sexta-feira, 7 de fevereiro de 2020

Campo Pequeno: escritura muda hoje o rumo à centenária praça de toiros...

Manuel dos Santos foi o mais emblemático empresário da
praça de toiros do Campo Pequeno - que pela primeira vez e
em mais de 100 anos de história, vai agora ser gerida por um
empresário não taurino... Os tempos mudam-se e as vontades
também, já dizia Luis Vaz de Camões
Álvaro Covões, empresário do mundo da música, pode ser a partir de hoje o
novo dono do Campo Pequeno. Já disse que não vai promover touradas, mas
pode subalugar a praça a quem o pretenda fazer
Rui Bento foi nos últimos 14 anos o gestor taurino do Campo Pequeno. Já se
manifestou disponível para continuar a dar as corrida, subarrendando as datas
a Álvaro Covões. Mas há outros empresários também interessados...
João Borges, hoje o patriarca da família que foi responsável pelas obras de
renovação da praça e cuja sociedade foi decretada insolvente há seis anos,
não desiste da luta e promete novas investidas na Justiça
Paula Resende, há seis anos administradora da insolvência da sociedade que
gere o Campo Pequeno, alterou há dias a sua foto de perfil no Facebook e
colocou esta: a anunciar a travessia do deserto? Em baixo, a página da edição
desta manhã do "Correio da Manhã" anunciando para hoje a escritura

Segundo revela o "Correio da Manhã" (ao lado), é hoje assinada finalmente a escritura da venda da sociedade que gere a praça do Campo Pequeno (propriedade da Casa Pia de Lisboa) ao empresário do mundo do espectáculo musical Álvaro Covões e ao fundo Horizon Equity Partners, dos antigos governantes Pires de Lima e Sérgio Monteiro - sendo assim a primeira vez, em mais de 100 anos de história, que a primeira praça de toiros do país, referenciada como a catedral mundial do toureio equestre, terá à frente dos seus destinos um empresário não taurino.
A mudança de mãos da praça de toiros lisboeta acontece seis anos depois de os tribunais terem decretado a insolvência da sociedade da Família Borges, responsável pelas obras que transformaram o imóvel num espaço multiusos, mas onde nunca deixou de prevalecer o objectivo para que foi contruído - continuou sempre a ser palco de corridas de toiros, o que agora muitos colocam em causa.
Nos últimos seis anos, a praça foi gerida, com sucesso, pela administradora de insolvência Paula Mattamouros Resende e pelo director de Tauromaquia, o antigo matador de toiros Rui Bento. A partir de agora, tudo será uma incógnita.
Paula Resende deverá sair de cena, uma vez que termina o processo da insolvência. Há poucos dias, a administradora alterou a sua foto de perfil na sua página da rede social Facebook pela que aqui publicamos (em cima), onde aparece sózinha no deserto, provavelmente anunciado uma travessia, nas suas recentes férias em Omán.
Há, no entando, que vaticine que Paula Resende pode continuar ligada à organização de corridas de toiros no Campo Pequeno, por interposto representante, num dos grupos empresariais que já terá feito chegar a Álvaro Covões uma proposta para subarrendar as datas e dar espectáculos tauromáquicos.
Rui Bento também já manifestou esta semana, em declarações ao "CM", que está "de braços abertos" e "disponível para subarrendar a praça e dar as corridas este ano".
O site touroeouro.com adianta hoje que pelo menos três propostas para assegurar a continuidade das corridas de toiros em Lisboa já terão chegado a Álvaro Covões: uma de Rui Bento, que poderá contar com o apoio de "um grupo de aficionados e empresários não taurinos"; outra "ligada a uma família toureira que pode ter fortes ligações ao mundo da televisão e do espectáculo": e outra de uma empresa "ligada ao mundo do toiro e do cavalo que pode trazer para Portugal investigadores estrangeiros".
Entretanto, algum alvoroço reina já no meio taurino depois de um alegado Consórcio de Jornalistas de Investigação denominado "Bullfight Leaks" ter denunciado esta semana que estará em curso uma "tramóia política" com o objectivo de acabar com as touradas no Campo Pequeno; e também depois da eurodeputada socialista Ana Gomes ter vindo a público denunciar graves suspeitas sobre todo este processo de venda da sociedade gestora da primeira praça de toiros do país.
Pelo meio, há ainda que contar com novas investidas na Justiça por parte da Família Borges, inconformada com a forma como foi decretada a insolvência da sua sociedade há seis anos e que, diz-se agora, pode levar o caso a instâncias europeias.
A escritura vai ser assinada hoje, depois de já ter sido adiada mais que uma vez. Mas o caso promete ainda fazer correr muita tinta.

Fotos D.R.