Rui Bento (foto ao lado), matador de toiros e ex-gerente do Campo Pequeno, manifestou ao "Farpas" a sua estranheza e, ao mesmo tempo, revolta, pela "marginalização que uma vez fizeram aos matadores e novilheiros".
"Estão a ir pelo caminho errado, não estão no caminho certo. Todas as preocupações que assolam os toureiros não dizem respeito exclusivamente aos cavaleiros, afectam também os matadores de toiros e os novilheiros e, uma vez mais, estes foram esquecidos", afirma o antigo toureiro.
E acrescenta:
"Houve uma primeira reunião na semana anterior só de cavaleiros, mas na de ontem tinha toda a justificação e fazia todo o sentido que tivessem estado presentes também matadores e nem sequer foram convocados. É lamentável que isso tenha acontecido, porque os toureiros não se devem esquecer que a classe não é apenas composta pelos cavaleiros. Acho muito bem que discutam e debatam todos os problemas que nos afectam, mas considero que o devem fazer todos em conjunto e não apenas com alguns do sector. Houve uma clara marginalização dos toureiros a pé e considero que isso foi uma desconsideração e até mesmo uma gritante falta de respeito por parte dos cavaleiros e do próprio presidente da Associação Nacional de Toureiros, que representa todos e não só alguns e deveria ter sido o primeiro a chamar a atenção para esse facto que constituiu a ausência de matadores de toiros numa reunião que era de toureiros, de todos os toureiros".
Fotos D.R. e Maria Mil-Homens
