domingo, 31 de maio de 2020

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António João Ferreira e Nuno Casquinha: momentos do "mano-a-mano" ontem na ganadaria Monte Cadema

Fino e artístico muletero, António João Ferreira viveu momentos
difíceis em virtude da lesão no fémur causada pela aparatosa colhida
que sofreu no Campo Pequeno. Oito meses depois, está recuperado
e ontem deliciou-nos com a sua arte, o seu temple, a magia da sua
muleta, a calmaria do seu toureio
Poderoso, versátil, lidador, lutador. Nuno Casquinha em grande forma
depois do apoteótico triunfo com que em Fevereiro iniciou uma
temporada suspensa pela pandemia, no Festival do Campo Pequeno


Momentos de arte, de poder, de temple e de bom toureiro vividos ontem na praça de tentas da ganadaria Monte Cadema, de Nuno Cabral, em Viana do Alentejo, num "mano-a-mano" dos matadores António João Ferreira e Nuno Casquinha frente a oito vacas de excelente nota, quatro das quais apuradas pela classe, nobreza e seriedade que exibiram.
Momentos que dispensam mais comentários.

Fotos M. Alvarenga

Monte Cadema: tenta em casa de um ganadeiro à moda antiga

Nuno Cabral dirigiu a tenta na companhia de sua Mulher, Rita
Lampreia, filha do saudoso ganadeiro António Lampreia
Luis Lampreia e Pedro Penedo
Nuno Casquinha
Mano-a-mano: João Ferreira e António João Ferreira
Miguel Alvarenga e Paco Duarte
O cavalo de picar
Nuno Casquinha e o seu apoderado e antigo matador Paco Duarte
Muleta, estoque e capote
Vaca voadora... e houve mais
A forma eficiente de recolher as vacas no tentadero de Monte Cadema
Rei das bandarilhas. A arte inigualável de João Ferreira
Joel Piedade, um bandarilheiro eficiente e discreto
Momentos da aparatosa queda do picador José Mau e, depois,
o descanso dos guerreiros...
O resumo final. O ganadeiro Nuno Cabral com Pedro Penedo,
representante da ganadaria
Fim da tenta, o regresso a casa
A beleza do pôr do sol no Alentejo


Um dia de campo na ganadaria de Nuno Cabral, Monte Cadema, em Viana do Alentejo. Lidaram-se oito vacas com quatro a destacar-se, fruto de uma "mistura explosiva" de um toiro de Nuñez del Cuvillo com vacas de Cunhal Patrício. António João Ferreira e Nuno Casquinha foram as estrelas da tarde. Um regresso à Festa e à vida, depois de quase três meses a viver noutro planeta...

