segunda-feira, 20 de março de 2017

Póvoa e Meadas foi este sábado a Capital da Tauromaquia

Figuras da Tauromaquia engrandeceram a Festa num interessante e concorrido
Colóquio este sábado em Póvoa e Meadas. Da esquerda para a direita: António
José Zuzarte, Paulo Caetano, Hugo Teixeira (moderador do debate), António Simão
(presidente da Junta), Francisco Romão Tenório, Miguel Alvarenga e Rui Bento
Alvo de merecida homenagem, o antigo bandarilheiro local José Terrinca ofereceu
um traje de luces à Junta de Freguesia de Póvoa e Meadas
Ernesto Manuel trouxe os seus alunos da Escola de Toureio de Azambuja e
exaltou numa curta intervenção a necessidade da defesa dos valores da
Tauromaquia
Rui Bento no momento da homenagem ao antigo forcado Joaquim Belo
Maria João Mil-Homens com Sérgio Batista (Câmara de Monforte e Centro
Interpretativo Tauromáquico) e António Simão, presidente da Junta de Freguesia
de Póvoa e Meadas. A nossa companheira expôs fotos no Salão Paroquial, onde
decorreu o Colóquio
Carlos Barreto e sua Mulher, Maria de Jesus, representando a Câmara de Monforte
e o Centro Interpretativo Tauromáquico
O bandarilhero e antigo matador de toiros Sérgio Santos "Parrita"
António Pita, presidente da Câmara de Castelo de Vide, honrou a Tauromaquia
com a sua presença no colóquio
Os participantes no colóquio numa foto final com os homenageados e os
autarcas organizadores deste Dia de Tributo à Tauromaquia. Em baixo, os
presidentes da Câmara de Castelo de Vide, António Pita e da Junta de Freguesia
de Póvoa e Meadas, António Simão, com os toureiros e os forcados homenageados


A bonita localidade alentejana de Póvoa e Meadas (Portalegre) foi este sábado a Capital da Tauromaquia com a presença de cinco grandes Figuras representativas das várias áreas que a integram: o cavaleiro Paulo Caetano, o matador Rui Bento Vasquez, o forcado António José Zuzarte, o ganadeiro Francisco Romão Tenório e o jornalista e crítico taurino Miguel Alvarenga, que participaram num interessante colóquio moderado por Hugo Teixeira, que reaparecia após dois anos afastado das lides.
O Salão Paroquial de Póvoa e Meadas foi pequeno para acolher tantos aficionados numa plateia que enchia por completo o espaço "decorado" com belíssimas fotografias da nossa companheira de trabalho Maria João Mil-Homens. Este colóquio inseria-se no Dia de Tributo à Tauromaquia, uma louvável iniciativa da Junta de Freguesia de Póvoa e Meadas, presidida pelo aficionadíssimo António Simão; da Câmara Municipal de Castelo de Vide, cujo presidente António Pita honrou os homens da Festa Brava com a sua presença; e do Centro Interpretativo Tauromáquico e da Câmara de Monforte, representada por Sérgio Batista e Maria de Jesus Barreto.
O dia iniciou-se com uma intervenção, primeiro na rua e depois no Salão Paroquial, da Banda de Póvoa e Meadas, seguindo-se o colóquio que, apesar de se realizar de manhã, contou, como referimos, com uma grande presença de público.
Durante mais de duas horas, os cinco intervenientes falaram dos seus inícios no mundo tauromáquico e tiveram depois interessantes e apaudidas intervenções sobre o estado actual da Tauromaquia, destacando-se sobretudo Paulo Caetano com uma arrebatadora análise ao facto de em muitas ocasiões "se estar a desvirtuar a essência e os verdadeiros valores da arte do toureio equestre e a esquecer-se as suas bases, substituídas muitas vezes por espectáculos circenses que são espectáculo, mas não são arte".
Miguel Alvarenga lamentou o facto de "para isso contribuir a actual inexistência de crítica taurina" e explicou: "Antigamente havia críticos conceituados e que ensinavam a ver toiros. Hoje, com a proliferação de sites e blog's na internet, qualquer um cria um espaço e auto-intitula-se crítico taurino, escrevendo, às vezes nem escrevendo, porque o não sabem fazer, as maiores barbaridades e revelando um arreliador desconhecimento de causa", frisando contudo que "obviamente há excepções que confirmam a regra".
Rui Bento Vasquez recordou a sua trajectória como matador de toiros e destacou depois a sua nova e actual actividade de gestor taurino da praça de toiros do Campo Pequeno, destacando "a importância que a praça tem hoje a nível internacional, fruto do empenho e do trabalho de uma equipa liderada pela Drª Paula Mattamouros Resende e que tudo tem feito para engrandecer a Tauromaquia na primeira praça do país".
António José Zuzarte, antigo cabo dos Amadores de Montemor, viajou pela sua brilhante e recordada trajectória de forcado amador e deixou pinceladas da sua arte num discurso empolgante e em que referiu os tempos de ontem e os de hoje na nobre arte de pegar toiros.
O ganadeiro Francisco Romão Tenório confessou que na actualidade "se criam os toiros que as Figuras exigem tourear" e manifestou a sua preocupação permanente em "apresentar toiros de qualidade e que não defraudem o público, as empresas, a crítica e os artistas".
No final do colóquio, foram prestadas homenagens a dois toureiros locais, o antigo cavaleiro João Carlos Folgado e o também retirado bandarilheiro José Terrinca, qaue ofereceu um traje de luces à Junta de Freguesia de Póvoa e Meadas, bem como aos forcados locais Joaquim Belo, António Landeiro, António Alegria e João Galhofas.
Dada a palavra ao público presente, destacou-se uma intervenção da aficionada Fernanda Mouzinho, que louvou os valores da Festa Brava e pediu a todos os presentes que "os mantenham vivos e os defendam".
Durante a tarde e depois de um almoço servido na Junta de Freguesia, realizou-se na praça de toiros de Póvoa e Meadas (encerrada há oito anos, mas que pode reabrir esta temporada) uma demonstração de toureio a cavalo a cargo do valoroso amador Pedro Afonso, pupilo do Maestro Paulo Caetano e de João Moura Caetano; de toureio a pé, a cargo de seis jovens alunos de Ernesto Manuel da Escola de Toureio de Azambuja; e de pegas, pelos Amadores de Portalegre.
Em suma, um verdadeiro Tributo à Tauromaquia, uma excelente organização e a honrosa presença para a aficion local de cinco das mais representativas figuras do nosso mundo taurino num colóquio que fica na História - e que se pode repetir no ano que vem.

Fotos Maria Mil-Homens