sábado, 25 de fevereiro de 2012

Empresários, classe com pouca classe: Pessoa demite-se, Bento lidera e "Nené" sob fogo


Ficou marcada por alguma agitação e um acentuado clima de divisão (p'ra variar...) a assembleia-geral da Associação Portuguesa de Empresários Tauromáquicos (APET), que ontem decorreu no Salão Nobre da praça de toiros do Campo Pequeno, com a presença de cerca de 15 dos 39 associados.
Paulo Pessoa de Carvalho, até aqui presidente da APET, apresentou a sua demissão - como tínhamos noticiado em primeira mão. É neste momento presidente demissionário, até que seja apresentada uma lista de candidatos aos orgãos directivos da associação - que tem nova reunião magna agendada para o dia 15 de Março.
Rui Bento, frontal, directo e sem papas na língua, liderou toda a reunião e foi a voz do consenso numa classe onde falta o bom senso e onde não existe, sobretudo, classe nenhuma... O gerente do Campo Pequeno manteve "sob fogo" a empresa "Toiros & Tauromaquia", do histórico António Manuel Cardoso "Nené", não se esquivando mesmo a comparar os tempos da sociedade deste com o prestigiado Rogério Amaro e os tempos de hoje, com um "sócio encapotado" (António Manuel Barata Gomes) e outro "efectivo", proprietário de um talho, o senhor Caçoete... Bento foi duríssimo para com a empresa de "Nené", sobretudo pelo facto de estar ter anunciado para a praça de Évora uma Festa do Forcado, quando a mesma estava há semanas agendada para o Campo Pequeno. "Nené" "meteu o rabinho entre as pernas" e mal ripostou. Anunciou que realizará a Festa do Forcado oito dias depois da de Lisboa... e não antes.
Pelo meio, o tal senhor Caçoete atirou-se forte e feio ao prestigiado empresário Ricardo Levesinho, por este ter organizado um festival em Vila Franca no mesmo dia da tradicional abertura da temporada em Alcochete (Domingo de Ramos), mas usou tais modos na "conversação" que o adjudicatário da "Palha Blanco" os interpretou mesmo como "ameaças".
Rui Bento voltou a impor e ordem e assume-se, à partida, como o mais provável candidato a sucessor de Pessoa na presidência da APET. Já lá vai, infelizmente, o tempo em que os empresários taurinos portugueses se chamavam José Guerra, Manuel dos Santos, Alfredo Ovelha, Agostinho dos Santos, Manuel Gonçalves e outros nomes de nomeada. Hoje, infelizmente também e salvo raríssimas excepções - que se contam pelos dedos de uma mão - o empresariado tauromáquico em Portugal é dominado por uma esmagadora maioria de "pés descalços" sem o mínimo de classe - e, acima de tudo, sem qualquer cultura taurina. Mas também não é para admirar: temos esta espécie de país que temos, com os políticos e os gestores que temos... e a que não podiam ser alheiros os "novos senhores" que mandam na Tauromaquia...
A "assembleia" de ontem mais parecia uma peixeirada do Mercado do Bulhão ou da Ribeira, a que valeu o bom senso e a liderança de Rui Bento.
A próxima reunião da APET está marcada para 15 de Março no Campo Pequeno. A agenda da nova reunião magna inclui desta vez as corridas televisionadas. Os empresários querem pedir mais dinheiro às televisões, segundo a posição tomada em Espanha pelo denominado G-10. 15 mil e 500 euros é o valor fixado para "cobrar" às estações televisivas a transmissão de corridas - que é quase o mesmo que dizer que vão acabar com elas. Desse (hipotético) valor, 9,500 euros "tocam" ao Fundo de Assistência dos Toureiros, 3 mil à Associação de Empresários e 3 mil à Associação de Ganadeiros...

Foto D.R.