 |
| Toureiros manifestaram-se ontem contra a discriminação do Governo em relação ao sector. Espectáculos ao vivo regressaram com um show do humorista Bruno Nogueira precisamente na praça do Campo Pequeno (fotos de baixo), a "casa dos toureiros" |
Espectáculo do humorista Bruno Nogueira marcou ontem na "casa dos toureiros", a praça do Campo Pequeno, o desconfinamento dos espectáculos culturais. Mas a Tauromaquia continua "não autorizada". Governo promete retoma do sector depois de 1 de Julho
Miguel Alvarenga - Estas fotos (cujos autores desconhecemos) circulam nas redes sociais e não dizem respeito a um espectáculo tauromáquico. Retratam o Campo Pequeno, ontem, com cerca de duas mil e quinhentas pessoas e bilhetes a preços simbólicos de cinco euros, no primeiro espectáculo ao vivo realizado no primeiro dia da nova fase do desconfinamento. Tratou-se de um espectáculo do humorista Bruno Nogueira, promovido pelo empresário Álvaro Covões e em que estiveram presentes o primeiro-ministro Antóno Costa e a ministra da Cultura Graça Fonseca. O espectáculo, cuja limitada lotação esgotou em pouco mais de dez minutos nas vésperas, terá esta noite uma sessão extra, onde vai estar presente o Presidente da República.
Não temos, nem teria lógica que tivessemos, nada contra Bruno Nogueira e contra este espectáculo. Pelo contrário, até aplaudimos e nos regozijamos por, depois de quase três meses, terem voltado os espectáculos culturais ao vivo.
Apenas questionamos o que muitos portugueses têm estado a questionar nas redes sociais, o que Miguel Sousa Tavares questionou ontem na sua intervenção na TVI, o que partidos como o CDS/PP e o PSD já questionaram também à ministra da Cultura e o que sector tauromáquico questionou precisamente ontem na concentração de protesto que levou a cabo junto à Monumental de Lisboa; e trata-se, afinal, de uma questão tão simples: se podem já realizar-se espectáculos de outra índole, e ainda por cima na "casa dos toureiros", a praça do Campo Pequeno, faz algum sentido, tem alguma lógica, que ainda não se possam também realizar corridas de toiros?
Se as normas de prevenção para todos os espectáculos culturais foram estudadas e anunciadas com a antecedência necessária que permitiu ontem o regresso dos mesmos, porque razão o Governo e a DGS deixaram para o fim o estudo das novas normas para as corridas de toiros? Equacionou-se tudo, menos a reabertura do sector tauromáquico - porquê? "Porque a perseguição às touradas continua", disse ontem Miguel Sousa Tavares. "Porque a discriminação continua em relação a nós", dizem os toureiros.
O Ministério da Cultura informou ontem, através da IGAC, que estarão prontas até ao fim deste mês as normas que estão neste momento a ser estudadas para que voltem a abrir, depois de 1 de Julho, as praças de toiros, tendo em conta que, sob diversos aspectos, os espectáculos não serão ainda realizados nos moldes habituais: haverá distanciamento entre espectadores que não sejam da mesma família, haverá por isso uma redução das lotações dos recintos e haverá, obviamente, medidas de prevenção do contágio da Covid-19, que passam, como hoje refere o site touroeouro.com, pela realização do sorteio dos toiros de forma distinta e com menos aglomeração de pessoas, por medidas especiais em relação aos forcados (que constituem, pelo ajuntamento no momento da pega, o maior grupo de risco no espectáculo, mas jamais poderão deixar de participar nas corridas) e, como ontem nos referiram alguns membros da PróToiro, está também a ser equacionado o uso de uma nova bandarilha que embora castigue na mesma o toiro, provoque menos sangue.
Os toureiros estão a tentar que os espectáculos regressem já depois do próximo dia 15 deste mês, mas as inidicações ontem dadas pelo Ministério da Cultura apontam para mais quinze dias de confinamento tauromáquico, só reabrindo as praças depois de 1 de Julho. Mas que reabram - é o que todos esperamos.
Fotos D.R./Facebook
