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O português "El Juanito" voltou ontem a deixar a sua marca de bom toureiro em Sevilha. Foi, dos três, o que esteve mais firme, o que demonstrou mais qualidades e mais solidez para ser alguém nesta profissão |
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David Martín cortou ontem a única orelha em Sevilha |
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Cheias, ontem, as bancadas da Real Maestranza de Sevilha Foto Miguel Ortega Cláudio |
O "Farpas" tem hoje a honra de apresentar aqui uma memorável estreia: Pedro Marques (foto ao lado), cronista taurino da prestigiada revista espanhola "6 Toros 6", assistiu ontem na Real Maestranza de Sevilha ao triunfo português do jovem João Silva "El Juanito" e aceitou o nosso desafio para aqui nos deixar o relato do que viu. Uma colaboração que muito nos engrandece.
Pedro Marques - O português João Silva
"El Juanito" teve ontem em Sevilha o pior lote, mas foi dos três o
que esteve mais firme, talvez o que apresentou mais qualidades e mais solidez para
ser alguém nesta profissão. Sinceramente gostei imenso de o ver, em especial
com o primeiro novilho. O pior, com bastante diferença. Recebeu-o à porta do
curros onde o novillo esperou imenso, acabando por voltear o
"Juanito", felizmente sem consequencias. Levantou-se e lanceou à
"verónica", mas o novilho esperava e "frenava-se". O
público pediu com insistência a devolução, mas o presidente manteve-o na arena.
Afinal era manso e não apresentava qualquer defeito físico.
"Juanito" esteve muito firme e
valente com ele, descatando-se uma primeira tanda com a mão direita muito baixa
que fez soar a música. Intercalou séries por ambos os pitons com o novillo
sempre a esperar e a ficar curto, com uma investida bruta e soltando a cara. O
final por "bernardinas" com o novillo encostado às tábuas foi enorme
pela valentia do novilheiro. Matou de pinchazo e estocada e alguns aficionados
pediram a orelha.
Com o sexto, um novilho alto,
encampanado, que desde que tomou o capote pela primeira vez evidenciou falta de
classe e uma investida rebrincada, voltou a estar seguro e solvente. Fez um bom
quite por "tafalleras", rematado com uma "media" de frente
e o início de faena foi templado e pleno de toreria. O novilho não era fácil e
pegava um derrote a meio da investida, para além de fazer "hilo"
quando queria ligar o segundo muletazo, ainda assim "Juanito"
conseguiu que arrancasse a música, numa faena em que esteve sempre bem
colocado, passando o piton e acreditando nos toques, o que é difícil para um
novilheiro tão jovem. Não fosse a estocada atravessada e teria cortado uma
orelha. "El Juanito" foi o segundo classificado nesta grande final do
ciclo de novilhadas de promoção na Real Maestranza de Sevilha - mas bem
merecia, por mérito próprio, o primeiro posto.
David Martín cortou o único troféu da
novilhada, ao quarto da noite, um animal brutote, que investia com tudo, mas que
trabsmitiu. Com o primeiro, não passou de voluntarioso.
Emílio Silvera, filho do bom toureiro do
mesmo nome, sorteou o novilho mais potável e que saiu em quinto lugar. Baixo e
com classe, havia que levá-lo, o que o novilheiro nem sempre fez. A faena teve
demasidas intermitências perante um animal
mansote mas de boa condição. O seu
primeiro defendeu-se desde muito cedo, faltando-lhe recorrido.
À novilhada de González Sánchez-Dalp, no
geral, faltou classe, ritmo e nobreza. Sem dúvida um encerro com muitas teclas
que tocar. A Real Maestranza registou ontem à noite uma belíssima entrada de
três quartos fortes, quase cheia.
Fotos D.R./aplausos.es e Miguel Ortega Cláudio