segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Festa de luto: morreu "Balé"


Miguel Alvarenga - Se há pessoas de quem normalmente se diz que eram maravilhosas só por que morreram, o "Balé" não foi uma delas. Era mesmo uma pessoa maravilhosa. Um homem encantador, divertido, com uma vida vivida em pleno, penso que "saborosíssima" como a do Raul Solnado. Convivi com ele tantas vezes e nem o verdadeiro nome sei. Qualquer coisa Rosa de apelido. "Balé" para sempre e sempre.
Foi forcado, mas foi sobretudo um aficionado de referência. Moita, Montijo e Alcochete eram os seus terrenos. Havia sempre nele um sorriso, uma palavra amiga, uma graça. Era um aficionado de referência. Ele e Lupi, Lupi e ele. Ele e Pedrito, por quem nutria uma admiração grande. Foi na sua casa da Moita, lembro-me como se fosse hoje, que Pedrito se "refugiou" na noite em que matou o toiro na praça "Daniel do Nascimento".
Era um português típico. Gostava da boa mesa, do bom vinho, do uísque, dos toiros e do fado (foi casado com a fadista Leopoldina da Guia, também já falecida), pai de forcados valentes como o Pedro, o Miguel e o Bernardo.
Gostava muito dele. E sei que ele gostava de mim.
Estava há alguns meses internado, vítima de graves problemas respiratórios. Soube hoje pela Solange que morrera, que por ele guardaram ontem um emotivo minuto de silêncio na praça de Alcochete. Fiquei triste.
Resta guardar a memória que dele tenho. Abraçar seus filhos e filhas, endereçar os meus sentidos pêsames a toda a ilustre Família enlutada. Dizer ainda que homens e aficionados como o "Balé" já não existem muitos. Ele pertencia a uma raça em vias de extinção. Deixa um legado triste de amigos que ficam "orfãos". Mas há-de continuar entre nós para sempre. O "Balé" foi um daqueles que nem a morte conseguia matar.

Foto Emílio/Arquivo "Farpas"