sexta-feira, 9 de abril de 2021

O mito do Poder Local - os ataques constantes à Festa Brava

Jaime Martínez AmanteO regime democrático em Portugal garantiu a consagração de direitos, liberdades e garantias a todos os seus cidadãos. Ao longo dos anos reforçou-se a democracia e com ela o denominado Poder Autárquico e/ou Poder Local contribuindo para para o reforço de um país mais livre mais justo, adaptado às características e circunstâncias locais de cada cidade, vila ou aldeia.

Na realidade, a verdadeira democracia faz-se pela mão das Autarquias e dos seus membros eleitos democraticamente pelos cidadãos locais.


Deve qualquer Autarquia promover apostas na competitividade económica e social, na promoção do empreendedorismo local, no apoio às suas populações na captação de novas oportunidades económicas e sociais e também proteger e zelar pela manutenção das suas características culturais, quase sempre profundamente enraizadas nas populações locais.


Nesse sentido, criou-se o mito que em algumas cidades, vilas ou aldeias a Festa Brava jamais seria incomodada pelo Poder Local, tal era a sua profunda aceitação pelos locais.


No entanto, anos e anos de presença assídua em muitos locais do nosso país, a Festa Brava tem vindo a ser destruída pelo Poder Local ou, melhor dizendo, pelos caprichos pessoais de alguns Presidentes de Câmara, que sem proclamação prévia entendem caracterizar as suas cidades e vilas em aglomerados anti-taurinos, estabelecendo leis e regras de modo a não permitir a realização de qualquer espectáculo tauromáquico, quer nas praças existente - que rapidamente destroem - quer em praças portáteis. Curiosa é a posição da cidade de Braga que mesmo sem ter qualquer tradição taurina e sem praça de toiros, rapidamente legislou, proibindo qualquer atividade tauromáquica.


O tema não é novo, e têm sido autarquicamente que Cascais, Viana do Castelo, Póvoa do Varzim, anteriormente Espinho, também Vila Real de Santo António e mais recentemente Albufeira, caíram em desgraça junto das respetivas Câmaras Municipais. Curiosamente o caso de Setúbal é bem pragmático. Comprada pela autarquia local ainda hoje não se sabe o futuro da praça “Carlos Relvas”. Será que a Rainha do Sado voltará a ter toiros em Agosto?


Este ano realizam-se eleições autárquicas e devem os aficionados e o público em geral estar atentos aos respectivos candidatos e - nas localidades com forte implementação tauromáquica - questionar os futuros Presidentes de Câmara da sua posição em relação ao fenómeno tauromáquico.

 

Confesso que me assusta os resultados eleitorais de algumas cidades e vilas, principalmente as que hoje podemos considerar verdadeiros dormitórios de Lisboa. Os cadernos eleitorais dessas povoações estão hoje constituídos por eleitores (a maioria urbano-depressivos) que não se identificam com as tradições locais. Sinto receio por Vila Franca, Azambuja, Arruda dos Vinhos, a própria Lisboa em que a Festa Brava está presa por um fio, Samora Correia, Alcochete, Montijo, Moita e a própria cidade de Setúbal.


Afinal, será em cada localidade que poderá nascer uma nova  dinâmica que fortaleça o futuro da Festa de toiros em Portugal.


Estejam atentos!