domingo, 3 de novembro de 2019

Corrida agradável, igual a muitas, fechou ontem a temporada no Coliseu do Redondo

João Ribeiro Telles teve uma época triunfal e ontem no Redondo terminou-a
com dois ferros empolgantes com o "Ilusionista", o cavalo que marcou esta
sua campanha de 2019
Miguel Moura terminou a temporada a dizer que para o ano é que vai ser! O
triunfo que alcançou em Lisboa esta temporada foi marcante e 2020 tem que
ser a época do seu salto definitivo!
Luis Rouxinol Jr., um caso, protagonizou no terceiro toiro da tarde a mais
aplaudida actuação da tarde de ontem no Coliseu do Redondo
Luis Feiteirona, valente e experiente forcado dos amadores do Redondo, sofreu
uma fractura exposta na perna quando tentou pegar por três vezes o último
toiro da temporada ontem no Coliseu do Redondo
Touradas em dia de chuva não entusiasmam aficionados. Apesar de ser
coberto, o Coliseu do Redondo registou uma fraca presença de público
na última corrida da temporada


Luis Rouxinol Jr. protagonizou ontem a melhor lide da tarde, no terceiro toiro da última corrida do ano no Coliseu do Redondo. também marcada por boas actuações de João Telles e Miguel Moura e pegas rijas dos grupos do Ribatejo, Arronches e Redondo, frente a toiros sérios e emotivos de Passanha Sobral. A corrida viu-se com agrado, mas pouco adiantou a tudo o que já tínhamos visto ao longo de uma intensa e muito bem sucedida temporada tauromáquica. E agora, até para o ano!

Miguel Alvarenga - Não teve grande história, foi só mais uma igual a tantas, a corrida que ontem à tarde encerrou oficialmente a temporada tauromáquica nacional no Coliseu do Redondo.
A praça registou uma entrada de cerca de dois terços, pouco significativa num imóvel que já de si tem uma reduzida lotação. E salvo excepções, foram poucas as caras conhecidas do meio taurino que compareceram nesta derradeira corrida do ano. As condições climatéricas, já muito pouco propícias para se ir aos toiros, bem como o facto de estar a decorrer o primeiro e muito concorrido fim-de-semana da tradicional Feira da Golegã podem servir de justificação para a fraca afluência de público ontem no Redondo.
Mas, a meu ver, outras razões terão também justificado a fraca presença de público na praça. Não o cartel, que era bom, estava bem rematado e prometia uma última competição entre três dos cavaleiros mais destacados da nova vaga. Mas a realidade é que os tempos mudam e as vontades também, já dizia o sabedor Luis Vaz de Camões. E vão longe os tempos em que os aficionados enchaim a praça do Cartaxo na tradicional corrida de 1 de Novembro, que marcava sempre o encerramento oficial da temporada e onde me lembro até de ver um dia o famoso matador espanhol "Antoñete" no tempo em que as corridas eram mistas. Era sempre uma corrida importante. Depois a tradição perdeu-se e este tipo de corridas já fora de horas perdeu todo o impacto. A temporada deveria dar-se por encerrada depois da Feira de Outubro de Vila Franca e da gala de fecho da época lisboeta. Uma corrida quase um mês depois, já com chuva, deixou de ser convidativa. Os tempos mudaram. Repensem a Festa.
A corrida de ontem viu-se, foi agradável, não chateou ninguém, teve ritmo e momentos de emoção - mas foi só mais uma e sem "explosões" que motivassem grande entusiasmo ou deixassem uma história por aí além. Digamos que foi um fecho morno de temporada...
Bem apresentados, com seriedade e a pedirem contas, os toiros da ganadaria de Manuel Passanha Sobral proporcionaram bons momentos aos cavaleiros e emotivas pegas aos forcados. Foi uma tarde positiva para a ganadaria que pouco lida em Portugal - mas que é boa e tem chama. São toiros sem uma transmissão por aí além, mas que exigem e dão trabalho.
Os três cavaleiros estiveram regulares nas suas lides, pouco acrescentando ao historial que cada um deles desenvolveu ao longo do ano.
João Ribeiro Telles teve momentos de inspiração e ferros de alto nível, sobretudo os dois de praça a praça no quarto toiro com o magnífico cavalo "Ilusionista" - que marcou a sua temporada e é, de facto, um cavalo espectacular.
Miguel Moura, aparatosamente colhido por o cavalo ter escorregado logo no início da sua primeira actuação - felizmente sem consequências graves - foi ao Redondo cheio de atitude, recebeu o seu primeiro toiro com uma arrojada sorte de gaiola e manifestou a vontade e o querer de a todos mostrar que quer marcar a próxima temporada como a do salto defnitivo para as fileiras da frente.
Luis Rouxinol Júnior é um caso importante e não há memória, pelo menos recente, de um cavaleiro ter chegado ao patamar que ele atingiu em apenas dois anos de alternativa. No terceiro toiro da tarde protagonizou a melhor lide da última corrida do ano. No último, que brindou a toda a sua equipa, esteve menos brilhante ou, pelo menos, não estando mal, não atingindo o mesmo esplendor da primeira actuação.
Em suma, os três estiveram bem - mas no conjunto a corrida foi vulgar e sem história que marcasse, apenas uma mais.
No que aos forcados diz respeito, os de Arronches estiveram ontem por cima com duas valentes pegas à primeira por intermédio de Luis Marques e Rodrigo Abreu. Pelos do Ribatejo, os cabeças de cartaz, Rafael Costa fez uma boa pega ao primeiro intento e André Laranjinha concretizou a sua ao segundo. Os anfitriões do grupo do Redondo executaram a sua primeira pega à primeira, a cargo de Jorge Gato e a segunda, mais complicada, foi consumada à quarta tentativa por Joaquim Ramalho, na sua primeira intervenção, a sesgo e com as ajudas carregadas, dobrando o experiente Luis Feiteirona, que foi três vezes à cara do último toiro e saíu da arena de maca, segundo as últimas informações, com uma fractura exposta na perna.
Bem os bandarilheiros, sem intervenções exageradas nas lides e bom desempenho na colocação dos toiros para os forcados.
Na direcção desta última corrida do ano esteve Agostinho Borges, com a postura e a aficion usuais, assessorado pela médica veterinária Ana Gomes.
E para o ano há mais! Até Fevereiro em Mourão!

Fotos M. Alvarenga