quarta-feira, 29 de abril de 2020

Há 50 anos: revista "O Século Ilustrado" dedicada à morte de Salazar dava grande destaque ao festival do Campo Pequeno a favor das vítimas do terramoto no Peru

A reportagem de Leopoldo Nunes há 50 anos na revista "O Século
Ilustrado"
O programa do festival e o anúncio ao tempo publicado na imprensa.
Em baixo, a capa da revista "O Século Ilustrado"


Há 50 anos, na sua edição de 1 de Agosto de 1970, praticamente dedicada à morte do Prof. Salazar, ocorrida a 27 de Julho, a revista “O Século Ilustrado” dedicava, pela pena de Leopoldo Nunes, uma página ao sucesso do grande festival taurino celebrado no Campo Pequeno a favor das vítimas do terramoto do Peru


A edição de 1 de Agosto de 1970 da revista “O Século Ilustrado” (nº 1.700), uma das mais destacadas publicações da época, era praticamente toda dedicada ao Prof. António de Oliveira Salazar, que morrera dias antes, a 27 de Julho.
Mesmo assim e sob o título “Os corações e a arte dos toureiros ao serviço das vítimas do terramoto do Peru”, pela pena de Mestre Leopoldo Nunes (ao tempo decano dos críticos tauromáquicos e também decano dos jornalistas portugueses), a revista dava significativo destaque ao sucesso do festival taurino que a antiga cavaleira (peruana) Conchita Cintrón organizara no Campo Pequeno a 16 de Julho a favor das vítimas do terramoto que nesse ano assolara o seu país.
Lidaram-se sete novilhos-toiros de António Cabral Ascensão e o cartel, só de matadores - anunciado como “o maior cartaz do mundo” - teve a participação das grandes figuras do toureio António Bienvenida, Manuel dos Santos, Miguel Báez “Litri”, António Chenel “Antoñete” (que substituiu o anunciado Paco Camino), Amadeu dos Anjos e José Falcão e ainda do famoso e temido crítico taurino espanhol Alfonso Navalón. Conchita Cintrón, ao tempo já retirada das arenas, abriu praça, sob fortíssima ovação, participando a cavalo nas cortesias.
Reproduzimos na íntegra o texto de Mestre Leopoldo Nunes, onde, curiosamente, não é feita nenhuma referência às actuações de “Litri” e de Navalón:

"O festival que a famosa rejoneadora D. Conchita Cintrón de Castelo Branco e os empresários Manuel dos Santos e José Cardal promoveram no Campo Pequeno a favor da vítimas do terramoto do Peru, foi um dos melhores dos últimos tempos.
"Com novilhos touros verdadeiramente preciosos, quatro deles quanto à bravura, nobreza e suavidade, do ganadeiro António Cabral Ascensão, surgiram como nos seus melhores tempos Manuel dos Santos e António Bienvenida; em pujante e inigualável forma António Chenel “Antoñete”; e em grande forma Amadeu dos Anjos e José Falcão.
"O espectáculo teve dois êxitos: o artístico, de que há-de falar-se sempre, como sensacional que foi; e o financeiro. O público, enchendo a praça, deu uma bela prova de solidariedade humana; e os toureiros ofereceram os seus corações e a sua arte, generosamente, dando mais uma vez testemunho da sua sensibilidade e da sua excelente formação espiritual e moral".

Fotos D.R.