segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

Salgueiro da Costa: "Por vezes, a minha seriedade prejudica-me..."

Fernando de Andrade Salgueiro, ladeado por Francisco Núncio e Manuel Andrade Guerra, quando ontem
lia no Restaurante "Solmar"  a mensagem de seu neto, o jovem cavaleiro praticante João Salgueiro da Costa


Ausente ontem no almoço de Natal da Real Tertúlia D. Miguel I, no Restaurante "Solmar", em Lisboa, por estar ainda em recuperação de recente operação ao joelho, o cavaleiro praticante João Salgueiro da Costa (foto ao lado) - evocado por Andrade Guerra, presidente do Diectório, como um dos cinco "injustiçados" nesta temporada de 2014, enviou o texto que a seguir publicamos na íntegra e que foi lido por seu Avô, o também cavaleiro tauromáquico Fernando de Andrade Salgueiro:


É com muita pena que não estou presente, mas a recente cirurgia ao joelho não me permite estar neste almoço. É sempre uma honra ser convidado por essa tertúlia, os valores e a verdade que trazem à Festa estão cada vez mais em vias de extinção, e como cavaleiro praticante só posso agradecer o contributo prestado fazendo uma retrospectiva da minha carreira.
Houve maus e bons momentos, e responsabilizo-me pelos dois. Tenho sido algo irregular e tenho sofrido as consequências disso.
Porém já tive lides de grande nível que a meu ver deveriam ter tido mais repercussão. Admito que para as empresas sou ainda um risco, daí talvez ter menos contratos do que os que gostaria, mas fica a certeza de que cada vez que entro em praça, é com a intenção de tourear com a máxima verdade, emoção e pureza.
Eu sei que por vezes a minha seriedade me prejudica. Fui este ano criticado pela questão das voltas à arena no final da lide. Fizeram soar a antipatia o que se trata de respeito pelo público.
Se o público não pede a volta, eu não a posso dar. Também já me chamaram arrogante por pedir um aumento de cachet depois de ter sido triunfador da temporada.
Não se trata de quantias exorbitantes, trata-se do toureio ser a única e total actividade e eu depender dela.
Penso que é compreensível que ambicione ganhar cachets que consigam suportar os custos da minha profissão, não sou arrogante por estar consciente do meu triunfo quando ele aparece, pois também me responsabilizo sempre pelos meus fracassos. Quando fracasso a culpa não é do toiro, não é do piso nem é do empresário. Quando triunfo também não.
Para terminar agradeço ao meu avô a leituras destas palavras, não haveria melhor pessoa para transmitir esta mensagem, já que o toureiro que tento ser se deve aos ensinamentos de toda a dinastia.
Bom Natal.

João Salgueiro da Costa

Fotos Fernando Clemente/www.parartemplarmandar.com, M. Alvarenga e Emílio de Jesus/Arquivo