Miguel Alvarenga - Calminha e caldos da galinha nunca fizeram mal a ninguém, bem pelo contrário. Calminhas e prudentes, mais vale prevenir que remediar, quatro empresas cancelaram as corridas que tinha agendadas para o dia de ontem, depois de anunciadas pelos serviços meteorológicos as previsões (que não se confirmaram em todas as localidades, mas...) de tormenta, chuva e trovoadas: Azambuja (corrida adiada para 8 de Outubro), Granja, Amieira e Caldas da Rainha foram ao ar, não fosse a chuva tecê-las... E ficou também sem efeito a corrida que hoje, domingo, se realizaria em Salvaterra de Magos, agora adiada, para 22 de Outubro (se o tempo o permitir).
Neste fim-de-semana chuvoso, realizaram-se apenas as corridas que estavam anunciadas para Almeirim (na sexta-feira) e Moita (ontem).
Para sexta-feira ainda não davam chuva e a Monumental de Almeirim encheu (foto de cima), pouco faltando para voltar a esgotar a lotação, como acontecera na corrida de Maio. Foi, diz quem lá esteve, uma corrida animada e com excelente resultado artístico, sobretudo com grandes triunfos de Marcos Bastinhas e António Telles Filho, tendo Francisco Palha estado menos regular nos dois toiros. Boas pegas dos grupos de Lisboa e Chamusca e toiros de nota alta de Passanha.
Um triunfo, também, do empresário Rui Bento, co-promotor das corridas em Almeirim em parceria com a Santa Casa. Uma temporada em cheio e de grande sucesso para Rui Bento e a sua empresa Doses de Bravura, com praças cheias e grandes espectáculos nas quatro corridas da Nazaré e nas duas de Almeirim (esgotada a primeira).
Nesta corrida de Almeirim, a lamentar apenas o azar sofrido pelo cavaleiro Marcos Bastinhas, cujo cavalo "Jaguar", que se ia estrear precisamente nesta corrida, morreu no exterior da praça, antes do espectáculo, quando o cavaleiro se preparava para o montar e o aquecer. Teve morte súbita. Mesmo assim, Bastinhas conseguiu ter a moral em alta e entrar em praça, alcançando dois triunfos memoráveis.
Ontem na Moita, o empresário Ricardo Levesinho foi o único teimoso que levou para a frente uma corrida neste sábado em que todos os outros andaram para trás. Levesinho, outra vez, uns furos acima da concorrência e a marcar a diferença!
As previsões de mau tempo desmotivaram, contudo, o público e, ao contrário do que aconteceu nas duas primeiras corridas da Feira da Moita, esta última ficou-se por meia casa fraca e muito pouco ambiente nas bancadas.
Artisticamente, a corrida foi assim-assim, diz quem viu. "Nem fu, nem fá", escreveu Solange Pinto no seu site, única crónica que até agora foi dada à estampa sobre a nocturna moitense de ontem.
Os momentos mais destacados terão sido as actuações do cavaleiro João Moura Júnior com dois toiros bons de Monte Cadema; e os emotivos pares de bandarilhas do matador "Cuqui". Bem como as pegas dos grupos de Santarém e Vila Franca, todas à primeira: por Santarém foram caras Francisco Cabaço e o cabo Francisco Graciosa; por Vila Franca pegaram Rodrigo Andrade e Guilherme Dotti.
António Telles não teve grande opções com os dois toiros de Monte Cadema que lidou, o primeiro dos quais a precisar de óculos...; e, a pé, os toiros espanhóis de Juan Albarrán, de escasso trapio, não ajudaram os matadores (o público começa a desconfiar, e com razões para isso, desta mania de trazer toiros espanhóis sempre que cá vêm toureiros espanhóis...). O espanhol Juan Ortega deixou um ar da sua (muita) graça e o nosso "Cuqui" enfrentou os dois toiros do seu lote com ganas e com atitude, mas sem êxito por falta de matéria prima. Brindou a primeira faena a Morante de la Puebla, que assistiu ontem à corrida na Moita (a Lisboa não veio assistir...).
Digam o que disserem, inventem o que inventarem, a realidade é que já não está tempo para touradas, a não ser nas praças cobertas. Isto é um espectáculo para ser ver com sol e moscas.
Foto D.R.