quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

João Salgueiro em grande entrevista: "De certa maneira, fui o pai das exclusivas... mas não vou desvendar isso, vai ficar guardado no segredo!"





Irreverente, ousado, diferente. João Salgueiro, como sempre, igual a si próprio - e por ele próprio, nesta entrevista em que faz o balanço do ano das célebres "exclusivas" e aponta novos rumos e novos desafios, agora unido à empresa "Tauroleve" de Ricardo e Rui Levesinho. A alternativa do filho, João Salgueiro da Costa, é o marco que considera ir fazer história neste ano de 2014. Mas ele próprio promete novidades e reafirma a vontade de voltar a fazer coisas diferentes, "nem que seja saltar do cavalo e levar uma mocada do toiro"... tudo pode acontecer e tudo se pode esperar quando ele toureia. Actuou apenas dez vezes no ano passado e vai tourear mais este ano. A entrevista é longa e mesmo assim, muito ficou por dizer. Leiam, que vale mesmo a pena!


Entrevista de Miguel Alvarenga

- Ano novo, vida nova. Depois da temporada das "exclusivas", novo apoderamento da empresa "Tauroleve", o que podemos esperar deste ano, João?
- Cada ano é um ano, todos os anos são diferentes. Houve anos meus que correram muito bem, outros em que a expectativa era muita e depois as coisas não correram tão bem. Eu acho que cada ano é um ano e eu, tanto como pessoa, como toureiro, sou uma pessoa que improvisa sempre. A minha carreira foi sempre uma carreira de improviso. Mas não haja dúvida que este será um ano diferente...
- Porquê?
- Bom, o ano passado também acabou por ser um ano diferente. Fui o primeiro a despoletar toda esta situação das "exclusivas"...
- Foste "o pai" das "exclusivas"?...
- ... (risos) De certa maneira, acho que posso ter sido... É uma coisa que não vou querer desvendar, que vai ficar no segredo. Tenho sido o pai de muitas coisas que se têm feito no toureio... No ano passado fui o primeiro a assinar uma "exclusiva", ao fim de eu ter entrado, ao fim de três meses já estavam feitas outras com mais cinco ou seis toureiros... E toda a gente, no final, já achou muito bem e toda a gente já queria "exclusivas"... E quanto toda a gente estava a pensar que as "exclusivas" se iam renovar, essa situação terminou, o que, aliás, estava previsto. As "exclusivas" foram feitas por um ano, não foi por dois nem por três. E foi isso mesmo que aconteceu.
- Achas que, feito o balanço, foi positiva essa situação?
- Foi positiva. O ano pode não me ter corrido muito bem. Aliás, não posso dizer que tenho azar, porque sou católico e até gosto muito do dia 13 de Nossa Senhora de Fátima, mas era o ano de 2013 e confesso que o número não me agrada muito... mas já passou, estamos em 2014 e acho que estava na altura de ter uma relação de verdadeiro apoderamento como aquela que acabo de formar com a "Tauroleve" de Ricardo e Rui Levesinho. Hoje em dia em Portugal e de há muitos anos para cá, não existem relações de apoderamento como as de antigamente. Todos sabemos que não há apoderados e não tenho problema nenhum em o afirmar numa entrevista que certamente vai ser lida por toda a gente. Hoje já não há verdadeiros apoderados. Um toureiro tem que se entregar a uma pessoa que gere a sua carreira e em quem tem a máxima confiança. Estabelecem-se metas e o apoderado tem que ter completa autonomia para tratar de tudo. Era assim que acontecia com os apoderados antigos e é assim que vai acontecer este ano com o Ricardo Levesinho. Temos um projecto delineado e temos as nossas metas, vamos tentar atingi-las e se pudermos, ultrapassá-las mesmo. Penso que vai ser uma relação de verdadeiro apoderamento. Neste momento é muito fácil para os empresários falarem directamente com os toureiros e serem os próprios toureiros a tomar as decisões. É isso que hoje em dia se passa e não é isso que se vai passar connosco: neste caso as decisões não vão ser minhas, estabelecemos as nossas metas e o Ricardo tem completa autonomia para tratar de tudo e para fazer tudo, sem precisar de falar comigo. Acho que isso é que é o verdadeiro apoderado, que de há muitos anos para cá deixou de existir em Portugal. Tinha grande expectativa em encontrar uma pessoa que reunisse essas condições, em que eu acreditasse e em que eu depositasse toda a minha confiança. O Ricardo Levesinho está na Festa há poucos anos, já há alguns anos que mantemos uma óptima relação de carinho, de respeito e de apreço e se ele tem sido já muito importante para a Festa, este ano vai ser muito importante para mim e para o meu filho. É uma pessoa respeitada por todos e uma pessoa com quem me identifico, por todo o grande trabalho que tem desempenhado em prol da Festa, dos aficionados e dos toureiros. Por isso, estou neste projecto de alma e coração. São anos difíceis, mas acredito sempre que podemos superá-los, fazer melhor, marcar a diferença. Temos muita ilusão e penso que este ano podem ocorrer vários marcos históricos que marquem a temporada, como por exemplo a alternativa do meu filho...
