domingo, 26 de abril de 2020

Empresário Ferreira Paulo escreve Carta Aberta ao Presidente da República

O empresário tauromáquico José Manuel Ferreira Paulo, autor desta Carta Aberta
ao Presidente da República
O empresário Ferreira Paulo com os antigos Presidentes da República Mário
Soares e Jorge Sampaio em 1992 no Salão Nobre da praça do Campo Pequeno
num acto comemorativo do centenário de tão emblemático monumento lisboeta
Setembro de 2015. Em pré-campanha eleitoral, Marcelo Rebelo de Sousa fez
crer aos aficionados que estava a seu lado, comparecendo num festejo taurino
na praça de toiros de Sobral de Monte Agraço. Depois de eleito Presidente da
República, nunca mais esteve numa praça de toiros e até ignorou o centenário
da emblemática praça do Campo Pequeno...


Revoltado com o eterno esquecimento a que tem votado a arte tauromáquica, o empresário José Manuel Ferreira Paulo escreve esta Carta Aberta do Presidente da República

Évora, 26/04/20

Exmº. Sr. Presidente,

Tenho vergonha de si! Quero começar por dizer-lhe que não é o Presidente de todos os portugueses. Meu não é! Nunca votei em si. Graças a Deus. A mim não me enganou.
O Sr. Presidente quer-se dar bem com Deus e com o Diabo, mas acima de tudo com aqueles que lhe dão votos, nem que para isso tenha que dar o dito pelo não dito.
Dirijo-me a V. Exa. na qualidade de cidadão português e de aficionado do mundo tauromáquico, se não se lembra, parte integrante da cultura portuguesa, por muito que queira renegar e empurrar para o esquecimento. Como fazem outros responsáveis governativos, esquecendo, tal como o Senhor, uma vez nos cargos, que devem abdicar  de gostos ou apetites pessoais e  do medo... e não praticar bulling cultural, nem amordaçar consciências e vender a alma a troco de meia dúzia de votos como obrigou ao silêncio o primeiro-ministro Costa na AR na votação do orçamento os deputados do PS (democraticamente  não podem ter opinião....).
Recordei  recentemente  uma sua entrevista  em que dizia: "Há todo um valor cultural e histórico a apoiar na tauromaquia,…." e até disse "com o meu apoio pessoal não vão cair tradições culturais como  a tauromaquia e quem o quiser fazer não entende uma das tradições do Povo português", como também recordei a sua presença numa trincheira em plena campanha eleitoral para a presidência.... Como se pode ser tão hipócrita? Como se vende a alma tão facilmente ao diabo… São os políticos que temos!
Que tristeza quando os homens valem tão pouco e não se respeitam naquilo que dizem… ou quando se vendem ao medo de uns quantos votos.
Li que ontem, estilo farsa, quis fazer um apelo à união dos portugueses, será mais uma das suas, Sr. Presidente… Porque quem renega a nossa cultura tauromáquica e outras, esquecendo o que já defendeu e ignorando parte do mundo rural e da economia que se move ao redor dessas actividades, merece ser denunciado e pouco respeitado.
Também o vi a entregar uns saquinhos aos sem abrigo, que bem necessitam, mas em vez de dar com o dinheiro dos portugueses, pois aquilo foi comprado de certeza com dinheiro público, para que houvesse campanha eleitoral e promoção de V. Ex., seria mais bonito ser comprado por si e entregue sem alaridos. Fazer campanha utilizando a miséria dos outros... Teria V. Ex. lá ido sem televisões e selfies?…
Sendo V. Ex. um constitucionalista recomendo-lhe que se recorde do que consta na Constituição da República Portuguesa no que concerne à Cultura. Depois, que tenha vergonha de ter assinado uma descriminação no que ao IVA  diz respeito  no orçamento...  Quando promulgou o IVA a 23% discriminatoriamente à tauromaquia. Que vergonha Sr. Presidente, ser V. Ex. a tourear a Constituição por falta de valor.
Ontem, recebeu representantes da cultura, esqueceu-se de dizer que recebeu os que lhe apeteceu, não os recebeu a todos. Mais uma vez submisso ao PS por causa dos votos fez descriminação.
V. Ex. nem às comemorações do 125º aniversário do Campo Pequeno se dignou assistir. Sabe porquê? Porque lhe falta aquilo que os Homens dos toiros têm...

José Manuel Ferreira Paulo

Fotos Emílio de Jesus/Arquivo e Maria Mil-Homens