domingo, 29 de abril de 2012

Sevilha foi assim: Ventura comandou e Noélia surpreendeu

Valorosa estreia de Noélia Mota em Sevilha: foi a surpresa
Fermín Bohórquez: muita classe
Ventura marcou a diferença: duas orelhas
Rui Fernandes encastou-se depois da tragédia e superou-a com uma faena
brilhante premiada com uma orelha
Moura Jr. toureou bem, mas matou mal
Grande actuação de Francisco Palha, a "abrir o apetite"
a "nuestros hermanos" ( e anós!) para o verem em Madrid a 26 de Maio



Miguel Alvarenga - Frente a manejáveis toiros de Bohórquez, de muito bom jogo, três espanhóis e três portugueses proporcionaram esta manhã uma belíssima corrida de rejoneio em Sevilha, tristemente marcada, apenas, pela trágica cornada que vitimou o cavalo "Xelim" de Rui Fernandes. A praça, apesar do meu tempo, registou três quartos fortes das bancadas preenchidas e a chuva fez-me mesmo sentir nos dois últimos toiros durante as lides de Noélia Mota e Francisco Palha.
Diego Ventura esteve "no comando", cortando duas merecidas orelhas (foto da direita) após vibrante actuação, em que arriscou tudo, face ao péssimo estado do piso da arena. A abrir praça, Fermín Bohórquez fez alarde da sua experiência e do seu classicismo. Não rematou a faena na hora de matar e foi ovacionado. Entre os espanhóis, a surpresa foi Noélia Mota, que se apresentava em Sevilha. Boa equitadora, bem montada e com um estilo clássico, sem "modernismos" exagerados, a jovem e simpática toureira conquistou o público sevilhano e terá subido importantes degraus na sua cotação como toureira. Cortou uma orelha, com forte petição da segunda e deu demorada e aplaudida volta ao ruedo, com o público entregue e entusiasmado (foto da esquerda).
Dos três portugueses e pese embora o acidente ocorrido logo no início da lide, Rui Fernandes foi um portento de raça, de entrega e de superação face à tragédia que acabara de viver. Toureou muitíssimo bem e matou de um certeiro rojão, obtendo a primeira orelha da corrida e tendo ainda petição da segunda.
João Moura Júnior toureou bem, mas matou mal - como é timbre da "casa Moura", como ironizou o comentador Manuel Vidrié, antigo rejoneador, que mesmo assim não se cansou, contudo, de elogiar a lide do cavaleiro de Monforte - que utilizou o agora já famoso cavalo "Mancha Branca", pelos vistos usado por todos os toureiros da casa. Também por seu Pai, o Maestro Moura e pelo irmão Miguel...
Extraordinária actuação assinou Francisco Palha, a quem os comentadores - Molés e Vidrié - não se cansaram de louvar, não apenas pelo classicismo do seu toureio, mas sobretudo pelo bem montado que está, "perfeitamente apto" para "desembarcar" em Madrid ao lado de Pablo e Ventura no próximo dia 26 de Maio. Uma actuação valorosa, cheia de bons pormenores, com entradas frontais e destemidas, "à melhor moda de Portugal", como referiu Vidrié. Pena que não rematasse tão brilhante labor com o rojão de morte, perdendo as orelhas.

Fotos Arjona/aplausos.es