Associações do mundo tauromáquico admitem a hipótese de vir a realizar corridas de toiros... à porta fechada |
António Costa anunciará na próxima semana a data prevista para o regresso dos grandes espectáculos de massas |
O primeiro-ministro anunciou hoje que anunciará na próxima semana a data prevista para o regresso dos espectáculos de massas. Entretanto, no meio taurino há quem se esteja a mexer para até lá organizar touradas à porta fechada e isso já está a dividir a classe empresarial e não só...
Ao anunciar hoje as medidas gerais do processo gradual de desconfinamento, António Costa anunciou também que durante a próxima semana dará a primeira luz verde sobre as previsões de quando vão voltar a realizar-se espectáculos de massas - que se prevê seja a partir do dia 1 de Setembro, se entretanto todo este processo de "abertura" não der mau resultado e tudo voltar à estaca zero.
Sem nunca referir, como é hábito, o sector tauromáquico, o primeiro-ministro evidenciou algum optimismo quanto ao regresso dos grandes espectáculos - mas nunca antes do mês de Setembro, o que inviabiliza, à partida, a realização de algumas das principais feiras taurinas de Agosto, casos das de Alcochete e de Abiul e da Arruda dos Vinhos, entre outras.
Até lá, as touradas podem regressar - e há quem esteja já a trabalhar nesse sentido - mas em formato completamente inédito: à porta fechada, como os jogos de futebol, isto é, sem um único espectador na bancada.
Já há mesmo toureiros e ganadeiros que foram contactados nesse sentido e, ao que apurámos, o processo pode mesmo avançar. Em termos, também, muito diferentes dos moldes normais. As únicas receitas previsíveis - muito inferiores às de um espectáculo vulgar - viriam do público que, para ver essas corridas, teria que subscrever um canal fechado. Um insignificância que não chega "nem para o tabaco". Isto é: ganadeiros e toureiros disponibilizar-se-iam mais para "matar o bicho" do que propriamente para se sentirem recompensados. Mesmo que se conseguissem alguns apoios publicitários de empresas que poderiam apoiar estas realizações, os lucros finais ficarão sempre muito, mas muito aquém dos resultados financeiros normais de um espectáculo tauromáquico.
Em Espanha, houve quem alvitrasse também essa possibilidade, mas o matador de toiros Morante de la Puebla terá travado alguns ímpetos quando afirmou que "fazer corridas de toiros sem público é um verdadeiro sacrilégio".
Algumas associações representativas de sectores da vida tauromáquica estão também neste momento, ao que apurámos, a alvitrar a possibilidade de, numa primeira fase e após a abertura ao regresso dos espectáculos de massas, se realizarem corridas em praças de zonas onde se sentiu menos a crise do Covid-19, nomeadamente no Alentejo, o que está a dividir a classe empresarial. Há empresários que nos dizem "não ter sido vistos nem achados" pela associação que os representa, a APET (Associação Portuguesa de Empresários Tauromáquicos) e que gerem praças de outras zonas do país que não terão sido sequer referidas nesse "estudo" que está a ser feito.
Esperemos então pelo que o primeiro-ministro vai anunciar na próxima semana, para saber a data certa em que se prevê o regresso dos espectáculos de massas. Em Espanha, já foi anunciado que, a realizarem-se, as primeiras corridas terão lotações limitadas e os espectadores têm que estar espaçados nove metros quadrados uns dos outros - o que significa que em alguns tauródromos não poderão estar mais de 400 pessoas, um número irrisório e inviável, dizem os empresários espanhóis, para poder fazer face aos custos de um espectáculo.
Fotos D.R. e Emílio de Jesus/Arquivo