quarta-feira, 23 de março de 2022

No 75º aniversário da alternativa de Diamantino Vizeu, neto do nosso primeiro matador lamenta ausência de homenagens a quem "abriu as portas da glória e da fortuna aos toureiros portugueses"

No dia em que se comemora o 75º aniversário da alternativa daquele que foi o primeiro matador de toiros de Portugal, o saudoso Diamantino Vizeu, o seu neto, o também matador Mário Vizeu Coelho (na foto de baixo, que é filho do famoso e também já falecido Mário Coelho) expressa na sua página da rede social Facebook o seu "profundo desagrado e indignação" pelo facto de "os responsáveis (e anti-taurinos) da primeira praça do país (Campo Pequeno) não terem uma data digna para a realização de uma merecida homenagem a uma grande figura do toureio, à sua trajectória e ao legado que o meu Avô deixou neste país e além-fronteiras", recordando que "alguém escreveu que ele abriu as portas da glória e da fortuna aos toureiros portugueses".

Diamantino Francisco Martins Viseu não tinha qualquer relação com o mundo do toureio até ao dia em que conheceu um amigo que frequentava a Escola de Toureio de Júlio Procópio em Lisboa e se começou a entusiasmar pela arte de Montes.


As primeiras vacas toureou-as na antiga Feira Popular de Lisboa, onde hoje são os jardins da Gulbenkian. E depois de conhecer o bandarilheiro Puntaré, espanhol, rumou ao país vizinho e debutou no ano de 1944 como novilheiro em Toledo.


Teve em Portugal uma primeira apresentação, mal sucedida, na antiga praça de Santarém, mas em 1945 conseguiu o seu primeiro êxito notável na praça "Palha Blanco" de Vila Franca de Xira, onde alternava com o célebre Cayetano Ordoñez "Niño de la Palma".


O Grupo Tauromáquico "Sector 1" criou então um movimento de apoio à primeira estrela do nosso toureio a pé para que ele se apresentasse na Real Maestranza de Sevilha numa novilhada com picadores, o que veio a acontecer na Feira de Abril de 1946, onde cortou uma orelha.


E a 23 de Março de 1947, cumprem-se hoje 75 anos, tomou finalmente a alternativa na Monumental de Barcelona, sendo seu padrinho Francisco Vega de los Reyes "Gitanillo de Triana" e suas testemunhas Agustín Parra "Parrita" e António Bienvenida. "Comerciante" era o nome do toiro então lidado pelo primeiro matador de toiros português e pertencia à ganadaria de Juliana Calvo Albasserrada. Diamantino Vizeu tinha então 24 anos.


Confirmou a alternativa em Las Ventas, Madrid, a 15 de Julho do mesmo ano, das mãos de Pepe Bienvenida e também ainda nesse ano, a 21 de Dezembro, apresentou-se na praça El Toreo da cidade do México, país onde gozou de imensa popularidade.


Em Portugal, formou com Manuel dos Santos a mais célebre parelha do nosso toureio a pé. Em 1958 protagonizou o filme "Sangue Toureiro" contracenando com Amália Rodrigues.


Diamantino Vizeu retirou-se das arenas na praça do Campo Pequeno a 24 de Agosto de 1972, publicou as suas Memórias em 1993 e outro dos seus maiores feitos foi ter fundado o Fundo de Assistência dos Toureiros Portugueses.


Morreu a 12 de Fevereiro de 2001, vítima de atropelamento na lisboeta Avenida de Berna, muito perto da praça de toiros do Campo Pequeno, quando vinha de visitar seu irmão que se encontrava internado no Hospital Curry Cabral.


Diamantino Viseu era avô do também matador de toiros Mário Vizeu Coelho, hoje a viver em Espanha, fruto do casamento de sua filha Verónica com o também matador de toiros Mário Coelho, que morreu em Julho de 2020 vítima de covid-19.


Fotos D.R. e Califaa/Mário Viseu Coelho/Facebook