quinta-feira, 30 de abril de 2020

Ferreira Paulo polémico: "Estão a fazer tudo nas costas dos empresários, sem nos darem cavaco..."


Polémico e frontal, como sempre, o empresário José Manuel Ferreira Paulo acusa a APET e outras associações do sector tauromáquico de estarem "a fazer planos e a traçar estratégias sem dar cavaco aos empresários"

Sem papas na língua, como é seu timbre, o empresário José Manuel Ferreira Paulo (Cachapim) disse hoje ao "Farpas" que a Associação Portuguesa de Empresários Tauromáquicos (APET) e outras associações do sector "estão a fazer planos para que se realizem corridas em praças de zonas onde houve poucos casos de Covid-19, nomeadamente no Alentejo" e "estão também a projectar realizar touradas à porta fechada", mas "eu soube disso por terceiros, a APET, a mim e a outros empresários com quem falei, ainda não disse nada", acusando o presidente da associação, Paulo Pessoa de Carvalho, de "nunca ter tempo e nunca estar disponível para falar connosco".
No que diz respeito ao projecto de se realizarem corridas à porta fechada, Ferreira Paulo diz "não ser contra":
"Os lucros obtidos por algum apoio publicitário que consigam granjear e pelo pagamento do público a um canal fechado para poder 'assistir' à tourada, não serão minimamente significativos e muito menos viáveis, mas se os ganadeiros e os toureiros embarcarem nisso, o problema é deles e não meu".
Já quanto à hipótese de, numa primeira fase, se realizarem espectáculos tauromáquicos em praças de zonas menos afectadas pelo coronavírus, diz-nos o empresário:
"Até serei beneficiado com isso, porque sou co-proprietário da praça alentejana de Beja, mas acho que a APET e as outras associações do sector deveriam falar connosco, empresários, e não fazer as coisas, como fazem sempre, às escondidas de todos. O que dirão, por exemplo, os empresários de outras praças, como, por exemplo, as das Caldas, da Nazaré, de Tomar ou outras? Certamente que se sentirão mal ao constatarem que a sua própria associação os está a manter à margem".
E acrescenta, a terminar:
"Cada vez que há uma reunião da PróToiro, a maior preocupação é que não saia dali nenhuma informação para a imprensa, é tudo 'à porta fechada', no maior secretismo, como se isto fosse a Maçonaria... E agora andam a tratar de coisas nas nossas costas, sem nos ouvir e sem nos dizerem nada. Eu soube disso das praças alentejanas e das touradas à porta fechada por terceiros, ainda ninguém da APET me contactou ou disse alguma coisa. Esses senhores têm que fazer as coisas com mais clareza e com mais transparêcia. Eu e outros empresários, posso dizer nomes, mas não o vou fazer por enquanto, estamos descontentes com toda esta situação. Esta PróToiro é cada vez mais misteriosa... e não deveria sê-lo. Pergunto, por exemplo: onde estão as contas do festival do Dia da Tauromaquia? Era a favor da PróToiro, acho muito bem. Mas quando se faz um festival de beneficência, há pelo menos a obrigação de no final se apresentarem as contas. Onde estão elas?".

Foto Emílio de Jesus/Arquivo