Inez Dentinho acaba de publicar este texto, intitulado "Morrer pelos outros", que aqui transcrevemos com a devida vénia, no blog "Geração de 60", onde tece algumas críticas à falta de assistência a José Maria Cortes em Alcácer, na madrugada de domingo, depois de ter sido barbaramente esfaqueado no coração, afirmando mesmo que o caso merece a abertura de um inquérito:
José Maria Cortes foi morto à facada
quando tentava assistir um amigo no chão, vítima de dois golpes da mesma arma,
dados por um desordeiro na madrugada de uma feira bem regada.
Era casado, geria uma cadeia
empresarial, jogava rugby e liderava dezenas de rapazes que pegam toiros no
Grupo de Forcados Amadores de Montemor-o-Novo. Era um exemplo de rectidão, de
coragem e de condução de homens. Por isso atendeu a quem estava caído. Por isso
morreu.
A demora dos bombeiros e das Forças de
Segurança e a inactividade do Centro de Saúde de Alcácer nas primeiras duas
horas de assistência devem ser objecto de inquéritos para apurar todas as
responsabilidades desta tragédia. Vergonhosa foi, também, a cobertura
televisiva inicial, sugerindo que a rixa da feira se travara entre grupos de
forcados armados. É não conhecer quem pega toiros.
José Maria estava habituado a enfrentar
de caras toiros bravos de 600 kg. Não estava preparado para homens cobardes
armados nas suas costas.
Paz à sua alma. À Família, o consolo
impossível.
Inez Dentinho
Foto D.R./@Francisco Romeiras