O Maestro Vitor Mendes (foto de cima e da direita) integrou nos seus tempos de bandarilheiro, nos anos 1976 e 1977, a quadrilha de José Maria Manzanares (foto da esquerda) - que em 13 de Setembro de 1981 foi testemunha da sua alternativa em Barcelona, sendo Palomo Linares o padrinho.
"Àparte da amizade que nos unia, toureámos juntos cinco ou seis tardes. Era um verdadeiro galo de batalha na arena, não perdia nem por nada deste mundo. Tivemos um pequeno arrufo em Dax (França), quando toureei uma corrida em sua homenagem e ele fez questão de trocar a ordem, queria que eu toureasse no meio e ele no fim. Impus-me por uma questão de salvaguardar a minha posição, mas não passou nada, continuámos amigos depois disso" - recorda Vitor Mendes. E acrescenta:
"Foi um toureiro importantíssimo e que protagonizou a evolução do toureio no plano estético. Toureava devagar e com um temple enorme. Foi o toureiro que mais feiras importantes toureou no século XX, gozava de um tremendo cartel em todos os países. Acoplava-se aos toiros sem os molestar, era um artista genial e muito ligado à arte, a todas as artes. Na pintura, na escultura e no canto flamenco, foram muitos os artistas que tiveram na sua arte uma fonte de inspiração".
"Como homem, foi um indivíduo com um carácter, uma personalidade e um carisma fora de série - sublinha o matador português - Fora das arenas, tínhamos que ter cuidado com ele, no bom sentido, era muito brincalhão, boémio, vivia a noite como poucos, foi um homem que amou a vida e que a viveu como poucos".
Como toureiro, Vitor Mendes recorda-o como "inesquecível":
"Foi um dos últimos grandes Senhores das arenas e teve uma carreira que marcou tudo e todos, polémica muitas vezes, mas são assim os homens que marcam a diferença e ele marcou-a".
Fotos D.R.