domingo, 3 de maio de 2020

Amadeu dos Anjos: dois anos de muita saudade

Numa recepção, anos 60, com o então Presidente da República,
Almirante Américo Tomás. Quando os toureiros tinham importância
e eram ídolos nacionais. E tinham o respeito dos governantes
Amadeu dos Anjos é ainda hoje recordado como o mais fino dos
muleteros portugueses
Na Quinta da Fonte Santa, em A-da-Beja (Caneças), ensinando a
tourear um menino que viria a ser famoso: Pedrito de Portugal
A partir do final dos anos 80, vivi com Amadeu dos Anjos uma
profunda e sólida amizade. Todos os domingos almoçávamos,
ora em sua casa (foto), ora na minha. Nunca falhava um domingo,
o Amadeu era um cozinheiro fantástico
O meu último almoço com Amadeu, na companhia do amigo José
Jorge Pereira, na casa do famoso matador de toiros na Comporta,
três anos antes da sua morte
Anos 90, em Vila Franca, no Hotel Lezíria, depois de um festival na
"Palha Blanco": Amadeu dos Anjos, Miguel Alvarenga, "Espartaco" e
"Antoñete"

Amadeu dos Anjos, eternamente recordado como o mais fino muletero português, morreu há dois anos

Nascido em Safurdão (Pinhel) a 13 de Março de 1936, Amadeu dos Anjos deu os primeiros passos na arte em que viria a ser grande em Lisboa, na Escola Arena, onde teve por professores Augusto Gomes Júnior, Sebastião Saraiva e Júlio Procópio. E onde teve como companheiro de lides, recordava-o tantas vezes, o apresentador televisivo Carlos Cruz, que nesse tempo também sonhava ser toureiro.
Bem cedo se radicou em Salamanca, Espanha, para cumprir o sonho de ser toureiro. Onde foi seu apoderado Vicente de la Calle, recentemente falecido e que posteriormente viria também a apoderar José Falcão e Rui Bento Vásquez.
Debutou em 1962 na Monumental de Madrid, Las Ventas, actuando nesse ano sete vezes nessa praça, numa delas, a 23 de Setembro, com lotação esgotada.

Na temporada de 1962 toureou 25 novilhadas e em 1963 sofreu uma grave cornada em Castellón, que lhe travou um pouco o percurso, actuando mesmo assim nesse ano em 31 novilhadas e já em quatro corridas de toiros, depois da alternativa, que recebeu a 13 de Setembro de 1963 em Salamanca, apadrinhado por Paco Camino, com o testemunho de Manuel Benítez "El Cordobés", frente a toiros da ganadaria portuguesa de Alberto Cunhal Patrício. Confirmou a alternativa a 3 de Maio de 1964 em Madrid.
 
Embora com uma carreira curta, foi um dos matadores portugueses mais galardoados em Espanha. Por cá, recebeu o Prémio Bordalo em 1967 e o prestigiado Prémio Imprensa, que era atribuído anualmente pela Casa da Imprensa, em 1968.

Já nos anos 90, foi homenageado pela Real Tertúlia D. Miguel I e mais recentemente, em 2014, pela Tertúlia "A Mexicana".

Amadeu dos Anjos, que era pai de quatro filhas, vivia há dois anos na Praia das Maçãs (Sintra), onde na manhã de 3 de Maio de 2018, passam hoje dois anos, sofreu um ataque cardíaco fulminante em plena rua. Tinha 82 anos.

Fica a nossa homenagem - e a nossa saudade. De um grande toureiro, de um fantástico amigo.

Fotos D.R.