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| O brinde aos seus antigos cabos dos grupos da Tertúlia Terceirense (João Hermínio), de Turlock (George Martins) e do Ramo Grande (Filipe Pires) e também ao actual cabo deste grupo, Manuel Pires |
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| Sequência da última pega de Américo Cunha ontem na Ilha Terceira, com uma preciosa e poderosa ajuda de Vitor Enes |
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| Público de pé a aplaudir o grande forcado na volta à arena com o cavaleiro Tiago Pamplona e seus bandarilheiros |

Momento alto e particularmente emotivo da corrida de ontem na Monumental da Ilha Terceira foi a grande pega do histórico forcado Américo Cunha, de 52 anos, ao segundo toiro da tarde, da ganadaria Rego Botelho - que foi a sua última. A seguir, despiu a jaqueta, entregou-a ao cabo dos Amadores do Ramo Grande, Manuel Pires e foi apoteoticamente passeado em ombros pelos companheiros. O público levantou-se a aclamar o adeus às arenas do pequeno-grande Américo, em reconhecimento pela grande pega com que disse adeus a uma carreira brilhante de 36 anos, mas sobretudo pela sua digna e honrada trajectória como um dos maiores intérpretes da arte de pegar toiros
Miguel Alvarenga - Américo Cunha começou a pegar toiros aos 16 anos de idade no grupo de forcados Amadores da Tertúlia Tauromáquica Terceirense, ao tempo capiteaneado por João Hernínio, o cabo fundador. Quando emigrou para os Estados Unidos, passou a honrar a jaqueta dos Amadores de Turlock, grupo também fundado pelo mesmo João Hermínio e que era ao tempo comandado por George Martins. "Esteve 18 anos no Grupo de Turlock, onde pegou mais de 100 toiros", recorda Martins.
Quando regressou à Ilha Terceira, passou a integrar o então fundado grupo de Amadores do Ramo Grande, da Praia da Vitória, actualmente com 11 anos de existência, pegando sob o comando de Filipe Pires, cabo fundador e posteriormente de Manuel Pires, que há um ano sucedeu ao seu primo na chefia do grupo.
E foi precisamente aos seus antigos e actual cabos - João Hermínio, George Martins, Filipe Pires e Manuel Pires - que este pequeno grande forcado (pequeno em estatura, grande, enorme como forcado de raça e de alma) fez ontem questão de brindar aquela que foi a última pega da sua carreira de 36 anos de glória e muita dedicação nas arenas.
Américo Cunha pegou - e com que valentia, com que técnica e com que arte - o segundo toiro da corrida, um poderoso exemplar da ganadaria Rego Botelho de nome "Evarento", com 488 quilos, que fora superiormente lidado pelo cavaleiro local Tiago Pamplona.
Franzino, mas com um coração que chega aos céus, saltou decidido à praça, colocou o barrete, ajeitou a gravata e foi caminhando com tranquilidade e calma pela arena fora. É impressionante o silêncio e o respeito com que o público aficionado da Terceira assiste às pegas, para depois explodir em ovações e se levantar da bancada a aplaudir, como que impelido por molas, quando as coisas resultam em cheio. E a última pega de Américo Cunha foi um desses momentos. De particular emoção.
O forcado citou, carregou a sorte e provocou quando quis a investida do bravo toiro de Rego Botelho, recuando com saber e a mandar na investida, até se fechar com braços de ferro e consumar à primeira, com uma brilhante e poderosa ajuda de Vitor Enes.
Deu aplaudida volta à arena com Tiago Pamplona e os seus bandarilheiros José Luis Leonardo e Jorge Silva e depois despiu a jaqueta e entregou-a ao cabo Manuel Pires com um emotivo e comovido abraço. O público ovacionou de pé e aclamou pela última vez este forcado que é uma referência dos Bravos desta Ilha que já se chamou de Jesus Cristo. Os companheiros passearam-no aos ombros numa última volta à arena da Monumental.
No final, sózinho no centro da arena, recebeu a derradeira ovação de um público que o não esquece mais.
Adeus. Forcado!
Fotos M. Alvarenga





















