Miguel Alvarenga - Continuam estes dias parvos, todos (nem todos...) fechados em casa e sem ver "a banda passar cantando coisas de amor". Os dias repetem-se, iguais uns aos outros. E as redes sociais enchem-se de mensagens de sentimentos e pêsames. Morreu este e aquele, mais aquela e o outro. Dizem que a pandemia já matou mais portugueses que a Guerra do Ultramar. E mais morrerão. isto não está para brincadeiras e todo o cuidado é pouco.
Chegaram hoje a Portugal e vão para o Hospital da Luz sete médicos, enfermeiros e aparelhagem da Alemanha. Leio muita estupidez nas redes sociais, não li ainda nenhum agradecimento aos alemães por nos terem vindo ajudar. Portugal parece hoje a Itália e a Espanha nos primeiros meses da pandemia. Somos agora o pior país do mundo no que à covid diz respeito, depois de já termos sido o exemplo, o milagre. Alguma coisa falhou para que chegássemos aqui...
No reino da Tauromaquia, continuam as lágrimas, a dor e o luto. Poucos dias depois da morte de José Júlio, perdemos ontem Simão Comenda, outra referência incontornável da nossa Festa. Vai-se aos poucos o que restava dessa geração-outra que deu carisma e glamour ao mundo tauromáquico.
As minhas voltas têm sido curtas e cheias de cautela. Ontem de manhã fui com a Yellow Vespa à Old Scooter, a Marvila, a melhor oficina de Vespas de Lisboa (aconselho a todos os Vespistas), para substituir uma peça que estava em falta desde que há duas semanas ali a tinha levado à revisão. Agora está como nova e a trabalhar que nem um relógio suíço!
Hoje dei uma volta pela Avenida de Roma, Avenida João XXI, Praça de Londres, bairro do Liceu Filipa de Lencastre, Avenida da República. Tudo fechado. Apenas aberta a Livraria Barata (agora Fnac) da Av. Roma. Passagem pela "Sinfonia", loja histórica, pelo Centro Comercial Roma, que se chamava "Tutti Mundi" (lembram-se?) e foi o terceiro drugstore (antigamente não se chamavam centros comerciais) a abrir em Portugal nos anos 60. Havia um outro em Lisboa, na Avenida da Liberdade, e outro no Porto. Depois veio o "Apollo 70", mais tarde o "Imaviz", depois o "Amoreiras", etc. O Centro Roma vai fechar no final de Março, li há dias nos jornais. Pena. Mais um espaço com História que desaparece. Depois de também ter desaparecido o emblemático Cinema Londres, agora uma loja chinesa, por onde hoje também passei com - saudade (está aí a foto em baixo).
Há gente nas ruas. A fazer o quê não sei. Devem ter pensado o mesmo de mim. E muitos carros a circular. Hoje havia alguns polícias aqui a rondar pelo jardim do Campo Pequeno. Mera rotina, presumo. Sem abordarem nenhum transeunte.
Faltam os restaurantes. Faltam os cafés. Tudo fechado. Uma tristeza. Lisboa confinada. Mais ou menos. Mas agora menos viva e muito menos alegre.
Deixo algumas fotos da ida de ontem a Marvila. A estação de comboios, por exemplo, onde só vi um gato. E da voltinha de hoje. Pelos sítios que acima referi.
Mais logo voltamos a homenagear Simão Comenda - com mais fotos da sua vida, do seu percurso, que entretanto me fizeram chegar. Nunca é demais lembrar uma figura tão querida e tão carismática da nossa Festa.
Fotos M. Alvarenga