- ... já lá vamos, João. Mas voltando ainda atrás, que balanço da temporada passada, do ano das "exclusivas"?
- Já tive épocas melhores, a todos os níveis, tanto a nível artístico, como economicamente. Mas acho que dentro daquilo que projectei e que delineei, acabou por ser um ano positivo. Estive ligado a pessoas às quais me ligava um carinho muito grande, nomeadamente à Família Barata Gomes, com quem tenho uma amizade que vem dos tempos do pai do António Manuel, desde que tirei a prova de praticante que vou comer e me visto na "Casa das Enguias" ou na casa particular do António Manuel, é uma ligação de há muitos anos, é uma Família excepcional. Não quero deixar de falar também do Albino Caçoete, que também me acompanhou e com o qual criei uma amizade que acho que vai perdurar por muitos anos. E, resumindo, foi uma temporada com pouco marketing, as pessoas não deram muito por coisas importantes que se passaram, mas passaram-se coisas importantes e não posso deixar de considerar que foi uma temporada positiva. Foi uma temporada muito reduzida, com apenas dez corridas, mas recordo muitas delas, como por exemplo a dos Açores, numa feira muito importante e onde fui considerado o triunfador pelo terceiro ano consecutivo. Marcou-me também a minha actuação em Lisboa, onde devo ter toureado o melhor e o pior toiro da temporada do Campo Pequeno... o segundo toiro era um toiro difícil, se calhar podia ter feito mais, mas no primeiro tive uma das melhores lides do ano em Lisboa, uma lide que valoro porque toureei de improviso e terminei com aquele último ferro , que me saíu sem nunca ter treinado aquilo. Não posso também esquecer Santarém, uma praça que me diz muito porque foi inaugurada pelo meu Avô com um toiro lá de casa e onde o meu Pai tomou a alternativa, tenho uma ligação muito forte com Santarém e tive lá uma grande actuação no último ano com um toiro de Vale do Sorraia. Não posso também esquecer a última lide que tive em Évora, onde as coisas correram já mais ao meu nível. Ao fim e ao cabo, já falei de quatro ou cinco actuações numa temporada de apenas dez, por isso tenho que concluir que 2013 acabou por ser um ano positivo. Claro que quando se faz uma temporada tão curta, dá mais nas vistas se alguma coisa não corre tão bem. Além disso, repito, não houve um marketing que "vendesse" os êxitos importantes. Isso não estava nos objectivos desta empresa que fez as "exclusivas" e isso acho que foi uma das coisas que falharam, os êxitos e as coisas boas que se passaram não foram devidamente "explorados"... Mas, pronto, 2013 está passado. Tive também um triunfo importante em Almeirim, a praça onde tomei a alternativa e onde me sinto sempre a gosto e onde muito me acarinham. Digamos que cinquenta ou sessenta por cento das corridas foram corridas boas e por isso não posso deixar de considerar que foi uma temporada positiva...
- Mas foi a temporada com que sonhavas?...
- Eu sonho sempre mais! Claro que não foi a temporada que queria ter feito, sobretudo porque considero que toureei pouco e um toureiro tem que tourear sempre mais. Eu quero mais desafios, quero mais coisas e por isso penso que esta temporada de 2014 vai ser mais profissionalizada...
- ... com mais corridas?
- Com mais corridas, sim. Com mais desafios. E sobretudo vamos tentar todos ser mais profissionais, tanto eu como os meus novos apoderados, vamos tentar tirar os máximos dividendos num ano difícil...
- Falaste há pouco da falta de marketing, achas que falta marketing ao espectáculo tauromáquico em geral?
