Ontem na "Palha Blanco" a tarde foi de Manuel Ribeiro Telles Bastos! |
"À deriva" com o toiro de Palha, Luis Rouxinol "reencontrou-se" no seu segundo, da ganadaria Oliveiras Irmãos |
Três bons ferros de Duarte Pinto e um "aperto" contra as tábuas (foto de baixo) na lide do toiro de Canas Vigouroux |
Miguel Alvarenga - O grande triunfador da corrida de ontem na "Palha Blanco", em Vila Franca de Xira, foi Manuel Ribeiro Telles Bastos, o jovem cavaleiro clássico da afamada Família de toureiros da Torrinha. Passeou e demonstrou a arte e a classe do seu bom toureio diante de dois toiros distintos, um da ganadaria Prudêncio (mais mansote e a fugir para tábuas) e outro da ganadaria de seu Avô, Mestre David R. Telles, Vale de Sorraia, que evidenciou seriedade e acabou por dar bom jogo. Manuel Telles Bastos desenhou duas faenas inspiradas e na senda do classicismo que vem caracterizando a sua brilhante e ascendente trajectória. 2013 promete ser finalmente o seu ano, depois de na temporada anterior ter apontado em definitivo o rumo de sucesso que vai ser, não tenho dúvida, apanágio de uma carreira brilhante. Esteve enorme a colocar os toiros, brilhante a citar e a cravar, elevando o braço, pondo os ferros "de alto a baixo" como mandam as regras e como se fazia antigamente (e antigamente toureava-se bem a cavalo! - convém não esquecer), interpretando a arte no mais fino e puro dos rigores que se podem exigir. Deixou constância, para se alguém ainda duvidasse, da imensa classe e da muita arte do seu toureio - boa equitação, conhecimentos, experiência, bom gosto e, acima de tudo, uma classe que começa infelizmente a desaparecer e que os Telles mantêm viva e bem vida, porque tiveram "berço", educação e quem lhes ensinasse que na vida e na arte não se deve ir por atalhos, mas apenas e só pelo caminho certo. Grande Manuel!
Mais apagados estiveram ontem Luis Rouxinol e Duarte Pinto. Infelizmente e ao contrário do que costuma acontecer...
Rouxinol não se entendeu minimamente com o complicado e sério toiro de Palha que abriu praça ontem em Vila Franca. Complicado por que sério. Sério, por que bravo. O cavaleiro de Pegões andou "à deriva" - e mais não é preciso dizer. No final, honradamente, não quis dar a volta à arena.
No seu segundo, de Oliveiras Irmãos, recuperou e esteve à altura do seu melhor. Igual a si próprio, sem inovar, protagonizou uma lide brilhante e ajustada, terminando com uma aplaudido par de bandarilhas.
Duarte Pinto lidou primeiro o toiro de Canas Vigouroux que lhe deveria ter saído em segundo lugar, mas que substituiu o de David R. Telles, que entrou diminuído e deficiente na arena e que vinha, por sua vez, substituir o de Vaz Monteiro, recusado por falta de peso. Duarte andou completamente "a leste", falhando ferros e sofrendo mesmo um aparatoso toque contra as tábuas. Uma lide para esquecer, apesar da entrega e da boa vontade do cavaleiro...
No seu segundo, um "sobrero" de Palha, último da tarde, esteve ao seu melhor nível e redimiu-se do fracasso anterior. Bem nos compridos, a aguentar de praça a praça, impôs a verdade e a emoção do seu toureiro em quatro curtos daqueles que deixam - e fazem - história. Foi pouco para um toureiro tão bom. Mas uma tarde menos triunfal não "mata" nem deixa esquecer a trajectória de um toureiro tão bom. Força, Duarte!
A tarde de ontem em Vila Franca era de disputa (concurso) entre afamadas ganadarias. O prémio de apresentação foi atribuído ao toiro de Palha, lidado em primeiro lugar - justíssimo. O de bravura contemplou, ante os protestos gerais (justificados) o de Canas Vigouroux, lidado em terceiro lugar. Se tem havido seriedade e verdade (faltou, mas na nossa Festa falta sempre isso...), o prémio de bravura teria ficado deserto. Ou teria sido atribuído também ao toiro de Palha. Ou mesmo ao de Vale de Sorraia.
Mas, enfim, a nossa Festa é como é. O de Canas agradou... e agradou, pelos vistos, ao júri. Espanha é Espanha, nós somos o que somos, os nossos "concursos de ganadarias" (sem sorte de varas) são o que são e a mais não somos obrigados...
Bom desempenho das quadrilhas e dos campinos (que também merecem ser mencionados), tarde animada em Vila Franca, a empresa "Tauroleve" a cumprir com os desígnios de seriedade e honestidade e que nos habituou e a estreia de um novo director de corridas, o lisboeta João Cantinho, que cumpriu da melhor forma este seu primeiro desempenho.
Fotos M. Alvarenga