sábado, 3 de abril de 2021

Morreu o toiro "Marismero" de Murteira Grave

Acabou por não resistir aos ferimentos da cornada que outro toiro lhe infringiu em 30 de Agosto do ano passado na Herdade da Galeana e morreu o célebre toiro "Marismero" de Murteira Grave - um animal que, como o próprio ganadeiro Joaquim Grave ontem recordou na página da sua ganadaria no Facebook, fez história na sua própria vida.

O "Marismero" foi o toiro que em Setembro de 2019 feriu gravemente Joaquim Grave com uma cornada e em 6 de Agosto do ano passado, foi indultado no Campo Pequeno depois de superiormente lidado pelo cavaleiro Manuel Ribeiro Telles Bastos (foto de baixo).

"Foi um toiro com história e que faz parte da história da minha vida. Passei muitas horas a olhá-lo e ele a mim; cruzámos as nossas miradas longamente... ele, o tótem dos campos, dos montados, relâmpago de fúrias, símbolo da virilidade cósmica, sagrada e humana e eu um simples humano que cismava porque sempre fui um homem que escolheu viver em perigo para colher o maior gozo da existência como sentenciou Nietzsche. Não nos salvámos a vida um ao outro, não! Como me corrigiu o meu querido amigo Chico Garcia, perdoámo-nos a vida um ao outro o que é bem diferente! Para salvar a vida a alguém basta estarmos no sítio certo à hora certa e sermos um herói acidental; perdoar a vida é bem diferente, é decidir se deixamos viver ou não, é prerrogativa de reis, vive ou morre! O 'Marismero' deu-me que pensar! Fez-me pensar na vida, na morte, nos toureiros que regam com o seu sangue as hortas espirituais que alimentam os nossos espíritos boémios a acreditar na fantasia e a exilar definitivamente a vulgaridade", escreveu Joaquim Grave.


Fotos @Murteira Grave e M. Alvarenga