- Falta muita coisa! Penso que a Festa de Toiros tem que levar uma grande volta. Eu estou na Festa há quase trinta anos e hoje em dia o espectáculo é tal e qual o mesmo de antigamente. O mesmo tempo, as mesmas cortesias, os mesmos trajes, nada evoluiu, está tudo igual e eu penso que a Festa tem que evoluir rapidamente. São mudanças que custam, porque quanto mais vai passando o tempo, mais custa às pessoas aceitarem as modificações que se impõem. Não me perguntem quais deverão ser, porque também não me pertence a mim modificar as coisas, sou toureiro, não sou empresário, mas as pessoas que têm essa responsabilidade têm que fazer algo, têm que modificar as coisas a pouco e pouco para dinamizar mais e melhor a Festa de Toiros. Mas também acho que faltam aqui uma série de apoios. O espectáculo tauromáquico vive praticamente só das receitas de bilheteira. Não há espectáculo nenhum do mundo que sobreviva só das bilheteiras. Temos conseguido sobreviver só assim, mas é duro para todos. É um ciclo vicioso e todos os agentes que estão envolvidos na Festa de Toiros acabam por sofrer com tudo isso. Acho que merecíamos estar apoiados por grandes empresas e que assim tudo seria mais fácil... O espírito do forcado, o espírito do toureio estão na alma do povo português, são verdadeiros heróis. A arte do toureio é um acto de coragem, é um acto que é lusitano ao fim e ao acbo, ou ibérico, se quisermos. E temos que a enaltecer e que a engrandecer.
- Foste sempre um toureiro especial, dotado de uma genialidade fora do normal e de quem se pode sempre esperar tudo e mais alguma coisa, inclusivamente que saltes do cavalo e enfrentes o toiro a corpo limpo... como já aconteceu. Qual tem sido o teu segredo? Manter sempre essa expectativa no público?
- Bom, sobre esse caso do salto do cavalo, nem eu sabia que isso pudesse acontecer... hoje em dia sinto que tenho esse rótulo, essa marca... as pessoas, mesmo que eu tenha uma temporada menos boa e umas corridas menos boas, têm sempre a expectativa de que alguma coisa pode acontecer. Mas isso não foi premeditado, aconteceu porque aconteceu. Pode sempre acontecer tudo enquanto eu acreditar que posso fazer algo de diferente, querer ser o melhor que todos, manter a minha irreverência, puxar pela minha cabeça, querer fazer coisas diferentes, trazer coisas novas para o toureio. No dia em que deixar de fazer isso ou em que deixar de acreditar, então deixo de ser eu. Ainda hoje em dia vou a qualquer parte de Portugal e as pessoas dizem: "ah, você foi aquele que se 'amandou' do cavalo a baixo...". Se me dissessem cinco minutos antes que eu ia fazer aquilo, eu não sabia. Foi um acto de inconformismo, acho que se tinha que passar qualquer coisa... e se fosse preciso saltar do cavalo e levar uma mocada do toiro, qual era o problema?... Aconteceu. Foi um acto de rebeldia, de não querer perder. E quem for capaz de fazer igual, que faça... acho que podem passar muitas gerações, mas ninguém vai conseguir fazer aquilo que eu fiz nessa noite no Campo Pequeno... Não sei se foi bom, se foi mau, mas, olha, foi...
- Como naquela célebre corrida na Moita em que encostaste o João Moura e o Pablo Hermoso a um canto?...
- Às vezes há momentos na minha vida em que sinto que algo de especial vai acontecer. Nessa corrida na Moita, fui lá levar os cavalos na véspera à praça, entrei na arena à noite e senti que no dia seguinte alguma coisa de especial se iria ali passar. Mas ninguém esperava, até porque era uma altura em que eu estava mal montado e toda a gente dizia "coitado do Salgueiro, vai tourear aqui com esses dois monstros que estão em grande forma e num momento extraordinário e vai levar um aperto do caraças"... Houve um grande empresário espanhol, um grande homem dos toiros no mundo, não vou dizer nomes, que um dia me disse: "quando não estiveres preparado, não vás, uma pessoa quando tem um compromisso forte e não está preparado, não vai". E eu nunca fui capaz de seguir esse conselho. Esteja mal preparado ou bem preparado, nunca fui capaz de virar a cara à luta, porque acho que o público nos merece esse respeito e nós temos que saber perder e dar a cara e ir aos sítios, mesmo não estando a cem por cento. Por exemplo, em Setembro na Moita, quantas pessoas me disseram para não ir, ainda para mais toureando com o Ventura? Tinha um cavalo com uma cornada, que infelizmente até lá abriu um ponto, a lide até foi boa, mas não chegou ao público e depois acabou por não se passar nada. Eu ia limitado, tinha outro cavalo doente, mas o público não tem que saber disso, eu acho que um toureiro tem que dar sempre a cara e não ir só quando os outros estão "a morrer" e tu estás montado em cima da cátedra e então vamos lá dar cabo deles... isso não faz parte do meu conceito. Temos que ir à luta e não podemos virar a cara à luta. Às vezes também se ganha, mesmo quando se está montado apenas num Fiat 600 e os outros têm Ferraris...
