terça-feira, 7 de fevereiro de 2017

90º aniversário de D. Francisco de Mascarenhas: a história do toureiro fidalgo

D. Francisco de Mascarenhas cumpre amanhã 90 anos de vida
No ano passado, no Campo Pequeno, com o ganadeiro Mário Vinhas e sua Mulher
Com Amália, de quem foi grande amigo, num evento
da Real Tertúlia Tauromáquica D. Miguel I
Duas fotos da estreia de D. Francisco de Mascarenhas em Espanha, na praça
de El Puerto de Santa Maria, com apenas 9 anos de idade. Ele foi o primeiro niño
prodígio
do toureio equestre nacional


Lenda viva e último representante dos Anos de Ouro do Toureio Equestre, o cavaleiro-fidalgo D. Francisco de Mascarenhas nasceu há 90 anos em Paço D’Arcos, Oeiras, a 8 de Fevereiro de 1927. É filho do também cavaleiro D. Alexandre de Mascarenhas e fez a sua estreia em Espanha com apenas 9 anos de idade, vestindo casaca e usando tricórnio (fotos ao lado e em cima) na praça de El Puerto de Santa Maria (Cádiz), actuando nessa tarde do ano de 1937 ao lado do célebre "Manolete", que fazia a sua despedida como novilheiro.
A 6 de Agosto de 1939 fez a sua estreia em Madrid e a 29 de Agosto de 1945 recebeu a alternativa no Campo Pequeno, apadrinhado por Mestre João Branco Núncio. Ombreou com os maiores cavaleiros e rejoneadores do seu tempo em Portugal, Espanha, França e México, até se retirar definitivamente das arenas no ano de 1962, devido a um grave problema de visão que o impediu de continuar a tourear. Depois de afastado das arenas, continuou sempre sendo uma presença assídua nas praças de toiros e ao longo dos últimos anos muitos foram os cavaleiros que receberam os seus ensinamentos e os seus conselhos, fruto da sua grande experiência como toureiro e como genial cavaleiro.
D. Francisco Mascarenhas pertence a uma família com origem na nobreza portuguesa, os Marqueses de Fronteira e os Condes da Torre, com uma impressionante devoção por cavalos e toiros. São quase uma dezena os Mascarenhas que se exibiram na arte de tourear a cavalo, ainda que - até à alternativa de D. Francisco - o tenham feito na condição de amadores: D. José Maria de Mascarenhas e seus filhos, D. José de Mascarenhas, D. Carlos, D. Alexandre, D. António e D. João; o filho de D. José, D. António; e o filho de D. Alexandre: D. Francisco.
D. Francisco tinha apenas 8 anos quando se estreou em público, na velha praça de toiros de Almeirim, em 1934, numa corrida dirigida, precisamente, pelo seu tio D. José de Mascarenhas, lidando nessa ocasião um novilho da Casa Prudêncio.
Dois anos depois, em 1936, apresentava-se na Monumental do Campo Pequeno e, com mais um par de anos, aos 12, já cavalgava nos ruedos de Espanha. Debutou numa das mais castiças praças do país vizinho, como atrás referimos, a de El Puerto de Santa Maria, em 1937, num cartel incluía o seu pai, D. Alexandre Mascarenhas, e como espada o mítico Manuel Rodríguez "Manolete", na sua última actuação como novilheiro, antes da alternativa.
Seguiram-se exibições, entre outras praças, na Real Maestranza de Sevilha e em Las Ventas, Madrid, onde debutou a 6 de agosto de 1939.
Na década de 1940 regressou a Portugal, tomando a alternativa de cavaleiro tauromáquico no Campo Pequeno, a 29 de Agosto de 1945, apadrinhado por Mestre João Branco Núncio.
Actuou também em França, Angola, Moçambique e México.
Integrou em 16 de Maio de 1954 o cartel inaugural do novo edifício da praça de toiros de Almeirim, que compartiu com Simão da Veiga Júnior, João Branco Núncio e Fernando Salgueiro, a cavalo; e Diamantino Viseu e Jaime Malaver, a pé; frente a um curro de toiros composto pelas ganadarias Pinto Barreiros, João de Assunção Coimbra e Andrade e Irmão.
Devido ao estado agravado da sua miopia, decidiu retirar-se em 1956.
Voltaria apenas em ocasiões esporádicas, uma delas para conceder, na Moita, em 1958, a alternativa ao cavaleiro José Mestre Baptista, depois de lha terem recusado no Campo Pequeno.

Fotos Marques Valentim, Maria Mil-Homens e D.R.