Esperava-se pela maré baixa para realizar as corridas de toiros no porto |
O porto e a marina de Candás na actualidade |
Registo de espectáculos tauromáquicos nos anos 60 em Candás |
Cartel do ano 1942 em Candás pelas Festas del Cristo Marinero |
Cartel de figuras em 1994 |
A presença do matador português Ricardo Chibanga num festejo taurino em Candás |
El Cristo Marinero de Candás e, em baixo, o maestro Andrés Vásquez na rua com o seu nome na vila piscatória de Candás |
Jaime Amante recorda-nos hoje as “corridas marineras” que durante muitos anos se realizaram numa doca de pesca em Candás, no Principado das Astúrias
Jaime Amante - Imagina um espectáculo taurino numa doca de pesca em plena maré-baixa ?
Assim eram as Corridas Marineras de Candás (Astúrias) no decorrer das Festas em Honra do Santíssimo Cristo de Candás ou El Cristo Marinero, que decorrem anualmente entre os dias 14 e 15 de Setembro.
Durante anos foram a grande atracção da vila piscatória de Candás e como tal receberam em 1979 a Declaração de Evento de Interesse Turístico Nacional.
Nos cartéis podia-se ler "Con permisso del Cantábrico y de las Autoridades competentes”.
En Candás não se cortavam orelhas, os triunfos eram expressos, de forma totalmente inédita em espectáculos tauromáquicos… em sardinhas.
A origem destes espectáculos, com base em historiadores locais, teve início no dia 15 de Setembro de 1924, quando um grupo de figuras populares da terra organizaram um Festival Cómico-Marítimo-Taurino com a lide de dois novilhos vindos dos campos de Salamanca.
Como não havia praça, aproveitaram a doca piscatória - ampla e de areia compacta - jogando com o horário da maré-baixa.
A festividade taurina manteve-se sem muita continuidade até aos anos 60, quando uma Comissão de Festas pede apoio ao então muito influente crítico taurino Alfonso Navalón. Desde esse momento as festividades tornam-se conhecidas de toda a Espanha, principalmente pela peculiaridade da sua praça. Houve anos em que se chegaram a realizar dois espectáculos.
Depois de Navalón, a organização dos festejos fica a cargo do maestro Andrés Vásquez, e tal é a sua paixão pelas Festas e a categoria que lhes deu, que o Ayuntamiento de Candás, atribuiu o seu nome a uma rua da vila (foto ao lado).
Conta o maestro Andrés Vasquez, na sua história taurina,que depois de uma violenta colhida em Sevilha, pediu a intervenção divina para o salvar a El Cristo de Candás e como tal aconteceu, ofereceu mais tarde à Confraria del Cristo Marinero um traje de luces, para ser confeccionado um manto para o Santo Marinheiro.
O último festejo realizou-se em 1997, pois a doca necessitava de obras e estava projectada uma marina desportiva e a ampliação do cais e de novas zonas balneares.
Desde António Ordoñez, “El Cordobés”, Ruiz Miguel, Jaime Ostos, “Niño de La Capea”, Andrés Vásquez, António Chenel “Antoñete”, aos portugueses José Falcão e Ricardo Chibanga e até Pablo Hermoso de Mendoza, foram muitos os grandes nomes da tauromaquia mundial que actuaram em Candás.
Hoje, o Principiado das Astúrias conta apenas com uma praça de toiros activa - a de Gijón, depois encerradas ou demolidas as praças de Oviedo, Llanes e Avilés.
Fotos Peña Taurina de Gijón