- Depreendo pelas tuas palavras e pelo teu ânimo que vamos ter Salgueiro em força na temporada de 2014...
- Pelo menos é essa a minha ideia e acho que vai ser mesmo assim. Vai ser mesmo um ano bom!
- E o teu filho, João? Já anda há uns anos a mais a marcar passo e a prometer que vai ser figura, será desta?
- Tem neste momento todas as condições para isso! Eu também esperava que já tivesse sido há mais tempo, também esperava e queria. Mas as coisas têm demorado mais tempo, tem toureado poucas corridas, tem ganho experiência, tem estado a formar uma quadra, tem tido grandes actuações e outras menos, acho que tem sido um bocado irregular. Mas acredito que a qualquer momento vai "explodir", ele é novo e tenho a certeza que o João, assim que "engatar", já ninguém o pára! Vai ser uma figura do toureio.
- Onde vai ser a alternativa, já têm isso programado?
- Mais do que termos delineado, o João é que gere a carreira dele, acho que é importante ter a sua própria personalidade, não sei se está errado ou se está certo, mas ele sabe o que quer. E tem muito convicto na cabeça o que deseja. Ele sabe o que quer e se ainda não tomou a alternativa foi porque ainda não se realizaram as condições e acho que vai ser este ano de certeza. Ainda não há grandes projectos para revelar, mas tenho a certeza de que quando acontecer vai ser uma data histórica para Portugal e para a tauromaquia a nível mundial, porque nunca houve um caso de quatro gerações consecutivas, de pais para filhos, no toureio. E isso vai acontecer com a alternativa do João, o quarto Salgueiro da História. Acho que é um orgulho para nós, portugueses. Somos um país pequenino, mas estamos outra vez a começar a orgulhar-nos de nós próprios, ainda há dias o Ronaldo ganhou a segunda Bola de Ouro da FIFA, o Mourinho é o melhor terinador do mundo, como é que um país tão pequeno, num mercado tão disputado a nível mundial, tem tantos valores? Somos bons em tanta coisa, também no atletismo, no hóquei... Cada vez  mais temos que nos valorizar e não pensar que os outros, por serem estrangeiros, são melhores que nós... até porque não são! Somos mesmo muito bons e o público português está de novo a valorizar-nos. Por isso acho que vai receber com muita expectativa e com muito carinho a alternativa do meu filho João. E àparte isso, acho que a alternativa do João pode ser um marco decisivo para a sua projecção e lançamento como figura do toureio.
- Achas que o prejudicas mantendo-te na actividade? Isto, a meu ver e porque na maior parte dos casos e não vou obviamente citar nomes, os filhos que toureiam ainda não conseguiram ser melhores que os pais e os pais ainda toureiam...
- Só prejudicava se o meu filho fosse um prolongamento, uma imitação de mim... porque o original estava ainda no activo e quando os filhos têm o mesmo estilo dos pais, acho que aí prejudica. Mas não é o caso. O João tem os seus sonhos próprios, a sua personalidade própria, apesar de ter bases que lhe transmiti e que vêm do meu Avô, do meu Pai. Mas acho que ele tem o seu estilo próprio, não é igual a mim, nem é parecido comigo. E por isso acho que não interfiro em nada e também não o prejudico mantendo-me no activo. Se ele quisesse fazer as mesmas coisas que eu, aí seria importante retirar-me para que ficasse ele. Vimos muitos filhos que estão na mesma linha dos pais e aí acho que os pais os prejudicam continuando activos, não vamos falar de nomes, obviamente.
