António Prates marcou a diferença em Arronches: o toureio a cavalo tem uma nova estrela. Atenção, senhores empresários! |
Luis Rouxinol com o toirão de David Ribeiro Telles |
João Maria Branco num momento da sua actuação ontem em Arronches |
Hugo Teixeira - O jovem cavaleiro praticante António Prates sagrou-se, no sábado, o grande triunfador da corrida de São João, em Arronches (Portalegre), com duas actuações de alto nível, principalmente a segunda, frente a um voluntarioso toiro de Romão Tenório.
Essa actuação valeu-lhe a conquista do troféu para a melhor lide, sendo a decisão do jurado bastante aplaudida pelo público, que preencheu as bancadas daquela praça de toiros.
Mas vamos por partes.
O cartel era composto por Luís Rouxinol, João Maria Branco e o jovem praticante António Prates, cabendo as pegas aos Amadores de Arronches e Monforte.
Este festejo foi anunciado como sendo um concurso de ganadarias, estando em praça as divisas (por ordem de saída) de David Ribeiro Telles, Monte Cadema, Vale Sorraia, Luís Rocha, Nuno Casquinha e Francisco Romão Tenório.
Um concurso de ganadarias na generalidade bem apresentado, a dar luta aos artistas, tendo apenas como nota negativa o exemplar enviado por Luís Rocha, de escassíssima apresentação para um festejo deste tipo.
Luís Rouxinol abriu praça e toureou o “comboio de carne” da divisa de David Ribeiro Telles e que deu “'água pela barba”. O astado, imponente e com bastante sentido, atravessava-se no momento do ferro, tentava agarrar bem lá no alto o cavaleiro e a lide de Rouxinol foi empolgante. Uma verdadeira guerra “à intiga”!
No seu segundo, perante o toiro de escassa apresentação de Luís Rocha, o cavaleiro de Pegões mostrou toda a sua essência, rubricando grandes ferros que culminaram com o tradicional e bem executado par de bandarilhas.
João Maria Branco rubricou uma lide intermitente no seu primeiro, deixou apontamentos de boa nota frente ao toiro de Monte Cadema, tentou também bregar com qualidade, mas nem sempre foi possível levar até ao fim a sua missão, sem pisar terrenos de maior compromisso.
No seu segundo (toiro Casquinha), o cavaleiro de Estremoz andou mais solto, mais toureiro e deixou dois curtos de qualidade e também uma vistosa brega. Passagem positiva perante um oponente que veio ao longo da lide a menos.
Mas a surpresa estava do lado de António Prates. No seu primeiro (Vale Sorraia, voluntarioso) esteve em bom plano, deixando ferros com cites de largo e a rematar bem as sortes. No seu segundo, que brindou ao Maestro João Moura, a fasquia subiu, com ferros de verdade, a atacar o oponente, com batidas ao píton contrário e a entrar pelo toiro, alegrando com ousadas “piruetas”.
Uma agradável surpresa, que foi premiada com a entrega do troféu para a melhor lide.
Numa altura em que a discussão passa em redor do futuro da Festa, e se temos ou não figuras para o futuro, António Prates foi a Arronches afirmar que está na luta e que quer ser figura do toureio. Vamos acreditar! Os senhores empresários têm agora a palavra… andamos fartos de ver “mais do mesmo”. Prates é agora uma mais valia bem sólida para reforçar qualquer cartel em qualquer praça.
No capítulo das pegas a noite foi mais tranquila para os Amadores de Monforte. Por Arronches pegaram (o toirão de Ribeiro Telles) com valentia e à terceira tentativa, de cernelha, Fábio Mileu e Pedro Nunes, após duas tentativas do cabo Manuel Cardoso que recolheu à enfermaria e, posteriormente, ao Hospital de Portalegre, onde efectuou vários exames. Felizmente está tudo bem com o valente cabo dos Amadores de Arronches.
Pegaram ainda Tiago Policarpo e João Rosa, ambos à primeira tentativa.
Por Monforte foram solistas os forcados Henrique Teixeira à segunda, João Diogo Pereira à primeira e Luís Aranha, na grande pega da noite, também ao primeiro intento.
No capítulo dos homens de prata, uma palavra também para todos eles, principalmente para o grande Pedro Paulino “China” que no primeiro toiro de João Maria Branco apanhou um valente susto. O toureiro foi agarrado com violência, mas felizmente nada de grave se passou. Uma colhida com aparato, apenas e só.
Além de António Prates ter conquistado o troféu para a melhor lide, o júri (que não foi anunciado) decidiu atribuir o troféu apresentação ao exemplar de Monte Cadema e o troféu bravura ao astado de Romão Tenório, ao passo que o forcado Luís Aranha, dos Amadores de Monforte, conquistou o troféu para a melhor pega.
Dirigiu com acerto e competência este festejo promovido pela empresa Toiros & Tauromaquia de António Manuel Cardoso, o delegado técnico tauromáquico Marco Gomes, assessorado pelo médico veterinário José Guerra.
Ao início da corrida foi guardado um minuto de silêncio em memória do toureiro Iván Fandiño e do repórter fotográfico Pedro Cardoso.
Fotos Maria Mil-Homens