sábado, 22 de outubro de 2022

Homenagem: na morte de José Trincheira, o "Leão do Alentejo"

Nascido a 6 de Setembro de 1935 em Borba - ou talvez em Espanha, nunca soube onde verdadeiramente nasceu, como hoje recordou Jaime Amante no texto em que o evocou no Facebook - José Trincheira foi um dos mais famosos matadores de toiros nacionais da época de ouro do nosso toureio a pé, chegando a viver épocas de aguerrida competição com o também já falecido José Júlio, rivalidade essa que o célebre cronista e escritor Pepe Luís imortalizou no seu livro “Mano-a-Mano”. Anos mais tarde, na década de 70, o jornalista Rui Anjos foi autor do seu livro bibliográfico.

Em menino viveu em Vila Viçosa e nasceu nessa terra a sua paixão pelos toiros.


Auxiliado por amigos e principalmente por António Pombeiro, um grande aficionado de Vila Viçosa que o recomendou para a escola de toureio da Golegã de mestre Patrício Cecílio - onde não foi aceite.


Viria a frequentar em 1954 a escola Arena, em Lisboa, que era dirigida pelos toureiros Júlio Procópio, Augusto Gomes Júnior e Sebastião Saraiva.


António José Serrador Trincheira, de seu nome completo, apresentou-se como novilheiro aspirante em Junho de 1955, na praça alentejana de Santa Eulália, onde alcança enorme êxito. Como novilheiro alternou muito com Amadeu dos Anjos e José Júlio


Apresentou-se pela primeira vez em Espanha na praça de Olivença em 1956, alternando com Curro Puya e Paco Pita, frente a novilhos da ganadaria de Guardiola. Já com novo apoderado, toureou em Sevilha em 1957 e obteve um enorme êxito.

 

Recebeu a sua alternativa de matador a 28 de Setembro de 1958 em Cáceres, concedida pelo venezuelano Cesar Girón e com o testemunho do espanhol Manolo Segura. Lidaram-se nessa tarde toiros de Pablo Romero.


Confirmou a alternativa em Madrid a 7 de Agosto de 1966, sendo seu padrinho o matador José Luís Barreto e actuando Agustín Castillares "El Puri" como testemunha. Lidam-se toiros de Francisca Sanchez. Toureou nos quatro cantos do mundo e chegou mesmo a obter um triunfo memorável na Monumental Plaza México, a maior praça de toiros do mundo.


Despediu-se do toureio cortando a coleta em 1999 (12 de Setembro) numa corrida realizada na praça de Vila Viçosa.


José Trincheira foi casado com a famosa cançonetista Maria José Valério, também falecida há dois anos. De um outro casamento teve um filho, também chamado José Trincheira, que em 2016 morreu quando fazia pesca submarina no Cabo de São Vicente.


O famoso matador de toiros, que ficou conhecido como o “Leão do Alentejo”, morreu esta noite num lar em Serpa, onde estava internado depois de ter sido submetido recentemente a uma operação ao coração. Tinha 87 anos.


Que em paz descanse.


Fotos Henrique de Carvalho Dias, Fernando Gonçalves e D.R./Arquivo


Em Abril de 2019 na praça de Sobral de Monte Agraço, na tarde
de homenagem aos Maestros do Toureio a pé: da esquerda para
a direita, Mário Coelho, António dos Santos, José Júlio, José
Simões, José Trincheira e Júlio Gomes
No jantar depois desse festejo em Sobral, com o empresário 
José Luis Gomes (promotor da homenagem) e os seus antigos
companheiros, vendo-se ainda Anete Chibanga, em
representação de seu saudoso pai, Ricardo Chibanga
Nazaré, 1961, dando a volta à arena com o ganadeiro António
Paulino, da ganadaria Paulino da Cunha e Silva
Na praça da Malveira, brindado pelo então novilheiro Paco
Duarte, que teve nele um dos seus mestres
Postal de Boas Festas dos tempos em que era ainda aspirante
a novilheiro
Rivalidade com José Júlio ficou imortalizada
no livro "Mano-a-Mano" de Pepe Luís

Em 1978, no célebre Restaurante "Xico Carreira" no Parque
Mayer, em Lisboa, entrevistado por Miguel Alvarenga para o
jornal "O Diabo", fotografados por Fernando Gonçalves
Na tarde da apresentação em Sevilha em 1957
Com a cançonetista Maria José Valério, com quem
casou em 1962 em cerimónia 
transmitida pela RTP
Na tarde da sua estreia em Espanha,
como novilheiro, em 1956 na praça
fronteiriça de Olivença
Anos 70, com o então novilheiro Américo Manadas (com quem
toureou mano-a-mano nesta tarde em Torres Vedras) e os
bandarilheiros José Bartissol e Manuel Jacinto