Álvaro Covões não é visto nem achado no Campo Pequeno há mais de dois meses. Ao comando das (inexistentes) operações tem estado o director-geral da nova empresa, João Gonçalves. Quanto a touradas e a concurso, têm mais em que pensar...
Miguel Alvarenga - O novo empresário da praça de toiros do Campo Pequeno, Álvaro Covões, da Plateia Colossal, anda mais preocupado com o adiamento dos seus festivais de Verão do que propriamente com os concertos que tinha agendados para a arena lisboeta e que já têm praticamente todos novas datas para a sua realização.
Há dois meses que Covões não é visto nem achado na praça de toiros, onde aliás foi muito poucas vezes desde que a sua empresa comprou a ajudicação do tauródromo. Há poucos dias e depois de ninguém lá ter trabalhado durante os dois meses e meio de confinamento, regressou o director-geral João Gonçalves, que é quem tem estado aos comandos das operações... que não existem neste momento.
O Hospital de Campanha que esteve montado na arena durante um mês já foi desmontado. Era propriedade da Cruz de Malta, estava ao serviço do Hospital Curry Cabral e ninguém entendeu ainda muito bem para que serviu tê-lo ali e depois desmontá-lo tão à pressa.
A arena está de novo livre, mas ninguém fala em touradas dentro da empresa e o próprio João Gonçalves evita fazê-lo se alguém o questiona.
O concurso que à partida serviria para encontrar um empresário que alugasse as seis datas que a Plateia Colossal disponibilizou para a realização de seis corridas de toiros este ano em Lisboa (uma em Junho, duas em Julho, mais duas em Agosto e a última em Setembro), ficou adiado para depois de terminar o Estado de Calamidade.
Apesar de ter na empresa uma Direcção de Tauromaquia que foi durante catorze anos presidida por Rui Bento, antigo matador de toiros, Álvaro Covões preferiu acabar com tudo isso e promover um concurso para encontrar um novo gestor das seis datas que pretende alugar.
Pelo andar da carruagem, já todos entenderam que este ano não haverá corridas no Campo Pequeno. Primeiro, porque a vontade dos novos empresários da praça nunca foi muita. Segundo porque a crise da pandemia atrasou tudo, já deu cabo da primeira metade da temporada em todas as praças e a data de recomeço da actividade continua ainda a ser uma incógnita.
À gestão das seis corridas de 2020 no Campo Pequeno falou-se na candidatura de vários empresários, tendo pelo menos dois chegado mesmo a entregar as suas propostas antes da data inicialmente agendada para o términus da entrega de candidaturas (22 de Março).
A pandemia virou tudo do avesso. O concurso já foi adiado por duas vezes e agora estamos à espera que termine o Estado de Calamidade. Resta saber se Covões manterá a intenção de levar o concurso por diante, mesmo que não se realizem já corridas este ano. Adiantava serviço e tempo e pelo menos ficava já com um vencedor eleito para realizar as touradas em 2021.
Falta saber o que acontecerá em relação ao caderno de encargos, que deixa de fazer sentido nas formas em que foi elaborado. Há que reajustá-lo ao momento actual e só depois promover novo concurso.
Há empresários/concorrentes que consideram que com os actuais encargos do caderno e na sequência da crise que se vive, não valerá sequer a pena concorrer. Há outros que acreditam que o caderno será reformulado e se assim for manterão a intenção de concorrer. E ainda há dias um poderoso empresário que se dizia estar por detrás de uma das mais fortes candidaturas disse ao "Farpas" que nunca se meteria "nessa aventura" se o contrato para a promoção de corridas de toiros não fosse "pelo menos por cinco anos". "Por um só, não interessa e não tem viabilidade nenhuma", considerou, desmentindo os rumores que correram e o davam como principal investidor e patrocinador da candidatura de um conhecido empresário.
Esperar é a palavra de ordem. Para já continua ainda tudo de pernas para o ar. E sem prazo definido para se voltar a endireitar.
Fotos M. Alvarenga