Moura, Telles e Caetano e os Forcados Lusitanos na XVIII Corrida TV em 1982 |
Agosto de 1980: João Moura e João Palha Ribeiro Telles mano-a-mano |
Julho de 1979: mano-a-mano Álvaro Domecq-João Moura |
Como recorda António Manuel de Moraes no livro "A Praça de toiros de Lisboa (Campo Pequeno)", editado em 1992 e que menciona igualmente o historial de todas as praças nacionais, em meados do século XIX a alta sociedade lisboeta começou a frequentar a vila de Cascais na época de Verão, incluindo a Família Real, que aí passava as férias.
Em 1868 existia na vila a Comissão Tauromáquica Permanente, que edificou a primeira praça de toiros que ali existiu, sita na Horta de Aguiar e inaugurada em 20 de Setembro desse ano, na qual actuaram todas as grandes figuras da época. Uma outra praça foi depois erguida em 1873 junto ao chamado Passeio da Parada, funcionando até 1879. Posteriormente, foi edificado outro tauródromo em Cascais no sítio do Rosário, este construído em alvenaria e com bancadas em madeira e capacidade para sete mil e quinhentos espectadores. Foi inaugurada em 27 de Setembro de 1894, com a presença da Família Real, tendo-se destacado o espada espanhol "Minuto", que sofreu aparatosa colhida, ficando ferido na virilha, quando lidava o terceiro toiro da tarde da ganadaria de Luis Patrício.
Em 1960 começou a ser edificada a praça "José Pessoa"(assim denominada em homenagem ao tenente-coronel José Raposo Pessoa, que presidiu à Comissão Pró-Construção), depois conhecida como Monumental de Cascais - e que foi demolida há quase dez anos. O projecto foi da autoria do arquitecto Filipe de Figueiredo, a praça tinha capacidade para 12.500 espectadores e a arena tinha um diâmetro de 49 metros, sendo a maior do país.
A Monumental de Cascais foi inaugurada em 15 de Agosto de 1963 pelos cavaleiros Manuel Conde, David Ribeiro Telles e Alfredo Conde e pelos matadores Manuel dos Santos e Juan García "Mondeño". Pegaram os Forcados Amadores de Lisboa sob o comando do histórico Nuno Salvação Barreto e lidaram-se toiros de D. Diogo Passanha e Engº Joaquim Grave. O primeiro toiro chamava-se "Marinero", pesava 480 quilos e a sua cabeça encontrava-se no museu da desaparecida praça de toiros.
Nuno Salvação Barreto, o espanhol Deodoro Canorea (também empresário da Real Maestranza de Sevilha), Manuel Gonçalves, até o fadista Gonçalo da Câmara Pereira associado a Alfredo Guaparrão e, por fim, João Duarte, foram alguns dos empresários que geriram a praça ao longo dos seus quase 40 anos de existência. Grandes figuras do toureio mundial, como os matadores espanhóis "El Cordobés" e Palomo Linares (que ali actuaram mano-a-mano nos anos 60) e os maiores nomes do toureio equestre passaram pela enorme arena da Monumental de Cascais, onde fizeram furor corridas como as da TV, da Associação dos Comandos e as famosas "Luso-Brasileiras", estas últimas ali levadas a cabo por João Duarte, que na fase final da praça ali levou também a efeito corridas da TVI e um espectacular mano-a-mano entre João Moura e Pedrito de Portugal numa Corrida "Correio da Manhã" também por si organizada. A Monumental de Cascais foi ainda palco da alternativa de alguns cavaleiros tauromáquicos, entre os quais Vasco Taborda - cujo cartel da corrida de doutoramento aqui recordamos hoje, entre outros que lembram muitas das grandes corridas e das grandes competições que se viveram na saudosa praça de toiros da Linha de Cascais.
Recordar é Viver!
Foto D.R.