Polémico, como sempre, e crítico sobretudo da desunião que diz continuar a pairar entre a classe dos toureiros nacionais, o bandarilheiro, antigo forcado e também ex-novilheiro vilafranquense Hugo David "Niño del Rio" (foto), volta a assumir uma posição "politicamente incorrecta" a escassas horas das eleições, que se verificam este noite, para os novos orgãos gerentes da Associação Nacional de Toureiros e do Fundo de Assistência dos Toureiros Portugueses. Recém-regressado da Califórnia, onde este ano cumpriu a temporada na quadrilha do cavaleiro Paulo Jorge Ferreira (para onde regressará no início do próximo ano), Hugo David acaba de publicar na sua página da rede social "Facebook" o texto que a seguir publicamos na íntegra e onde revela que se esteve para formar uma outra lista candidata à ANDT e ao Fundo de Assistência, mas que houve recuos de última hora e que por isso, se apresentará apenas uma lista única ao acto eleitoral de hoje. Diz que as novas direcções da Associação Nacional de Toureiros e do Fundo de Assistência serão as mesmas "com cirúrgicas alterações" e que o fenómeno faz lembrar aquele que "imperou no futebol" em que "quem mandava e tinha influência sobre os organismos do mesmo era o Sr. Jorge Nuno Pinto da Costa". Palavras para meditar e que trazem uma dose imensa de polémica:
Hoje realizam-se as eleição dos corpos
gerentes da Associação Nacional de Toureiros (ANDT) e Fundo de Assistência dos
Toureiros Portugueses. Lamento profundamente que cavaleiros, matadores,
novilheiros e bandarilheiros permitam o fenómeno que por algum tempo imperou no
futebol, tempos esses em que quem mandava ou tinha influência sobre todos os
organismos do mesmo era o Sr. Jorge Nuno Pinto da Costa.
Lamento também que ao fim de várias
reuniões dos toureiros (todas as classes) se tenha chegado à conclusão que as
coisas não estão no bom caminho, nem a serem feitas da melhor forma - é que
algo teria que se mudar.
Resulta que, com o correr do tempo, me
apercebo do que nunca quis acreditar ou talvez assumir: os toureiros não são
unidos e vivem a Festa como se de uma batalha de sobrevivência se tratasse. Uns
vão mais baratos, outros oferecem-se como prostitutas, outros tentam e
conseguem contratar bandarilheiros por 150 euros e daí têm que pagar as
despesas que tenham entre muitas outras coisas; mais triste fico ainda quando
se trata de figuras ou supostas figuras (tanto de cavaleiros como
bandarilheiros).
Poderão dar como argumento o facto de
ninguém querer assumir as direcções, algo que refuto categoricamente com os
seguintes factos: tentou-se formar outra lista e quando se iniciaram os
contactos, a resposta de uns e outros foi a de que deveria fazer parte da mesma este
ou aquele indivíduo, cortando desde logo a iniciativa (fazendo recordar o tal
"regime" do futebol).
Inclusivé, em conversas mantidas com
alguns colegas, incumbiram-me de falar com uma figura e tentar que fizesse
parte de uma lista, algo que fiz com agrado; e uma vez tratado esse assunto,
quem me incumbiu voltou com a palavra atrás, fazendo-me passar por, no mínimo,
trapalhão.
Outros também me aconselharam a ter
calma, que se estava a construir uma lista forte e que seria o melhor para
todos e... afinal, compactua com a direção anterior. Direção anterior que vai
ser a mesma com cirúrgicas alterações.
A que conclusão chego? Poder instalado
tal e qual aconteceu no futebol durante décadas. Prova disto é que em 25
elementos (lista ANDT) 17 são da anterior direcção e um dos 17 é cabeça de
lista. Da lista apresentada para o Fundo de Assistência (20 elementos) 16
derivam da direcção anterior e um dos 16 deriva da ANDT para o FATP.
Nada tenho contra as futuras direções,
mas que é estranho, lá isso é...
Foto F. Romero/@Niño del Rio/Facebook