Miguel Alvarenga - O Jorge (Bento Cordeiro) não era toureiro, nunca foi, mas foi irmão de um toureiro, o Rui Bento. E por isso viveu o toureio. Com paixão, com entusiasmo, como se fosse um deles. E era um ser humano incrível, um Homem bom, com uma dose de loucura adiantadíssima, mas sã, engraçada. Bom marido, bom pai, bom irmão, bom filho.
Recordá-lo-ei sempre - e escrevo sempre a mesma história - naqueles dias em que chegava de Espanha, das corridas do Rui, quando desembarcava em Santa Apolónia e me aparecia, manhã cedo, no jornal "O Título", carregado de recortes de jornais, de fotografias - e de ilusões. Vinha contar os êxitos do fim-de-semana do Rui, que nunca perdia, a que estava sempre presente. Depois almoçávamos na tasca que havia mesmo por baixo do jornal. E ríamos. E falávamos. E ouvia-o, atento, a falar apaixonadamente de toiros.
Partiu há três anos, depois de uma digna e longa luta contra essa doença que não perdoa, quanto tinha apenas 63 anos. Foi um Homem que amou a vida e tudo o que o rodeava. Tenho saudades. E recordá-lo-ei sempre neste dia - e nos outros. Era um Amigo de verdade.
Descansa em paz, Jorge.
Foto M. Alvarenga