terça-feira, 28 de abril de 2020

Avenida de Roma, Bairro de Alvalade: desertos de uma cidade sem vida

Hoje na Avenida de Roma... deserta
Máscaras, rostos desconfiados
A Marisqueira "Tico-Tico", na Av. Rio de Janeiro (Largo da Igreja, Alvalade)
Av. Rio da Janeiro
Rua Marquesa da Alorna (Alvalade)
Av. Maria Amália Vaz de Carvalho e o Liceu Rainha Dona Leonor
"Burger King" da Av. de Roma (em take-away), antiga Pastelaria "Sul América"
Nem carros nem pessoas na Av. de Roma
Av. de Roma, cruzamento com a Av. dos Estados Unidos da América
Avenida dos Estados Unidos da América
A famosa Pastelaria "Luanda"
Neste prédio da Av. de Roma, celebrou-se no último andar a Abrilada...
A saudosa Pastelaria "Suprema", há já alguns anos encerrada
Uma das mais antigas e mais emblemáticas lojas da Av. de Roma. Mas agora
tudo pode modificar-se...
Centro Comercial Roma: à espera que a vida volte
Avenida de Roma: como nunca a vimos!
Uma imagem agora rara: um avião a levantar
O "bunker" da Caixa-Geral de Depósitos (Campo Pequeno) e a bandeira ao vento
Campo Pequeno, o hotel dos toureiros. Fechado como todos os outros
Campo Pequeno: bicicletas paradas e uma Caixa Solidária, numa árvore, para
se deixar produtos necessários para apoiar os mais necessitados do bairro


Vê-se gente, pouca, nas ruas, de máscaras e olhares estranhos, desconfiados, amedrontados, Lisboa continua "em parte incerta", tudo vazio no meio de uma "guerra" onde não se sabe de onde vêm as "balas"...

Miguel Alvarenga - Há mais de 200 anos, em 1816, Napoleão Bonaparte afirmou que a China não estava condenada à decadência. "Quando a China acordar, o mundo tremerá", disse. E esse é precisamente o título do livro escrito em 1975 pelo jornalista e antigo ministro francês Alain Peyrefitte, que está esgotadíssimo mas consegui encontrar no OLX (encontra-se lá tudo!), uma edição do Círculo dos Leitores - que me recomendou, como já aqui referi, o meu amigo Jaime Amante.
Comecei a ler ontem - e confesso que não dormi bem. É assustador e 45 anos depois de ter sido escrito, assume-se hoje como uma espécie de profecia sobre os dias que estamos a viver. A China acordou, de facto. E o mundo está a tremer.
Vivemos em tempo de "guerra", quer queiram ou não assumi-lo. Uma "guerra" com um inimigo invisível e com "balas" que podem surgir de qualquer lado e não sabemos de onde. Das quais nos não conseguimos desviar. Os coletes à prova de bala agora são máscaras e luvas e desinfectantes em gel. As pessoas andam na rua amordaçadas e com olhares desconfiados, amedrontados. As ruas das cidades estão quase desertas. Lisboa é uma cidade adormecida e triste. Que parece mesmo "ter partido para parte incerta".
Hoje andei pelo Bairro de Alvalade, pela cosmopolita Avenida de Roma, cheia de movimento sempre, de vida e de alegria, e hoje parece que "fechada para balanço" e até um dia - que não sabemos quando será.
Taurinamente falando, as notícias continuam a ser nenhumas. Aos poucos, deixando para o fim, como que a tapar o sol com uma paneira, as empreas lá vão anunciando o cancelamento das suas corridas, sorte inevitável para a esmagadora maioria dos festejos tauromáquicos que estavam previstos para esta temporada. Hoje foi a vez da Câmara da Chamusca anunciar o cancelamento da tradicional Feira da Ascensão e da nova empresa de Coruche anunciar a suspensão da sua primeira corrida no último dia do mês de Maio. Outras se seguirão.
Depois do Presidente Marcelo ter recebido vários agentes do mundo da Cultura e ter ignorado por completo, uma vez mais, a Tauromaquia, também o primeiro-ministro António Costa recebeu hoje empresários do mundo da Cultura e do Desporto e a Tauromaquia ficou uma vez mais à porta. Paulo Pessoa de Carvalho, presidente da Associação Portuguesa de Empresários Tauromáquicos, disse ao site touroeouro.pt, dizem-me, porque há mais de um mês, não sei porquê, que não consigo aceder ao site do Hugo Calado, que "não sabia de nada"... E assim se vê a força da Tauromaquia. Ninguém sabe de nada (fazem alguma coisa por saber?) e também ninguém lhes diz nada.
Os políticos ignoram pura e simplesmente a Tauromaquia. Ontem falei disso aqui, perguntei onde andavam eles, os políticos que diziam defender a Festa Brava e que iam às corridas do Campo Pequeno, assistindo no camarote da PróToiro.
Meu dito, meu feito. Hoje o Grupo Parlamentar do CDS, por intermédio do seu deputado aficionado João Pinho de Almeida, confrontou o primeiro-ministro sobre o escândalo da exclusão do sector tauromáquico nas reuniões com os agentes da Cultura. Aplaudo o CDS e aplaudo João Almeida. O Chega está calado. O CDS defende-nos.
A vida continua - apesar de estar tão diferente. Os proprietários dos restaurantes continuam a afirmar que não os querem abrir sob tão rígidas restrições que o Governo vai anunciar. Até a febre nos têm que tirar, substituindo-se aos profissionais da saúde. Irra, que é demais. Só voltarei a restaurantes quando tudo for normal, por mais que entenda que vai ser necessário e urgente apoiar a economia nacional. Mas recuso-me a que me tirem a febre para almoçar e não quer estar sentado numa mesa "virtual" com acrílicos à minha volta. Continuem mas é em regime da take-away e abram só quando tudo estiver normalizado. Nem que seja - como parece que vai ser - só dentro de um ano.
Merda de vida a que estamos a viver.
Fiquem bem.

Fotos M. Alvarenga