Vitor Ribeiro nos seus tempos de cavaleiro tauromáquico. No Porto Brandão (Almada), onde vivia e onde ocorreu o homicídio, era conhecido por "Vitor Toureiro" |
Foi aqui que ocorreu o crime. Na foto pequena, António Ribeiro, a vítima. Tinha 20 anos |
Vitor Ribeiro tomou a alternativa no Campo Pequeno em 1968. Apesar de excelente equitador, nunca chegou a ser figura do toureio. Em baixo, numa foto recente |
O antigo cavaleiro tauromáquico Vitor Ribeiro (numa foto recente, ao lado), há largos anos afastado das arenas, foi preso na passada quarta-feira, acusado do homicídio de um inquilino que terá abatido a tiros de caçadeira. A notícia chocou o meio taurino e foi dada na quinta-feira pelo jornal "Correio da Manhã" (recorte da primeira página à esquerda) que, no entanto, identificava apenas o cavaleiro como Vitor "Toureiro", já que assim era comhecido na localidade de Porto Brandão, Almada, onde o crime ocorreu.
Vitor Ribeiro, pai do também cavaleiro tauromáquico do mesmo nome (com quem estava de relações cortadas há quinze anos), andaria "completamente transtornado", segundo o relato de uma vizinha ao "CM", depois de "nos últimos tempos as Finanças lhe terem levado quase tudo por causa das dívidas". "Para lá de algumas casas, até o carro foi arrestado", contou a referida vizinha, de nome Ilda Lourenço.
A vítima mortal foi António Ribeiro, pescador, de 20 anos, que vivia com a namorada numa casa do antigo toureiro.
Segundo o "Correio da Manhã", era Vitor Ribeiro quem recebia a correspondência do jovem pescador e na quarta-feira terá chegado o cheque com o Rendimento Social de Inserção, no valor de 180 euros. António Ribeiro foi ter com o senhorio, ainda segundo o relato do "CM" e pediu-lhe o envelope, mas a resposta de Vitor Ribeiro foi negativa. "Ou te vais embora ou mato-te", terá dito.
"O jovem insistiu e o proprietário da casa entrou na habitação. Voltou segundos depois com uma caçadeira e, sem dizer uma palavra, disparou a poucos centímetros da vítima. António foi atingido no peito e morreu a caminho do hospital" - escreve o "CM".
A vizinha Ilda Loutenço contou ao jornal: "Acertou-lhe em cheio. O miúdo não teve qualquer hipótese. Quando me aproximei dele já estava a revirar os olhos. Vi logo que não ia sobreviver".
Amigos da vítima contaram ao "CM" que antes do disparo fatal, António e a namorada tinham ligado para a GNR. "Queriam a intervenção da Guarda para obrigar Vitor a entregar o cheque da Segurança Social", relata o jornal. Segundo Paulo Carvalho contou ao "CM", a chamada foi feita a partir do telemóvel de um amigo da vítima, num café em frente ao local do homicídio.
Após o disparo, conta o "CM", Vitor Ribeiro voltou para dentro de casa e aguardou pela chegada da GNR, que o deteve "apesar de alguma resistência". Às autoridades, Vitor Ribeiro terá dito que agiu em legítima defesa quando foi ameaçado com uma barra de ferro e depois de a vítima ter entrado em sua casa, mas as testemuhas do crime garantiram ao jornal que o jovem foi atingido quando "estava sentado à porta".
Ao "Farpas", o apoderado do cavaleiro Vitor Ribeiro (filho), Carlos Empis, lamentou o ocorrido e salientou que o próprio toureiro "está chocado" com tudo isto e teme que a sua imagem possa vir a ser prejudicada, mas lembrou que o "Mavita" (como é conhecido entre os amigos) "não falava com o pai há mais de quinze anos".
Vitor Luis Ramos Ribeiro, de seu nome completo, de 65 anos, nasceu na Cova da Piedade em 25 de Abril de 1950 e estreou-se nas arenas em 1962, com apenas 12 anos de idade. Tomou a alternativa na praça do Campo Pequeno em 28 de Abril de 1968, tendo por padrinho Mestre David Ribeiro Telles e por testemunhas os espadas Ricardo Chibanga e Manuel Valente, lidando toiros de Manuel César Rodrigues. Ao longo da sua não muito longínqua carreira, toureou não apenas em Portugal, mas também em Espanha e França e em corridas realizadas em Angola e em Macau. Afastou-se das arenas e praticamente do meio taurino há já alguns anos e sobretudo desde que cortou relações com o filho. Excelente equitador, trabalhou há poucos anos como mestre do jovem cavaleiro João Maria Branco, mas hoje vivia totalmente afastado do mundo taurino.
Fotos D.R., "Correio da Manhã", C. Brito/Arquivo e Henrique de Carvalho Dias