- Como está o relacionamento com o Diego Ventura?...
- O nosso relacionamento sempre foi bom. Houve uma altura em que terá sido menos bom, houve algumas coisas, mas sempre tivemos bom um relacionamento de há longos anos, tanto com o pai como com o filho. Sempre tive admiração por ele, não sou daquelas pessoas que só me revejo na minha tauromaquia, eu admiro e revejo-me na arte de todos os meus companheiros. Para não falar de toureio a cavalo e de nomes, vou falar de toureio a pé: eu gosto do Ponce, mas se só gostasse dele... também gosto de ver tourear o " El Fandi", o " El Juli", o Morante... e são estilos completamente diferentes. Num verdadeiro aficionado e embora se possa identificar mais com um determinado toureiro, têm que caber sempre várias tauromaquias e vários estilos. Eu identifico-me mais com bases no toureio e não com certas maneiras de interpretar o toureiro. E pronto, isto para dizer que sempre tive admiração pelo Diego Ventura. Depois houve ali algumas polémias e algumas coisas em que ambos estivemos mal, reconheço, mas acho que já está tudo esclarecido, temos admiração um pelo outro e penso que há abertura e que no futuro vamos tourear muitas vezes juntos.
- Passam também por Espanha os teus projectos na próxima temporada?
- Podem passar ou não. Sempre tive muito cartel em França, em Espanha sou acarinhado por vários agentes da Festa, nomeadamente empresários, posso não ser  muito conhecido do grande público, mas tenho as portas sempre abertas. Não faz parte dos meus planos fazer grande campanha em Espanha ou andar a tourear em pueblos, mas estarei sempre aberto para fazer uma ou outra corrida.
- Na minha opinião, uma das voltas a dar em Portugal é reduzir o número de espectáculos e preferir a qualidade à quantidade. O próprio Campo Pequeno já seguiu esse caminho e anuncia para 2014 menos corridas, mas todas elas grandes acontecimentos. Qual era o grande cartel que montavas, se fosses empresários, contando obviamente contigo?
- É difícil... eu nunca fui empresário, sempre respeitei os empresários e acho que é fácil estarmos de fora e montarmos cartéis... mas depois, quando se é empresário, a realidade é sempre outra. Mas parece-me que o grande cartel que devia ser montado no Campo Pequeno, a grande catedral mundial do toureio a cavalo, seria o da alternativa do meu filho. Não sei se irá ser lá ou não, porque há outras praças em Portugal com muita história e com as quais o João também se identifica, mas penso que teria todo o interesse para a temporada do Campo Pequeno que fosse aí. Ficaria gravado nas paredes do Campo Pequeno e certamente que esse cartaz teria que ficar no Museu do Campo Pequeno, quando ele voltar a existir. Jamais se saberá quando volta a repetir-se um acontecimento destes, com a alternativa do quarto cavaleiro de uma geração de toureiros.
- Essa alternativa do João será dada por ti ou por teu Pai (Fernando de Andrade Salgueiro, Avô do João), como aconteceu contigo quando o teu Avô e o teu Pai, já retirados, se voltaram a vestir de toureiros para te conceder o doutoramento?
- Isso é uma escolha que será inteiramente do meu filho e o que ele decidir vai de certeza orgulhar-me e vou participar com a mesma emoção e o mesmo carinho.
- Para terminarmos, que novidades para 2014 no que respeita a cavalos?
- Há sempre novidades. O que é importante numa quadra é ter o verdadeiro craque e o verdadeiro cavalo, esse é que é difícil de encontrar. Depois, tendo esse, os outros... O que me faltava a mim na quadra eram mais soluções. A base mais difícil de encontrar, já lá a tenho. Tenho alguns cavalos novos, grandes esperanças, mas eu gosto de falar dos cavalos novos só no final do ano. Por isso, vou falar do "Chacal", que foi o meu cavalo novo no ano passado, um cavalo do meu ferro, que comecei a montar em Janeiro, como toureei poucas corridas, ele acabou também por tourear pouco, mas é um cavalo em que acreditava muito e agora, como já terminou a temporada, tenho que falar dele. Terminámos em grande em Santarém e em Évora e prevejo que vai ser o meu craque deste ano, juntamente com o "Zamorino". E  dos outros novos, falarei para o ano, nesta altura...

Fotos M. Alvarenga