quarta-feira, 26 de janeiro de 2022

Revolução de Abril matou Mestre João Núncio há 46 anos

João Branco Núncio, Figura ímpar e incontornável do toureio a cavalo, morreu há 46 anos, no dia 26 de Janeiro do “ano revolucionário” de 1976. O Mestre preparava-se, aos 75 anos de idade, para regressar às arenas, pela primeira vez na vida com a preocupação de se valer da sua arte para garantir o sustento da sua família, em consequência do esbulho que o seu património fora alvo, na sequência do Processo Revolucionário que então se vivia.

Nascido em Alcácer do Sal a 15 de Fevereiro de 1901, o maior toureiro a cavalo da nossa História morreu na Golegã, onde se refugiara em casa de seu cunhado, Patrício Cecílio (o mestre dos toureiros a pé), depois de lhe terem ocupado as terras e a própria casa na sua Alcácer natal. O Mestre preparava-se de novo para a luta - e anunciara que ia regressar às arenas. 


Toureara pela última vez a 21 de Outubro de 1973 em Vila Franca de Xira (na foto de baixo, nessa última tarde na “Palha Blanco” com José João Zoio, a quem dera a alternativa em Maio em Lisboa, e os irmãos António e Manuel Badajoz). Nesse mesmo ano de 1973 comemorara os seus 50 anos de alternativa com a praça cheia no Campo Pequeno, a 27 de Maio.


João Alves Branco Núncio estreou-se com apenas 13 anos de idade na antiga praça de Évora (23 de Agosto de 1914) e tomou a alternativa no Campo Pequeno a 27 de Maio de 1923, apadrinhado por António Luis Lopes. Com Simão da Veiga formou a mais célebre parelha de cavaleiros competidores. 


Em toda a sua brilhante carreira, toureou mais de 2.000 toiros em mais de 1.000 corridas e montou cerca de 60 cavalos. Foi ainda o primeiro cavaleiro português a estoquear toiros a cavalo em Espanha e em França.


Mais do que falar de Mestre João Núncio, deixemos que seja ele a falar de si, através de um programa exibido na década de 1960, na RTP:

https://arquivos.rtp.pt/conteudos/joao-branco-nuncio/

Neste link poderá ter acesso ao referido programa. Vale a pena!


Fotos D.R.