Miguel Alvarenga - Fez-me bem, não me podia ter feito melhor, o dia de campo que ontem vivi na herdade de Monte Cadema, em Viana do Alentejo, às portas da cidade de Évora, onde pasta a ganadaria do mesmo nome que Nuno Cabral fundou em 2013. Foi como um refrescar da alma e um regresso à calmaria da paisagem alentejana - onde o vírus nunca foi benvindo - e também à Festa Brava, ao convívio com os amigos, mas sobretudo com o cheiro, com a cor, com a emoção que já eram uma longínqua saudade desde que a 29 de Fevereiro assisti no Campo Pequeno, no Dia da Tauromaquia, ao primeiro, último e único festejo em que marquei presença nesta temporada que não o chegou ainda a ser. Depois disso, vivemos quase três meses num outro planeta, assustados, desconfiados, fechados em casa, a rondar a loucura, com a certeza de que já nada voltaria a ser igual. Mas ontem foi. Mais ou menos.
Conheci o Nuno Cabral há dois anos numa corrida em Tomar onde foram lidados seis toiros da sua ganadaria Monte Cadema, que deram nessa noite água pela barba aos forcados tomarenses e montijenses e aos cavaleiros Rui Salvador, Manuel Telles Bastos e Francisco Palha.
Ontem vim a saber que, afinal, é sobrinho de dois amigos meus de longa data, o Nuno Cabral, que foi recordado forcado do Aposento da Moita e o João Cabral, em cuja casa no Vale de Santarém eu passava os dias durante a Feira do Toiro. É primo do Ricardo Cabral, filho do Nuno, também grande forcado dos grupos do Aposento da Moita e de Évora e é ainda familiar do meu amigo Vitor Escudero e do saudoso Manolo Escudero, que era o braço direito de Manuel dos Santos e que morreu no mesmo acidente de automóvel que em 1973 vitimou o grande toureiro português. O mundo é uma aldeia.
Isto para se perceber que no sangue do agora ganadeiro Nuno Cabral estavam há muito lançadas as sementes da aficion e desta arte em que, afinal, ele vivera desde pequeno.
Criador de gado bravo há anos, fornecedor, dos principais, de cortiça ao Grupo Amorim, a ganadaria é uma paixão que lhe vai na alma. Nuno é casado com Rita Lampreia, filha do saudoso ganadeiro António Lampreia, que morreu há oito anos. Não houve partilhas na ganadaria, que continuou a ser gerida por seu cunhado Luís e pelas irmãs, mas um dia este disse a Nuno que se queria desfazer de parte do gado e foi aí que nasceu a ganadaria de Monte Cadema. "Ofereci-lhe um valor e comprei uma vacas e uns toiros, assim formando esta ganadaria", recorda.
Nuno encarna o espírito dos ganadeiros à moda antiga. "Crio toiros por paixão", diz. "E aqui na minha casa as coisas são como eram antigamente. Não preciso de ter muitas vacas, nem muito toiros. Dois, três curros por ano chegam", acrescenta.
Apreensivo com o momento de paragem que estamos a viver, defende que "é preciso fazer-se alguma coisa, nem que sejam poucas, mas era importante que houvesse ainda corridas este ano. Vamos ter todos que nos ajeitar, receber o que houver, mas vamos ter que fazer esse sacrifício para que as touradas não morram".
Na tenta de ontem à tarde lidaram-se oito vacas. Umas filhas do toiro de Monte Cadema que ganhou um concurso de ganadarias em Arronches e outras filhas de um toiro da ganadaria espanhola Nuñez del Cuvillo e de vacas de Cunhal Patrício. "Foi uma experiência que fiz e de que hoje vamos ver os primeiros resultados", dizia-me Nuno Cabral antes da tenta. E o resultado foi, de facto, uma experiência "explosiva". As oito vacas, mas sobretudos as de Cuvillo, sairam com classe, nobreza, com imensa presença, astifinas e exigentes, sérias, a pedir contas aos toureiros.
António João Ferreira, felizmente recuperado a cem por cento das lesões que sofreu na colhida do ano passado no Campo Pequeno, está de novo em grande forma e a sua arte, o seu temple, o seu bom gosto quando agarra numa muleta e escreve recitais de magia e bom toureio foram coisas que não sairam minimamente beliscadas do acidente que o obrigou a deixar a meio a temporada passada.
E Nuno Casquinha, um lutador, um lidador nato, um poderoso, com um estilo distinto do de Ferreira (mas está aqui uma dupla a garantir competição de sucesso), reafirmou ontem o seu tremendo valor e lembrou-nos esse tiunfo do Dia da Tauromaquia em Lisboa, quando ninguém imaginava ainda o futuro que nos esperava.
Coadjuvaram ontem as lides dos dois matadores os valorosos bandarilheiros João Ferreira, irmão de António João, o número-um com as bandarilhas, e Joel Piedade, que integra a quadrilha do cavaleiro Duarte Pinto. O picador foi Maurício José (José Mau), que esteve bem nas oito vacas, apesar da pouca colaboração do cavalo, sofrendo já na recta final da tenta uma aparatosa queda que, felizmente, não foi nada mais que um susto.
Em suma, um dia muito bem passado e que terminou com um jantar muito agradável marcado pela arte de bem receber de Nuno Cabral e Rita Lampreia.
Acima de tudo, um dia altamente positivo para o ganadeiro pelo excelente desempenho das suas vacas, produto da sua bem elaborada selecção. E para os dois toureiros, que manifestaram estar em grande forma e à espera de um rápido regresso às arenas.

Mais logo, não perca, os melhores momentos de António João Ferreira e Nuno Casquinha na tenta de ontem na ganadaria Monte Cadema. E amanhã vamos mostrar a camada de 2020.

Fotos M. Alvarenga