segunda-feira, 23 de maio de 2016

Momentos dramáticos numa tarde marcante ontem na Moita

Violentamente colhido quando dava aplaudida e oportuna ajuda ao novo cabo
José Maria Bettencourt, o bandarilheiro e também antigo forcado Gonçalo
Veloso
ainda veio à arena agradecer a ovação, mas depois perdeu a memória
e recolheu ao hospital. Sofreu um traumatismo craniano, mas o seu estado é
estával
A última rija e garbosa pega de José Pedro Pires da Costa ao primeiro toiro
da corrida ontem na Moita. O nosso olé na hora da despedida!
José Pedro Pires da Costa com seu pai, José Manuel
Pires da Costa, cabo fundador do Grupo de Forcados
do Aposento da Moita e, em baixo, no momento em que
passava o testemunho ao novo cabo José M. Bettencourt


José Maria Bettencourt sagrou-se ontem um forcado de alma e de corpo inteiro assumindo o comando do consagrado grupo do Aposento da Moita com uma pega que vai ficar na História. Executou-a com uma galhardia e uma valentia, também uma apurada técnica que são apanágios só mesmo dos grandes. Pegou o segundo e complicadíssimo (como todos, aliás) toiro da ganadaria de Sommer d'Andrade à quarta tentativa, sem nunca se dar por vencido ou alguma vez virar a cara.
A pega contou com uma ajuda extraordinária do bandarilheiro Gonçalo Veloso (da quadrilha de Marcos Bastinhas), antigo e valoroso forcado dos Amadores de Santarém, que sofreu violenta colhida e ainda veio à arena, a convite de Bettencourt, agradecer os merecidos aplausos do público, mas depois teve uma perda de memória e foi conduzido ao hospital, onde lhe diagnosticaram um forte traumatismo craniano. O seu estado, segundo apurámos, é agora "estável", dentro da gravidade.
A primeira pega foi executada à primeira por José Pedro Pires da Costa, que se despediu das arenas e passou o testemunho no comando do grupo a José Maria Bettencourt. Foram ainda caras os forcados João Rodrigues (à terceira), Nuno Inácio (à segunda), Ruben Serafim e Leonardo Mathias (ambos à primeira). José Maria Ferreira também se lesionou quando dava ajudas na terceira pega e foi assistido no Hospital Garcia de Orta, em Almada.
Com cerca de meia casa, a corrida de ontem na praça moitense "Daniel do Nascimento" ficou marcada pela dureza dos toiros de José Luis Vasconcellos de Souza d'Andrade (toiros à antiga, daqueles que não dão facilidade, pedem contas e aos poucos vão conseguindo devolver a verdadeira essência, o risco e a emoção, à nossa Festa), com os quais poucos triunfos se alcançaram. O cavaleiro António d'Almeida foi autor dos dois melhores ferros da corrida. Luis Rouxinol, Sónia Matias, Filipe Gonçalves, Marcos Bastinhas e a praticante Mara Pimenta protagonizaram valorosas actuações, mas sem o brilhantismo que os toiros não permitiram. Dirigiu bem a corrida Pedro Reinhardt.

Fotos Emílio de Jesus/fotojornalistaemilio@gmail.com