Jornalista e presidente do Directório da Real Tertúlia Tauromáquica D. Miguel I, Manuel Andrade Guerra endereçou ao presidente da Câmara de Tavira, Macário Correia, a carta que a seguir, e com a devida vénia, publicamos na íntegra. Um documento importante, a destoar da habitual e costumeira inércia com que os aficionados reagem às medidas tomadas contra a Festa e também, como é o caso, a atitudes louváveis e dignas do nosso maior aplauso.
Meu Caro Presidente
Vivemos, a todos os níveis, um período histórico de confusão de valores, em que diariamente se fabricam ídolos de pés de barro e impera uma desenfreada cultura assente essencialmente no "marketing" sem regras, perturbando despudoradamente os menos preparados, enquanto permite alcandorar a posições de destaque indivíduos desprovidos de mérito quando não protagonistas de atitudes condenáveis.
Perante tal situação, não é demais realçar a serenidade, a coragem dos espíritos esclarecidos que, graças a Deus, ainda não se afundaram na filosofia de esterco, denominada "politicamente correcto". Endereço-lhe, assim, incondicionais felicitações pela posição assumida recentemente face às pressões e impropérios canalizados por via electrónica repetitiva, carente de representatividade, de um grupelho autodenominado "animal" contra a celebração em Tavira de uma corrida de toiros (espectáculo tutelado pelo Ministério da Cultura), o que claramente revela as opções dos seus escassos membros: prioridade aos valores animalescos sobre os ensinamentos do Humanismo.
Aliás, não me surpreende a sua atitude, pois bem recordo outros momentos de polémica - que mandei dar à estampa quando eu desempenhava funções na Direcção do "Correio da Manhã" - em que assumiu com igual desassombro posições de defesa dos fumadores passivos, aguentando como os toureiros investidas mal intencionadas e até ofensas pessoais para, afinal, uma dúzia de anos mais tarde, vermos aprovada uma lei anti-fumadores, fundamentalista e muito mais radical do que as suas razoáveis propostas.
Não pretendo roubar-lhe mais tempo, apenas reiterar a minha plena concordância com o seu alinhamento com aqueles que, gostando ou não de touros, consideram a Tradição Nacional algo de precioso, que importa defender nestes tempos conturbados.
Tavira ficará ainda mais atraente com a celebração de espectáculos tauromáquicos, que invariavelmente mobilizam, nas estâncias turísticas de todo o Mundo, uma multidão de forasteiros para além dos aficionados locais.
Portugal necessita de mais políticos que saibam ser coerentes e pugnar pela identidade do País.
Calorosos cumprimentos
Manuel Andrade Guerra
Foto Emílio