domingo, 3 de maio de 2020

1994 em Algeciras: quando "Antoñete" actuou na parte séria do espectáculo de "El Bombero Torero"



Jaime Amante lembra-nos hoje a tarde histórica de 16 de Outubro de 1994 em Algeciras, onde o Maestro “Antoñete”, já retirado, se predispôs a actuar na parte séria do espectáculo de “El Bombero Torero” para render homenagem à memória de "Manolito", um dos famosos anões toureiros, que morrera uns meses antes

Jaime Amante - Manuel Ortega Sánchez “Manolito” (foto ao lado) era para nós o eterno “Chanquete”. O enanito torero que raramente lidava um bezerro era, entre os oito enanitos, o mais artista, o mais castiço e o mais popular.
Em cada tarde, a sua natural graça andaluza iluminava e divertia crianças e adultos.
Era muito popular, quer na sua terra natal, Algeciras, quer entre o mundillo taurino, companheiro de pândega de Manzanares (pai), Roberto Domínguez, Ruiz Miguel ou Rafael Corbelle. Nas viagens à América era "perigoso" deixá-lo à solta...
Faleceu numa noite de Junho de 1994, dias antes de actuarmos em Alicante. O espectáculo sentiu duramente o seu falecimento. A temporada de 1994 já não seria a mesma coisa, faltava o nosso "Chanquete".
Em Setembro, o matador Miguel Ramos "Miguelete" propõe a realização de um festival em Algeciras, sua terra natal, cuja receita revertia para o agregado familiar de "Chanquete".
Foram imensas as figuras do toureio que prontamente se juntaram à causa, a maioria tinha iniciado a sua trajectória profissional na parte séria do nosso espectáculo.
Mas uma tomou logo relevo maior: António Chenel “Antoñete” (primeira foto de cima), Maestro de los Maestros, que na época já estava retirado dos ruedos e era comentador no Canal Plus Toros.
O Maestro de Madrid viria a reaparecer vestido de luces em 1999 para actuar em nove tardes.
E assim foi: com o Maestro actuaram como picador o matador Ruiz Miguel e como bandarilheiros os também matadores de toiros Curro Vásquez e Ortega Cano. De moço de espadas, Rafael Ortega.
Foi uma tarde histórica, reconfortante, mas penosa: 16 de Outubro de 1994, Plaza de Toiros de Algeciras“El Bombero Torero e sua Enanitos Toreros” e na parte séria o grande matador António Chenel “Antoñete”. Vaya Maestro!
Mas a história não acaba aqui.
Se havia espectáculo que eu desejava tourear era esse mas, dez dias antes, uma forte dor na zona inguinal que já se arrastava há bastante tempo, obrigou-me a ser operado a uma hérnia inguinal. Fiquei de "estaleiro" e nem a Algeciras fui e ainda hoje quando falo com o “Bombero”, recordo esse momento. Foi penoso, muito penoso...
1994 foi o meu último ano em que toureei a temporada completa. Depois passei a tourear só nos meses mais fortes. Retirei-me em 1996 juntamente com o terceiro “Bombero Torero”, Manuel Celis “Manolín". Ainda actuei depois algumas tardes, mas muito raramente...

Fotos D.R./Arquivo de Antonio Macias